Concelho de Gondomar Destaque Sociedade

Marco Martins suspendeu mandato a 31 de Janeiro

Marco Martins suspendeu mandato na Câmara Municipal de Gondomar, a 31 de Janeiro, para presidir de forma integral a Transportes Metropolitanos do Porto – TMP. Estivemos à conversa com o autarca gondomarense para fazer um balanço destes quase doze anos à frente do Município.

A poucos dias de suspender o mandato à frente do Município gondomarense a palavra “saudade” já se aplica?
Vou suspender o mandato, para não falhar com os gondomarenses. Obviamente que terei saudades, estamos a falar de algo que faço há 19 anos. Desde os 26 anos que me dedico a isto. Naturalmente vai-me custar. Não vou “desligar” totalmente, estarei aqui para apoiar o Executivo e o Luís Filipe Araújo, no que for necessário. 

Por quanto tempo será a suspensão?
Para já é mensal. Não tenho pretensão de voltar às funções executivas, mas não é uma porta que está fechada. 

Afirmou que suspende o mandato para não falhar com os gondomarenses, não sente que esta decisão pode ser prejudicial para quem assume o seu lugar?
Acho que será uma mais-valia. Estou para ajudar e apoiar. Esse é o desejo dos gondomarenses e do Luís Filipe Araújo. Obviamente a minha presença não é uma sombra é uma mais-valia para acompanhar projetos, processos e transitar dossiês. Não é um corte. É uma transição pacifica a honrar os compromissos com os gondomarenses, que para mim é fundamental. 

Na primeira entrevista, na altura da tomada de posse do primeiro mandato em 2013, dizia que: “era importante estabelecer ligação entre os eleitos e os eleitores e haver transparência na Câmara”, sente que isso foi conseguido? 
Completamente. Se há uma coisa que este Executivo tem é proximidade, estar presente nos bons e maus momentos, não só nos incêndios ou nas cheias, mas no dia-a-dia. Quanto à transparência a forma como governamos, a proximidade, as reuniões realizadas nas freguesias, a proximidade com os presidentes de junta, e, obviamente, a relação com as instituições. A Câmara era réu em mais de 400 processos, hoje são menos de 50, sendo que a maior parte é resultado de expropriações. Porque quando construímos uma via nova e quando não há acordo há um processo de expropriação, grande parte da litigância que temos é desta índole. Mudamos a imagem do concelho, quer internamente quer externamente. Porque um dos objetivos principais até com a mudança do logotipo foi reafirmar Gondomar. Gondomar passou a ser respeitado e tem projeção política que nunca teve. Nunca houve tanta representatividade a nível exterior. Antigamente, quando se falava de Gondomar nas televisões a imagem que aparecia de fundo era um tribunal e isso desapareceu. Gondomar não se resume ao tribunal e isso agora mudou, quando se fala do nosso concelho fala-se do Douro, da Filigrana, dos Parques Urbanos e era esse o objetivo. 

As situações mais reclamadas pelos gondomarenses, como a questão dos lixos nas ruas, por exemplo, sente que as delegações das competências para as Juntas de Freguesia estão a solucionar os problemas?Sim. Em 2022 foi uma aposta ganha. Não o fizemos antes porque havia um contrato com a Rede Ambiente que terminou nessa altura, em que a empresa estava com a varredura e que foi passado para as Juntas de Freguesia. Isso é uma inovação. No que respeita à recolha de resíduos temos pressionado a nível de fiscalização para que seja cumprido o que está previsto, pela Rede Ambiente. Melhoramos muito: na gestão do dia-a-dia, na limpeza e recolha, nos equipamentos, hoje há mais 700 ecopontos.

E a questão ambiental?
Muito melhor, senão vejamos: resolvemos o problema do Rio Tinto, do Rio Torto, do Rio Ferreira na parte montante. Resolvemos o passivo ambiental de São Pedro da Cova, posso mesmo afirmar que conseguimos solucionar um dos maiores atentados ambientais que os São Pedrenses foram vítimas. Evoluímos muito nas energias, nos novos autocarros, grande parte são elétricos e têm emissões de CO2 muito menores. 

Durante o seu mandato, passou por situações complicadas, como os incêndios de 2016, 2017, o último em 2024, e uma pandemia.  Esta foi o momento mais difícil que teve de enfrentar? 
Direi que sim. Gondomar sofreu muito. Foi dos municípios mais afetados. Eu sofri muito porque além de ser responsável da Câmara Municipal de Gondomar ainda tinha a responsabilidade da Comissão distrital. Era o único no país que tinha competências delegadas pelo governo. Fizemos um trabalho extraordinário, com o confinamento, com os testes, a vacinação, em articulação com a GNR e a PSP. Foram momentos de pânico. Nós, em conjunto com as equipas das Juntas de Freguesia e dos ACES fizemos um trabalho notável, que Gondomar se pode orgulhar. Os incêndios de 2024 foram agravados porque, pela primeira vez na história, não tivemos reforços nem a nível aéreo nem a nível terrestre. 

Além das questões na saúde pública e dos incêndios, a chegada dos refugiados da Ucrânia a Gondomar, foi, também, um momento marcante no seu percurso?
Verdade. Embora com uma dimensão menor em termos de duração foi igualmente um momento muito, muito, complicado. Em três dias pusemos o espaço impecável para a sua chegada. Esperemos que nunca seja necessário fazer isso por mais ninguém na Terra. A solidariedade das pessoas é extraordinária, em poucos dias conseguimos arranjar toneladas de alimentos que fizemos chegar à Ucrânia. Mostra também o coração dos gondomarenses que à semelhança do que haviam feito na altura dos incêndios doaram toneladas e toneladas de alimentos. 

O Município investiu na criação do Centro de Saúde Brás-Oleiro e na Requalificação e amplificação da Unidade de Saúde de S.Cosme, que tem um investimento superior a 3 milhões e o outro 2,8 milhões de euros respetivamente. São os maiores investimentos do Município na área da saúde?
São os dois grandes investimentos a nível de saúde, só temos há dois anos esta competência. Fizemos obras em nove centros de saúde, que perfaz um total de nove milhões de euros, grande parte pelo PRR.

Em relação às forças de segurança, como se encontram atualmente? O CMOS foi uma mais-valia para o concelho?
Para melhorar as suas condições fizemos um novo posto da GNR em Fânzeres e em Medas. A Polícia Municipal tinha 11 elementos, conseguimos reforçar, hoje tem cerca de 60 agentes e fizemos novas instalações no Gold Park. É hoje um pilar de apoio à GNR e à PSP no terreno. Nos bombeiros, o CMOS, é o centro de despacho de meios de referência a nível nacional. Foram feitas 4995 ativações de corpos de bombeiros automáticas fora da sua área. Só isto faz a diferença, são 2/3 minutos, mas que na maior parte das vezes pode ser verdadeiramente importante. Foi uma aposta ganha e aumentou a disponibilidade dos bombeiros. Ainda aumentamos 57% de apoio às cinco corporações de Gondomar, mais do dobro do que era. Ainda há coisas a fazer, mas de forma geral a segurança em Gondomar está estável. 

A nível de obras conseguiu concretizar todas as que se propôs? A não chegada do metro a São Cosme é uma das coisas que falta concretizar. Como vê esta questão?
Com pena de não ver concretizada a obra, mas com a garantia que não vai voltar atrás. Não podemos de deixar de realçar que o facto de em 2017 mudarmos o traçado foi o que permitiu esta realização, porque se tivéssemos mantido o inicial seria recusado por ser deficitário. Será um trajeto direto, terá um destino para Gondomar, como já existe o de Fânzeres, quando no projeto inicial teria de haver transbordo em Campanhã. Tudo indica que ainda este ano será feito o concurso para a empreitada e será adjudicado, acredito que em 2026 a obra no terreno poderá começar. Há, também, um conjunto de grandes obras que já estão planeadas, como o Fórum Cultural de Rio Tinto, Pavilhão Desportivo Municipal de Rio Tinto, Parque Urbano de Baguim, Vias estruturantes que não estão concluídas, o slide da Lomba, o prolongamento Pólis até a Marecos. Investimos cerca de 250 milhões de euros em obras nestes 11 anos e meio. 

A rede de parques urbanos, é sem dúvida, um dos principais investimentos dos seus mandatos, é algo que se orgulha?
Sim, é algo que me deixa muito orgulhoso, porque as famílias têm onde ir ao fim-de-semana ou ao fim do dia. Antigamente tinham de ir ao parque da cidade do Porto ou para a marginal. Fez a diferença não só na resposta às pessoas como no centro das cidades, tornam-se centros com vida! É a favor do território. Atraiu gente para Gondomar. Orgulho-me muito. 

Como estão as condições das escolas em Gondomar?
Retiramos o amianto das Escolas primárias e Jardins de Infância em Gondomar. Depois começamos a requalificar. Requalificamos, EB1, EB23 e JI. Foram 60 das 108 existentes em Gondomar. Faltam as secundárias de Valbom e São Pedro da Cova, que estamos à espera do parecer do Governo. 

A habitação é dos setores, além do ambiente, que haverá mais reclamações. Concorda?
Sim. É um problema genérico, não só em Gondomar. Quando entramos para a Câmara ainda tínhamos dividas anteriores que só ficarão colmatadas em 2026. E, ainda assim, fizemos requalificação dos prédios, em Melres, na Lomba, em Carreiros, nas Areias, em Baguim, em Valbom, São Pedro da Cova e em S.Cosme. O grande problema dos PER’S é que quando as pessoas saem nós temos de fazer obras de requalificação. Há uma coisa, a nível nacional até, que as pessoas não percebem é que a habitação social não é para a vida é uma resposta social de emergência, e quando a vida estabiliza continuam na habitação municipal. 

Herdou uma dívida de 162 ME. Qual é o valor atual? 
Neste momento está em 57 ME. Reduzimos mais de 100 ME e continuamos a investir. Consequência direta disso ficamos quase seis anos sem conseguir contratar pessoas, nem sequer conseguimos repor as que iam saindo, o envelhecimento dos quadros foi sendo cada vez mais notório. Muitos projetos ficaram na gaveta por manifesta falta de verba. Direi mesmo que os primeiros anos foram muito penosos porque não tínhamos capacidade endividamento. 

A água em Gondomar era das mais caras a nível nacional. Hoje em que ponto está?
Já não é. Atualmente já não estamos nos primeiros 100. 

Gondomar tem estado nas bocas dos melhores do mundo no Desporto. Após ter sido Cidade Europeia do Desporto em 2017 e continuamente continuar a investir em eventos que promovem o desporto no concelho. Isto mostra a importância do desporto para o concelho?  
Investimos muito nas coletividades e nas competições das modalidades até nas pouco visíveis. Ainda fizemos um investimento muito grande nas infraestruturas. Fizemos obras no Estádio Municipal de Valbom, nas piscinas de Rio Tinto, estamos a acabar as de Fânzeres, os Pavilhões estão a ser recuperados. Ajudamos muito clubes. Fizemos relvados sintéticos no Atlético de Rio Tinto, no Sport Clube de Rio Tinto, no Gondomar, no Sousense, no Melres e no Gens. Nas outras modalidades apoiamos o 5backet, o Naval, o Douro Canoa Clube, o Clube Náutico de Marecos e tantos e tantos outros. 

O seu núcleo duro praticamente manteve-se inalterado desde o ínicio. Isto mostra a união e o trabalho que tem sido feito ao longo destes doze anos?
Foi a única Câmara na AMP que não mudou de vereadores nem de chefe de gabinete. A única. Tem a ver com as relações que se criam e a confiança que se dá. Foi uma equipa muito unida, eu sou apenas o rosto. O trabalho é de todos. É importante recordar que os vereadores mal se conheciam, era eu o ponto de ligação entre todos. Foram quase doze anos de trabalho em conjunto.

Mudava alguma coisa?
Obviamente que olhando para trás há sempre alguma coisa a mudar. Mas tenho a certeza de que as decisões que tomei foram as melhores naquele momento. É melhor uma má decisão na altura do que uma não decisão. 

Qual o balanço que faz destes doze anos à frente da Câmara Municipal de Gondomar?
Quando concorri à Junta se tivesse perdido teria mais saúde, uma vida mais tranquila, tinha mais dinheiro (risos), mas não era tão feliz e nem tão realizado. Valeu a pena. Saio de consciência tranquila, de cabeça erguida e sobretudo feliz!

Qual o melhor e pior momento dos últimos doze anos?
Um dos piores foi quando o tribunal de contas nos reprovou o visto da EDP. O melhor quando inauguramos o primeiro Parque Urbano.

Que conselho quer deixar a Luís Filipe Araújo para estes sete meses que restam?
Quando tiverem um problema pensem “como é que o Marco faria?”, não sou melhor que os outros, longe disso, mas tenho mais experiência. Gostava que a linha de pensamento fosse a mesma. 

Que mensagem quer deixar aos gondomarenses?
Quero agradecer terem confiado em mim, sabendo que, nem sempre agradei a todos, mas tudo o que fiz pelo coletivo foi o melhor. Obrigado por me terem deixado fazer o que fiz pela minha terra. Dei o melhor de mim, continuarei por aí, sem fazer sombra a ninguém. 

Como gostaria de ser lembrado?
Por uma pessoa que deu o melhor de si quando teve oportunidade e fez o melhor que pôde para transformar o território. 

Últimas Notícias

Associação de Dadores de Sangue de Gondomar celebram 30 anos

7/02/2025

Associação Muralha Esperança vive do voluntariado

6/02/2025

Gabriela Teixeira recebe prémio de “Mulheres no automobilismo”

6/02/2025

PTLAPSE INAUGURA NOVAS INSTALAÇÕES

6/02/2025

CAMPEONATO NACIONAL DE REMO INDOOR ATRAIU CENTENAS DE VISITANTES A GONDOMAR

5/02/2025

Maria Olinda Moura é candidata pela CDU à Câmara de Gondomar

5/02/2025

“A verdade é que o Gens nos dá mais a nós, que nós ao Gens”

4/02/2025

XIV CAPÍTULO MARCADO PELA ENTRONIZAÇÃO DE 10 NOVOS CONFRADES E CONFREIRAS

4/02/2025