Sandra Almeida: “A Noite Branca é algo que não se explica, tem de ser vivida”
Sandra Almeida, vereadora do Município gondomarense, perspetivou ao VivaCidade as suas expectativas em relação à Noite Branca e recuou às primeiras edições do evento para explicar o sucesso desta noite.
Como é que surgiu a Noite Branca em Gondomar?
A Noite Branca surge a partir de uma mudança do executivo, com a distribuição de pelouros que foram distribuídos por cada um de nós. Como é público, eu fiquei com o pelouro do desporto e da juventude. No desporto tive aquele projeto que nos candidatamos à cidade europeia do desporto e tinha que fazer algo também pela juventude. Do que eu conhecia da juventude de Gondomar não havia grandes eventos, mesmo na cultura havia muito pouco, portanto o trabalho de casa foi basicamente arranjar coisas diferentes.
Era uma lacuna que existia no concelho?
Eu penso que sim, era notório que nunca houve grande promoção, nomeadamente relativa à juventude não havia grande dinâmica, a não ser os concertos sempre que já eram típicos das festas do concelho. A primeira ideia não foi minha, porque a Noite Branca já existe há muitos anos e surgiu em França como toda a gente sabe da história, mas relativamente a Gondomar, como digo sempre a verdade em todas as entrevistas, a ideia foi minha e apresentei a ideia ao presidente. Acreditou no projeto, acreditou em mim e assim nasceu a primeira Noite Branca de Gondomar. Muito a medo, com muito receio, com muito pouca verba, sem saber como é que os gondomarenses iriam aderir.
Lembra-se das dificuldades da primeira reunião que teve em relação à Noite Branca?
A grande dificuldade foi tornar as ruas pedonais, porque os gondomarenses estavam muito habituados à rua pedonal nas festas do concelho, mas tinham um livre-trânsito e na Noite Branca não há livre-trânsito, não podia haver livre-trânsito. A minha maior dificuldade foi essa pelo desconhecimento das pessoas em saberem o que era a Noite Branca, achavam que iam poder levar o seu carro para casa. Por muito que eu explicasse que naquela noite era impossível, logicamente que uma ambulância passaria sempre, mas em termos de residentes era impossível. E essa foi a grande dificuldade. No segundo ano, após terem visto a primeira Noite Branca, conseguiram perceber. A Noite Branca é algo que não se explica, tem de ser vivida e para quem nunca viveu a Noite Branca, foi muito difícil perceber. Houve muitos telefonemas, muitas críticas, mas depois da primeira Noite Branca aí perceberam…
Chegou a temer o pior?
Não, nunca, porque eu acreditava tanto no projeto e na vivência que eu tinha da Noite Branca. Eu achava que era uma Noite tão alegre e tão divertida, ainda por cima era para todas as gerações, era uma noite de família, que era uma coisa que não existia em Gondomar, um evento que fosse transversal a todas as idades. Só queria que me deixassem fazer para poderem depois dizer alguma coisa e se havia alguma coisa a criticar. Claro que há sempre coisas a melhorar e temos vindo a melhorar desde sempre, mas como sou otimista, nunca achei que fosse correr mal. Eu só queria que as pessoas acreditassem e não boicotassem o projeto, para chegarmos aos dias de hoje com uma Noite Branca com mais de 100 mil pessoas na rua.
Hoje é um evento cimentado e para manter nos próximos anos?
Enquanto eu cá estiver na Câmara, é para manter.
Quem organiza a Noite Branca?
A Noite Branca de Gondomar tem duas particularidades, é organizada em parceria com o associativismo, e a decoração é elaborada pelas casas da juventude, tendo a colaboração dos funcionários do município, que trabalham arduamente meses e meses, para o glamour da Noite Branca.
O que é que podemos esperar a nível de novidades neste ano?
Temos a grande novidade que tem a ver com a questão ambiental, que a Noite Branca sempre se preocupou com essa parte e que é uma parte que temos tido alguma dificuldade pela própria educação das pessoas que, por muitos ecopontos que haja, não adequam a colocação do vasilhame. Neste caso criamos e já não é novidade nenhuma, já existe em muitos concelhos, mas adaptamos também à Noite Branca o copo reutilizável, que vai dizer “Noite Branca de Gondomar” e as pessoas vão poder levar o copo para casa que tem o custo de 1€. Basta comprarem um copo e durante a noite toda podem utilizar esse mesmo copo. Todas as associações que estão a trabalhar connosco, este ano vão ser 65, sabem que têm que colocar a bebida no copo de plástico e não fornecer qualquer vasilhame ao público. Sendo um copo que é personalizado da Noite Branca de Gondomar, penso que as pessoas já não vão atirar para o chão, que vão guardar para recordação e levar para casa. Esta é a grande novidade.
As candidaturas para a animação da Noite Branca fecharam a 12 de julho. Como é que foi a procura por parte do associativismo?
Aumentou, temos mais 25 associações do que tínhamos no ano passado.
Continua a ser um evento muito procurado pelas associações?
Muito, porque é uma forma das associações também criarem algum oxigénio financeiro, podendo participar numa noite que é algo diferente e podem também, de acordo com os seus projetos, faturar e acaba por ser um subsídio extra fornecido pela Câmara. Não têm qualquer custo, não pagam nada à Câmara, apenas têm de montar o seu stand, a Câmara fornece o lugar e a eletricidade.
A procura é maior do que a oferta? Ou seja, fica gente de fora?
Este ano foi o primeiro ano que tive algumas dificuldades, mas nunca ficou gente de fora.
Em relação ao cartaz, David Carreira é o cabeça cartaz deste ano.
A escolha do artista claro que nunca agrada a toda a gente. Está relacionado com a popularidade da festa e com o público da festa. Existem quatro palcos, todos esses palcos estão sempre cheios. O David Carreira é um artista que está na berra, é novo, tem um espetáculo muito interativo com o público e é aquilo que se pretende na Noite Branca, que seja uma coisa muito interativa e todos os que têm cá passado têm cumprido esse papel, porque existem muitos outros nomes. A escolha prende-se com isso, tentamos atingir vários públicos.
Vários públicos de gerações diferentes. Podemos dizer que a Noite Branca de Gondomar, é um evento dos 8 aos 80?
Sim, podemos dizer até para menos, já vi crianças com 2 e 3 anos na Noite Branca. Para usufruir sim, dos 8 aos 80. Os quatro palcos atingem públicos diferentes. Temos o Palco Tradições que tem o Fado e que tem as músicas portuguesas tradicionais. Temos o Palco Eletrónico, que está lá em cima na Loja do Cidadão que é um palco completamente vocacionado para a juventude e aí tentamos colocar todos os DJ’s de Gondomar.
É difícil essa gestão?
É porque que cada vez aparecem mais e nós também fazemos questão que sejam DJ’s de Gondomar e conseguimos fazer isso. Temos o palco que foi criado no ano passado que é o Palco dos anos 80, este ano com mais uma novidade. Para além do Francisco Gil vem a Ana Luísa Arroja da Rádio Comercial, que é um palco que também funciona muito bem. Mantemos sempre a interatividade dos personagens que andam pela rua, que é esse o grande carisma da Noite Branca, toda aquela animação de rua que apostamos sempre muito. Tentamos sempre ter novidades, já começa a ser difícil, mas as próprias empresas de um ano para o outro vão criando novidade e tentamos sempre ter novidades surpreendendo sempre as pessoas desses espetáculos interativos.
No que toca a verbas, quanto é que o município gasta numa Noite Branca?
A primeira Noite Branca e a segunda foram de facto as noites que menos verbas gastamos porque não tivemos cabeças de cartaz, não tivemos artistas, não tivemos palcos montados, tudo aconteceu na rua. A partir do momento que subimos a fasquia tivemos que dar resposta à adesão dos gondomarenses e tivemos que investir mais dinheiro e gastamos sempre à volta dos 100, 120 mil euros.
É um evento claramente dos gondomarenses, ou seja, uma associação, por exemplo, de Valongo, da Maia, de Matosinhos, não pode participar na Noite Branca de Gondomar?
Não, mas pode vir usufruir da Noite Branca de Gondomar como espetador e participante. Como organizadora não, está completamente vedado ao associativismo de Gondomar.
Para terminar, que mensagem gostaria de deixar aos gondomarenses?
É apostar no glamour para a noite mais branca de Gondomar, que é no primeiro sábado de setembro e que os gondomarenses saiam todos vestidos de branco à rua, usufruam, que se divirtam e que tornem a noite mais bela e alegre, porque só com a presença dos gondomarenses é que conseguimos fazer desta Noite Branca, a melhor noite do ano. ■