A guerra na Ucrânia começou há um ano atrás e o concelho de Gondomar foi um apoio importante para os refugiados que fugiram à procura de segurança. Foi um momento “inesperado por todos” os que lá viviam. Após um ano o VivaCidade foi tentar perceber qual o estado destes refugiados e qual o apoio que a Câmara deu e, potencialmente, lhes continua a dar.
Claudia Vieira, vereadora da Câmara Municipal de Gondomar, com o pelouro da Coesão Social, contou ao VivaCidade que o trabalho foi árduo e intenso de forma a garantir que todos os direitos e todas as necessidades fossem correspondidas. “No final foi um balanço bastante positivo”.
O processo de acolhimento foi numa estalagem de forma a que fossem conhecidas as expectativas e motivações de cada um, mediante a mobilização da comunidade civil foi possível corresponder às necessidades. “De forma organizada conseguimos corresponder ao que era necessário do ponto de vista habitacional, integrar as crianças na escola, garantir todo o suporte de forma a que consigam ter acesso a alimentação, trabalho e aprendizagem da língua que é fundamental”, explica a vereadora.
Neste momento já há pessoas integradas e com trabalho, já são autossufcicientes, contudo o Municipio prima sempre pelo contacto com estas pessoas, independentemente de já não necessitarem de apoio.
“Este processo teve o apoio do Centro de Emprego. Gondomar nunca esteve sozinho, contou com uma rede de parceiros que contribuiu para que tudo fosse possível, desde a comunidade civil às diferentes estruturas da saúde, do emprego e da educação e foi desta articulação em rede que trabalhamos de forma individualizada com cada uma das famílias”, sublinha a vereadora e acrescenta que “há refugiados que se questionarem se pretendem voltar à Ucrânia a resposta automaticamente é negativa”.
O concelho, ainda, continua a receber pessoas, e todo o processo é realizado em articulação com a Associação Amizade. Quando questionada sobre a sensação de dever cumprido, a vereadora afirma que “na microescala em que Gondomar conseguiu mobilizar, sim, contudo olhando de uma forma geral ainda há muito para fazer, há famílias em sofrimento e não é possível ficarmos indiferentes”, remata a vereadora.
Maryna Vovchenko refugiada da guerra na Ucrânia veio para Gondomar e, neste momento, encontra-se a trabalhar no Hospital Fernando Pessoa, é cardiologista de profissão e está a aguardar os documentos oficiais portugueses da profissão. Sente uma gratidão enorme a Gondomar dizendo mesmo que “lhe salvou a vida”.
Emocionada retrata que quando a guerra começou não conseguiu acreditar. “Nunca pensei em ter que sair do meu país, nós sabíamos que haviam problemas de questão política mas nunca pensamos que tomassem estas dimensões”. Todos os dias se tornavam dias de esperança, até que a esperança terminou e tiveram de fugir. Primeiro ficaram na Polónia e após Maryna encontrar trabalho no Hospital é que vieram para Gondomar.
“Neste momento estou aqui com os meus filhos e os meus pais. O meu marido vai de duas em duas semanas para lá, ver a minha sogra e trabalha enquanto voluntário no apoio aos militares, tenho medo por ele”, confessa.
Quando questionada sobre os apoios que o Municipio de Gondomar lhe facultou demonstrou uma gratidão enorme. Foi facultado roupa, casa, comida e, ainda, um curso de língua. “Foi uma ajuda que não conseguirei agradecer”. Neste momento já se encontra adaptada, bem como os filhos que “já jogam online com os amigos portugueses”. Os pais devido à idade não se sentem integrados.
“Não sei se queremos voltar quando tudo acabar, tenho muito medo, porque não sei, agora há muitas bombas e a terra já não é saudável para se viver. As escolas estão destruídas, está tudo destruído, não me sinto segura e não queria que as minhas crianças vivessem nesse ambiente, tenho medo, não podemos passear, não podemos viver. Não acredito também que quando acabar a guerra se será tão fácil reconstruir tudo, não sei se voltaria para lá”, conta ao VivaCidade.
Maryna VovChenko demonstra uma enorme gratidão ao concelho dizendo mesmo que “Gondomar é excelente e este Hospital também foi a minha salvação, salvaram a minha familia, vou estar sempre grata”!