O Gens Sport Clube iniciou as comemorações do centenário a 1 de Janeiro. Uma celebração que ficou marcada pela homenagem aos que já fizeram e continuam a fazer parte desta história. Estivemos à conversa com Mário Santos, presidente do clube, e com Nelson Fernandes, responsável pela formação.
Qual é o balanço que faz dos 100 anos do clube?
Mário Santos: O Gens é a primeira instituição da União de Freguesias de Foz de Sousa e Covelo a completar 100 anos. Fazer 100 anos é um marco para qualquer coletividade ou instituição. Temos mesmo muito orgulho em completar este marco, são 100 anos de história ininterrupta. Desde 1925 que o clube teve direção e atividade. São 100 anos de pessoas, famílias, gerações e é engraçado quando começamos a pensar na celebração a primeira coisa que nos surgiu foi que íamos fazer um livro.
Porque optaram por realizar um livro como forma de comemoração?
MS: A história do nosso clube não estava devidamente documentada, não havia um registo dos principais marcos históricos, por isso quisemos fazer uma documentação da história do clube. Fizemos muita investigação e conseguimos consolidar os principais marcos e registos históricos do Gens. São 100 anos, que retratam as seis fases do crescimento do Gens: de 1925 até 1938, que é a fase da fundação e dos primeiros passos do clube, de 1938 a 1960, a parte da fidelização e federação do clube na Associação do Porto, 1960 a 1980, a criação das primeiras e próprias instalações do clube, de 1980 a 2000, uma fase de criação de futebol feminino e algumas conquistas importantes na inauguração deste campo, e a ultima fase que é a que estamos agora, a fase 2000, que contempla outras valências, como o relvado sintético, os balneários, a bancada coberta, etc. O livro é a melhor forma de resumirmos os 100 anos do clube.
Qual é o estado do clube?
MS: Em termos muito genéricos, o Gens até 2020 tinha um campo sintético e umas bancadas que eram um conjunto de degraus. A parte infraestrutural do clube sempre foi vista como uma necessidade, mas que a concretização sempre foi muito longínqua, como se fosse algo surreal. Em 2020 tínhamos 200 atletas e dois balneários e pensamos que para crescer e darmos melhores condições aos atletas temos de melhorar as infraestruturas do clube e assim foi. Partimos do zero. O primeiro projeto que nos candidatamos, na época de 2019- 2020, foi o PRID do IPDJ que foi recusado, mas na época seguinte voltamos a candidatar e conseguimos o primeiro financiamento. Foi o primeiro passo, depois pedimos ajuda ao Município de Gondomar, que também nos ajudou. Na questão das bancadas candidatamo-nos a um projeto da Fundação Crescer que nos deram uma verba de cerca de 45 mil euros. Com o apoio da Câmara conseguimos instalar, também, holofotes no banco e a obra está totalmente paga. Com estes esforços conseguimos dar condições ímpares aos nossos atletas.
Qual é o valor do investimento?
MS: Quando fizemos o orçamento da obra, foi antes da pandemia e antes da guerra na Ucrânia, o orçamento era diferente, eram cerca de 160 mil euros, e terminamos com cerca de 300 mil euros gastos. Garantido da Câmara e do IPDJ tínhamos 150 mil euros, o resto foi investimento do clube, das pessoas de Gens, dos parceiros. Temos de realçar que nós conseguimos fazer do nosso esforço e materializá-lo em dinheiro e se não fosse assim não conseguíamos o que temos hoje. Ainda não temos tudo pago, falta pagar cerca de 5% dos 300 mil euros.
Como é que adquirem o valor para efetuar o pagamento que falta?
MS: Temos diversas fontes de financiamento e conseguimo-las canalizar para este investimento. Desde a mensalidade dos atletas do clube, ao aluguer da sede, ao pagamento dos sócios, à entrada de donativos, entrada de parcerias, e temos um grupo, que é importante realçar, de Amigas do Gens, que foi criado em 2015 por senhoras da terra, que têm um único propósito: que é angariar fundos para investir nas infraestruturas do clube e nos tem ajudado a angariar receita. Em termos desportivos é importante que consigamos aliar a parte estrutural à parte desportiva. Porque não adianta termos excelentes infraestruturas e não ter atletas.
Como é que se encontra o clube a nível desportivo?
Nelson Fernandes: Na parte da formação, a “semana começa na sexta-feira”, não há fins-de-semana perfeitos, há sempre incidências que são negativas, disciplinares, ou de carácter desportivo. A nossa forma de estar e de pensar é mitigar o que está menos bem, sendo certo que o desafio é grande porque são muitos escalões. Era importante este input qualitativo a nível infraestrutural. Neste momento temos uma parceria com uma empresa de transportes de Gens que nos faz chegar atletas de Gondomar, Fânzeres, São Pedro da Cova, no sentido de ser mais atrativo para as crianças treinarem aqui, sem que os pais precisem de se preocupar com estas deslocações. O primeiro desafio de formação no nosso contexto é de esforços redobrados, quer pela localização, quer, também, pelo facto de atualmente ser difícil cativar crianças para a prática desportiva, isto está estudado, cada vez é mais difícil atrair meninos para o futebol, não só pela diversidade de atividades não expostas às condições climatéricas adversas. Nem todas as crianças estão dispostas a treinar, com chuva e frio. Além de termos de combater esta dificuldade queremos, sempre, melhorar a experiência deles nas nossas portas e que se sintam orgulhosos por treinar aqui.
Como pretendem ultrapassar estes desafios?
NF: Tentamos ser didáticos e mostrar que não há problema para as crianças andarem à chuva ou ao frio. Com as condições que temos, atualmente, já podem sair daqui com banho tomado. De resto é mostrar que o desporto traz saúde e que o Gens é um bom sítio para se estar e as crianças são respeitadas e podem desenvolver-se a nível desportivo e pessoal. É isso que tentamos realçar quer seja na componente competitiva quer seja na não competitiva.
Quantos atletas tem o clube?
Incluindo a não competição, temos cerca de 280 atletas.
Quais são os objetivos para o clube?
NF: Como somos um clube de futebol também nos medimos pelos resultados. Queremos muito, a médio prazo, ter mais equipas a disputar a distrital na primeira divisão, temos neste momento a sub-13. Gostávamos de ter uma equipa de sub-15 e sub-19 nesses campeonatos. No curto prazo é proporcionarmos as melhores condições possíveis para as equipas que vão a jogo, que estejam na melhor condição possível, a nível diretivo é tentar que nada falhe.
MS: 75% das necessidades estruturais do clube foram colmatadas nestes quatro anos, mas há pelo menos uma que nós vemos como concretizável a curto prazo, até porque a Câmara Municipal está ciente disso, e gostávamos que a nossa prenda do centenário fosse: a construção de um campo de futebol de 7 e de 9. Só temos um espaço para competir e treinar. Temos cerca de 4 escalões a treinar em simultâneo no mesmo espaço. Se tivermos mais um local em termos operacionais e logísticos seria uma grande vantagem, porque podíamos elevar o número de atletas, treinos e apostar noutras modalidades, como o futebol feminino e o walking football. Também temos uma necessidade desde o temporal de 2022, que é parte do nosso muro que caiu e queríamos reerguê-lo.
Que modalidades tem o clube?
NF: Temos futebol e trail. Temos cerca de 150 atletas de trail. Apenas lhes damos apoio logístico e funcionam em regime livre, são filiados e sócios do clube. Gostávamos de ter modalidades como o padel, como não conseguimos colocar no nosso regime desportivo, temos de procurar parcerias com outras instituições já criadas, mas sempre com as cores do clube.
O que está previsto para comemorar o Centenário?
MS:Pelo menos uma vez por mês queremos realizar uma atividade alusiva à data, a primeira grande celebração é o nosso jantar do centenário que será no dia 1 de Março, na Quinta da Azenha de baixo, que queremos fazer uma grande gala e homenagear os nossos sócios.
Há algum agradecimento que queira fazer?
MS E NF: Agradecer a todos os dirigentes, presidentes, a todas as mulheres e homens que tiveram ligação ao clube ao longo destes 100 anos. Porque abdicar do tempo familiar e pessoal em prol de uma organização é de realçar. Se o Gens completou 100 anos deve-se a eles que o ajudaram a construir. Um agradecimento genérico para todas as pessoas que não têm ligação diretiva ao clube ajudam o clube, como a Câmara Municipal, a Associação Futebol do Porto, IPDJ, aos nossos patrocinadores, as Amigas do Gens, que além de serem sócias têm um contributo essencial para o clube fundamental, aos sócios. A verdade é que o Gens nos dá mais a nós que nós ao clube.