Os últimos dias do verão em Portugal foram marcados pelas medidas anunciadas e a discussão em torno da inflação. As medidas anunciadas foram tardias. Enquanto a maioria dos países da Europa anunciava medidas nos primeiros seis meses do ano, Portugal deixou para setembro o anúncio e implementação de medidas sobre a inflação. Foram claro medidas tardias que pecam por uma não prevenção de um problema que atinge em peso as famílias em todo o país. Este pacote de medidas não chega para compensar o aumento do custo de vida e os gastos essenciais que cada cidadão e cidadã tem de fazer no seu quotidiano. Os 125 euros atribuídos a cada pessoa com um salário abaixo dos 2700 euros ao mês é irrisório para quem já perdeu grande parte dos seus rendimentos devido ao aumento do preço e custo de vida. O aumento extraordinário das pensões é apenas um adiantamento do aumento que cada pensionista teria direito em 2023. É necessário garantir que os salários sobem em linha com a inflação e introduzir mecanismos de controlo de bens essenciais. O governo pode intervir sobre as margens de lucro para impedir que a inflação suba ainda mais. Estas medidas e mais algumas não são recentes, existem propostas nesse sentido há meses que foram sendo adiadas até ao presente mês. É por demais urgente garantir que a crise que se avizinha não tenha consequência ainda piores, que irão afetar sobretudo as famílias mais pobres e carenciadas do país.