Após completarem 99 anos de existência, a 1 de Julho, o Sport Clube de Rio Tinto pretende regressar às competições nacionais e, também, subir de divisão no futebol feminino, que já se encontra, em sub-19, na segunda divisão nacional.
Pode começar por contar-nos qual é a história do clube?
O clube começou a 1 de Julho de 1923 portanto está a pouco tempo de completar 100 anos de história. É uma história com altos e baixos. Já disputou campeonatos nacionais, neste momento, há cerca de 15 anos que não está nesse patamar, mas estamos a trabalhar para isso e para que o clube consiga crescer. Já passou por anos difíceis e outros menos. Já esteve a jogar num campo em Valbom, sem instalações próprias, depois deu-se a mudança para o estádio de Rio Tinto, nos anos 2000 e de desde então estamos aqui com a mais valia de termos um campo sintético há mais de um ano que nos permite concentrar aqui todas as equipas do clube e dá-nos condições de trabalhar de outra forma daqui para a frente.
A nível de equipas, sendo que tem uma equipa feminina e outra masculina, qual é a diferença de treinar cada um dos sexos? Há alguma diferença efetivamente?
Nós temos em competição todos os escalões do sexo feminino e do sexo masculino, nós conseguimos este ano aumentar o número de equipas no feminino, no masculino sempre tivemos todos os escalões. No feminino o projeto foi crescendo gradualmente e este ano chegamos ao ponto de ter todos os escalões em competição desde sub-7 até à equipa sénior, que foi também criada este ano.
Obviamente que há diferenças entre os dois géneros, desde logo a questão física que é a que se nota mais, mas em termos de aptidão sinto que as raparigas estão cada vez mais bem preparadas para praticar esta modalidade e não tenho dúvidas nenhumas que vai crescer exponencialmente a nível nacional, porque o Rio Tinto é um bom exemplo, mas sem sombra de duvida que vai haver mais.
Quais são as diferenças a nível fisico que nota entre os sexos?
Nós notamos porque temos uma particularidade, todas as nossas equipas femininas até ao sub-15 competem contra rapazes, como até esse escalão é permitido equipas mistas ou como no nosso caso equipas 100% femininas que competem com equipas 100% masculinas, e, obviamente, que a diferença que se nota na força, na velocidade, mas tudo na dimensão física do jogo porque em questões técnicas e táticas as diferenças são muito poucas e por vezes nem existem. Tanto que nesses campeonatos masculinos elas conseguem ganhar e conseguem empatar ou perder como uma equipa 100% masculina. A única que diferença que se nota é na dimensão física do jogo, noto que as raparigas estão cada vez mais preparadas para praticar esta modalidade.
Quando a equipa feminina se depara numa competição com uma equipa masculina nota que elas ficam mais retraídas ou jogam como se fosse contra uma equipa feminina?
Eu acho que elas respondem muito bem. Agora, obviamente, que estão mais habituadas agora. Mas confesso que eu no inicio quando o coordenador propôs essa ideia eu temi que fossem acontecer coisas menos positivas, até porque as crianças às vezes são cruéis naquelas idades e podia haver algum tipo de discriminação, mas isso não tem acontecido e elas até ganham bastantes vezes. E ao contrário, o facto de elas ganharem podia suscitar nas equipas masculinas algum tipo de frustração mas não tem ocorrido essa situações, tem tudo ocorrido com toda a normalidade.
A nível de modalidades quais é que têm?
O Rio Tinto tem o bilhar e tem o ciclismo são mais duas modalidades que estão no clube. Estas modalidades têm mais praticantes do sexo masculino. Espero que no futuro possamos ter mais outra modalidade.
Como referiu o clube tem 99 anos o que é que têm feito para que o clube perdure no tempo? O que marca a diferença?
Eu acho que esta aposta no feminino, que é recente, foi uma excelente aposta. Acho que foi uma decisão muito bem tomada e que trouxe algum dinamismo e outra vitalidade ao clube. Obviamente que o clube não é só feminino também é muito masculino. Agora acho que é importante para o clube ter esta vitalidade e estar representado nos dois géneros, ter cada vez mais atletas a praticar. E é o que eu costumo dizer, que um clube com quase 100 anos de história com mais de 300 atletas aqui a praticar futebol, que está representado nos dois géneros e em todos os escalões, tem um responsabilidade social muito grande e me faz trabalhar todos os dias.
Qual é o vosso maior objetivo?
Temos vários objetivos. Temos um projeto que tem potencial para crescer a vários níveis, claramente que o que é mais visível e aquilo que os sócios dão mais importância é a equipa sénior masculina, que tem por onde crescer e é um objetivo para este mandato tentar colocar o Rio Tinto em todas as competições nacionais. Também temos outros como apostar na formação, porque tem e deve crescer qualitativamente, temos vários escalões para colocar na primeira divisão, há vários objetivos e para subir nas competições nacionais temos que afirmar o clube nesse patamar, obviamente que não é fácil, mas iremos trabalhar para isso.
A curto prazo há alguma meta que queiram alcançar?
Sim, há. Em cada escalão e para cada objetivo há uns que estão mais perto e outros mais longe, estamos a criar bases para os atingir, outros podem ser encarados mais no imediato. Estou-me a lembrar na equipa de sub-19 feminino que está a competir na segunda divisão nacional e é um objetivo a muito curto prazo é que a equipa chegue à primeira divisão nacional. Nós achamos que temos condições para lutar por uma subida de divisão.
Já têm algum plano para comemorar o centenário do clube?
Nós para comemorar o centenário criamos uma comissão para as comemorações. É uma comissão que é constituída por elementos da direção e por pessoas que gostam do clube que se propuseram a ajudar. Já têm organizado alguns eventos para angariação de fundos para depois puder fazer uma festa e comemorar o centenário de forma digna.
A nível de apoios têm algum apoio do Município de Gondomar ou da Junta de Freguesia de Rio Tinto?
Sim, nós temos os apoios que são conhecidos e são públicos, que são dados a todos os clubes do concelho. Ainda há bem pouco tempo foram anunciados os apoios às coletividades e o Clube de Rio Tinto está incluido e tem direito ao valor que é atribuído pela Câmara, que é um valor anual. Contamos também com o apoio da Junta de Rio Tinto e também, por vezes, da de Baguim do Monte, que aqui ao lado. E, agradecemos imenso o apoio e é fundamental para a manutenção do clube.
Relativamente aos rumores sobre a compra do clube por parte do Futebol Clube do Porto, confirma?
Aquilo que eu posso dizer não especificamente sobre o interesse do FCP, mas de uma forma geral, é que o nosso projeto, principalmente do clube feminino, já teve algumas propostas a nível de parcerias e protocolos, o que posso garantir é que por uma questão de respeito é que ouvimos todos os clubes. Contudo, o nosso objetivo é construir o nosso caminho de forma autónoma porque conseguimos fazer até aqui com sucesso e achamo-nos capazes de dar continuidade ao projeto. Não pondo de lado qualquer hipótese, mas afirmando que um dia será muito difícil estabelecermos algum tipo de protocolo com outro clube.
É o maior elogio que nos podem fazer é a equipa feminina ser procurada por clubes grandes, só significa que estão atentos ao que o Clube está a fazer.