
Está concluído o primeiro semestre de Gondomar – Cidade Europeia do Desporto 2017 (CED). No total, foram concretizados 204 eventos que envolveram 41 modalidades e mais de 56 mil participantes. Ao Vivacidade, Sandra Almeida, vereadora do Desporto da Câmara Municipal de Gondomar, considera a CED “uma aposta ganha para Gondomar e para os gondomarenses”.
Fechou recentemente o primeiro semestre da Cidade Europeia do Desporto, período em que se realizaram 204 eventos inseridos na programação oficial de Gondomar. Que eventos destacaria? Entre o primeiro trimestre e o segundo ocorreram, efetivamente, os grandes eventos. Tivemos quatro Taças de Portugal e uma Taça da Liga, embora a grande surpresa tenha sido o Europeu de Masters de Andebol. Foi um evento que cumpriu todos os objetivos e requisitos no plano da Cidade Europeia do Desporto: promover o território, desenvolvimento económico e também fomentar a vertente turística. Internacionalizou Gondomar.
Apesar de não termos hotelaria, este evento foi o que menos nos afetou nesse domínio. Garantimos “transfers” dos hotéis de Gaia e do Porto. Além disso, os atletas alugaram veículos e, de forma autónoma, vinham para Gondomar de manhã e só regressavam aos hóteis à noite. A alegria que eles passaram foi grande, fizeram amizades e mexeram com a economia local e com os gondomarenses. Por isso, identifico este evento como o mais marcante no que respeita à dinamização da CED.
A ausência do Benfica na Taça de Portugal de Hóquei em Patins trouxe prejuízos para o Município? O grande prejuízo foi o próprio evento. Foi um evento que estava a ser organizado há mais de um mês e não ter os dois grandes clubes [Porto e Benfica] no mesmo evento, desde logo desmotivou o público. O evento ficou a perder, a modalidade ficou a perder e a CED ficou a perder.
Ainda assim, posso referir que o Município não teve encargos com este evento porque não fizemos o pagamento. Obviamente tivemos os encargos de logística, mas não tivemos prejuízo. Íamos pagar o montante referente às transmissões televisivas, mas não o chegamos a fazer, porque ia ser assinado naquela tarde em que tivemos conhecimento da ausência do SL Benfica. De qualquer forma, tivemos que assegurar aquele “jogo fantasma” e a modalidade ficou a perder.
As Federações dessas modalidades têm valorizado a organização dos eventos? Para orgulho nosso, todas as federações e associações têm referenciado Gondomar. Isso traduz-se num reconhecimento pelo bom desempenho que temos tido e pela forma como recebemos. Nesse campo, Gondomar tem feito a diferença e isso é muito gratificante para quem está a trabalhar 24 horas por dia na CED.
Refere-se aos voluntários... Que são cerca de 500. Os voluntários são parte muito importante do nosso sucesso e nunca nos pediram nada em troca. Posso dizer que são muito responsáveis e nós temos sempre a preocupação de melhorar-lhes as condições.
Temos uma trilogia que tem sido fundamental para o sucesso da CED: a Câmara Municipal de Gondomar, o associativismo local e os voluntários. As associações apresentaram-nos propostas fantásticas, todas elas com grande responsabilidade e muito empenho. Procuraram responder ao repto lançado por nós nas questões do “desporto ao ar livre” e “desporto para todos”. Foram feitas caminhadas à descoberta nas sete freguesias, com 500 participantes, sendo as inscrições completamente gratuitas.
Quantas modalidades já foram integradas na CED? No primeiro semestre foram cobertas 41 modalidades. Obviamente não conseguimos cobrir todas. Umas por falta de logística, outras porque têm um encargo financeiro que já não conseguimos cobrir. Tivemos, por exemplo, a proposta do hóquei em campo, em que o Complexo Desportivo de Valbom era o campo ideal, mas depois chegou-se à conclusão que por ser um relvado sintético a bola não rolaria tão bem, o que impediu a concretização do evento.
Só nos primeiros seis meses, com 204 eventos realizados, já somos a CED com mais eventos de sempre.
Olhando para trás, teria feito alguma coisa diferente? Foi a primeira vez que fomos CED e, por isso, há sempre coisas a melhorar. Custou a arrancar, mas no final do primeiro trimestre, posso dizer que as coisas já estavam equilibradas. A própria equipa já tinha mais confiança no que estava a fazer.
O fator decisivo para que tudo corra bem é trabalhar muito e só nos falta dormir nos equipamentos [risos]. Trabalhou-se mesmo muito. Não houve nada que não tivesse sido realizado por falta de trabalho.
Que retorno teve, até ao momento, a CED para Gondomar? Um grande retorno. Começa pelo orgulho de sermos CED. Os gondomarenses, pela maneira como participam nos eventos, mostram-se orgulhosos com esse estatuto.
É também visível que se começou a praticar mais desporto no concelho e ficaremos para a história como CED 2017. Não podemos esquecer que há aqui um trabalho de futuro, um projeto de sustentabilidade da CED, para que o desenvolvimento do desporto continue.
E a nível financeiro? É difícil avaliar porque, normalmente, esse retorno financeiro verifica-se através do alojamento e das refeições. Já contactamos a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto para realizar um estudo sobre o impacto da CED em Gondomar. Esse estudo vai incluir também uma análise do impacto financeiro. Para isso vamos ter a colaboração do comércio local, multibanco e alguns inquéritos feitos à população. Podia dizer-vos um número para ficar bonito, mas não tenho suporte técnico nem científico para destacar isso.
O que mais nos custa fazer é contratualizar com hotéis que não são do Município, embora seja necessário, pois não existe plano B. Contudo, notamos que todos os hotéis querem colaborar com a CED.
Foi recentemente reinaugurado o Pavilhão Municipal de Fânzeres. O equipamento será um reforço para o segundo semestre de programação? Sabemos que nem todos os eventos se adequam ao Multiusos de Gondomar, daí ter-se investido numa reabilitação do Pavilhão Municipal de Fânzeres, que será um mini Multiusos. Posso garantir que o Pavilhão de Fânzeres vai entrar em cena já em setembro, ao serviço da CED.
Temos apostado na requalificação faseada dos equipamentos desportivos. O de Pavilhão de Valbom também está pronto e o de Baguim do Monte está a ser intervencionado. Não podemos direcionar eventos só para o Multiusos.
Não referiu o Complexo Desportivo do SC Rio Tinto. Como se encontra esse processo? O compromisso está assumido. Em termos de palavra dada, a Câmara Municipal já disse que irá terminar o Complexo Desportivo do SC Rio Tinto.
Neste momento aguardamos o parecer positivo do Instituto Português do Desporto e Juventude. Estamos perante uma questão de prazos administrativos, mas não posso avançar com datas.
Em suma, faz um balanço positivo da CED? Sem dúvida, é uma aposta ganha para Gondomar e para os gondomarenses.
No que diz respeito ao segundo semestre, pode adiantar-nos novidades? A Volta a Portugal foi o grande evento do segundo semestre da CED e também já tivemos a Volta a Portugal de Cadetes, que terminou no Monte Crasto.
Pela dimensão que tem, a 79ª edição da Volta é a prova de destaque para esta nova fase da CED, sendo que o desporto para todos e o desporto ao ar livre são os nossos grandes compromissos para o segundo semestre de programação. Ambicionamos realizar algumas provas de rua, caminhadas, envolver e despertar a vontade das pessoas em realizar atividade física no exterior. É isso que está previsto até ao final do ano, contando com mais trails, caminhadas e corridas, que estão na moda e vieram para ficar.
Os embaixadores têm estado envolvidos nas iniciativas? Fundamentalmente, temos pedido aos embaixadores para realizarem algumas entrevistas, workshops, visitas às casas da juventude e que participem nos eventos das modalidades que representam.
São sempre testemunhos importantes que transmitem a vertente desportiva e a vertente humana e, por isso, temos insistido muito com eles para transmitirem as suas ideias e catapultar a atenção dos jovens.