No meio dos bairros, meio despercebida, vê-se um caminho de terra, que nos dará acesso à casa da senhora mais idosa da Freguesia de Melres, Maria Clotilde Nobre, que nasceu a 27 de Abril de 1918, tem 107 anos.
Caracterizada pelos que a rodeiam, pelo bom humor, ainda nos contou algumas das suas piadas. Gosta de música, de ajudar os outros e sobretudo de viver. 107 anos depois, ainda muita história tem para contar aos sobrinhos que a rodeiam diariamente.
Rosa Braga, sobrinha, é quem lhe faz companhia nesta vida longa e que nos conta que a sua tia, outrora, esteve em Moçambique e regressou a Portugal sem nada. Da rua fez casa e conseguiu, com a ajuda dos que o rodeiam, o lar que tem hoje em Melres.
Vive da humildade e do riso que a piada lhe dá. Recebe quem a visita com um sorriso e é isso que lhe enche a alma. Lúcida, apenas com alguns problemas de visão, audição, e mobilidade ainda tenta fazer a sua vida normal. Os passeios são curtos, mas ainda consegue fazê-los apoiada no braço da sua sobrinha, que é, de longe, a sua melhor amiga.
“O que ela mais nos conta é que se lembra do tempo da primeira guerra mundial. Está sempre a dizer “eu vim daquela guerra”, e agora, mesmo sem querer, vive uma terceira. Sem a mesma perceção que teve na primeira vez que a viveu, mas com a mesma dor que a recorda”, conta Rosa Braga.
Quando perguntamos o segredo da longevidade, ambas sorriram, mas Rosa não hesitou em responder “é ser boa pessoa, a minha tia dava tudo, até o que não tinha. Quando era mais nova viveu na rua e por isso queria sempre ajudar os que estavam a passar pela mesma situação. Ajudava toda a gente e alegrava todos, como se costuma dizer, até fazia rir as pedras”, afirma.
Para o presidente desta União de Freguesias, de Melres e Medas, José Paiva, “é agradável ter neste território uma pessoa com esta idade, perfeitamente lúcida e com um estado físico aceitável. Estamos muito contentes de a ter por cá e que continue mais anos (sorriu)”.