Rui Afonso, 45 anos, natural de Rio Tinto, é candidato à Câmara Municipal de Gondomar, pelo CHEGA. É deputado da Assembleia da República e deputado da Assembleia Municipal do Porto e Presidente da Comissão Política Distrital do Porto, pelo mesmo partido.
Como é que a política se insere na sua vida?
Aconteceu com o nascimento da minha filha. Sempre fui muito dedicado à vida académica e profissional. Comecei a trabalhar com a área da banca, em 2001. Em 2006 lançaram-me o desafio de passar para uma área mais especializada da banca que é corporate banking, fiz um doutoramento em Espanha, em Ciências Económicas e Empresariais. Quando a minha filha nasceu comecei a pensar no futuro é que queria para a minha filha. Em 2019, tinha ela seis anos, começou a emergir um partido, que ainda não tinha sido votado, porque era novo. Era um partido de direita, e, apesar de nunca ter tido qualquer tipo de filiação partidária, sempre me assumi como uma pessoa de direita. Surge o CHEGA, sou um dos fundadores do partido no Porto. Ainda me lembro que a primeira lista de militantes do partido eramos 99 e agora temos 16 mil e-mails na plataforma de militantes do distrito do Porto. Dá para perceber a ascensão do partido.
O CHEGA é um partido que cresceu exponencialmente. Como justifica este crescimento?
Tem a ver com a conjuntura que se formou a nível europeu e mundial, no crescimento dos partidos de direita. Surgiram os vários fenómenos associados ao aumento da criminalidade, a redução da qualidade de vida das pessoas, que muitas vezes embocou na questão da imigração massiva. Há partes do mundo que estão em guerra e que são inabitáveis e isso gerou emigrações massivas, originando uma postura da Europa mais caridosa. Esta posição europeia desenvolveu um sentimento de insegurança, na quantidade de pessoas que estavam a vir para a europa e na falta de controlo que havia nesse fluxo. O aumento da criminalidade é associado a esse fluxo migratório, não que esteja relacionado 100%, mas nem todas as pessoas que vêm são boas. Já tínhamos um fenómeno de criminalidade, com o aumento do número de pessoas, é normal que haja pessoas menos boas e que cometam crimes. Não somos contra a imigração, somos a favor de uma imigração controlada, que garanta que as pessoas vêm para acrescentar valor.
O crescimento também se relaciona com o facto de começarem a ser falados temas que outrora eram “intocáveis”.
Além disto, conseguimos ir buscar muito ao chamado eleitorado flutuante. A política é mais pragmática do que ideológica, as pessoas cada vez mais procuram pessoas que resolvam os problemas, que existem na sua freguesia, concelho e na sua rua. As pessoas conseguiram rever-se através dos nossos olhos.
Os casos que estão a aparecer no partido, como o roubo das malas e a pedofilia, pode prejudicar o partido neste crescimento?
A questão do Miguel Arruda: era uma pessoa sem qualquer registo criminal, foi uma pessoa que desenvolveu uma patologia, não podemos comparar esta questão com alguém que aproveitou a sua posição política para lesar o estado em milhões de euros. Na questão da pedofilia, neste momento temos 65 mil militantes, não conseguimos fazer um escrutínio de todos os que o compõe. O Nuno Pardal era deputado municipal em Lisboa, o crescimento do partido leva a um maior escrutínio.
O Rui Afonso é Presidente Comissão Política da Distrital do Porto, como surge Gondomar neste caminho?
Gondomar para mim é uma questão sentimental, vivo em Gondomar, sempre vivi, a minha família é toda de Gondomar e conheço este concelho como a palma das minhas mãos. Em 2024 comecei a olhar para dentro, para a minha terra, e no que podia ser melhor. Gondomar passou por uma fase muito expansiva com o Major Valentim Loureiro, quer para bem quer para mal. Com o Partido Socialista com o presidente Marco Martins, Gondomar deixou de existir. Gondomar não é mais que um dormitório da cidade do Porto, temos uma zona ribeirinha fantástica, que tem alguma qualidade até Gramido por causa de um programa Pólis. O Partido Socialista funciona um pouco como um modelo que vive do financiamento do Estado, como um “sub-apoio”. Assim, o Município nunca vai evoluir enquanto depender do estado. Isto não funciona. Esta alavancagem tem de ser feita através de investimento privado. Para isso é que servem os Presidentes de Câmara para atraírem investimento privado.
Na sua ótica quais são as necessidades do concelho?
O que falta em Gondomar é procurarem parcerias com privados, para desenvolver, indústria, comércio, turismo e as infraestruturas. Atraindo investimento privado conseguimos promover o desenvolvimento das nossas infraestruturas. Aqui com a exceção de um hotel, uma ou duas empresas, o Parque Industrial de Gondomar não existe. Quem vem cá viver, vem porque Gondomar é um dos concelhos limítrofes do concelho do Porto e dos mais baratos para se viver. Há um megaprojeto na Barragem de Crestuma que está parado porque o “presidente e o seu executivo não levantam o rabo da cadeira” para ir ao Dubai, Estados Unidos, Itália, seja onde for, buscar fundos para desenvolver o projeto. Gondomar precisa de uma visão disruptiva na sua vertente económico-financeira.
Vemos, atualmente, Gondomar como uma cidade-fantasma, que não tem nada para ver, apesar do aumento das casas por m2, continua na mesma a ser barato e não se compara com o de outros concelhos. Em termos estruturais temos situações ridículas como: construir vias com sobreiros a meio e a via está completamente inutilizada, já se gastou centenas milhares de euros, por descuido e imprudência. Temos ao nosso lado, um concelho, que é o concelho do Porto, cuja economia local está completamente alavancada pelo turismo. O que é que falta a Gondomar para ter uma cidade cosmopolita, com qualidade de vida, para que as pessoas queiram vir viver para Gondomar? Sem utilizar o argumento das casas serem mais baratas, mas porque há um sentimento de pertença, como existe em outras cidades do país, onde as pessoas têm orgulho em viver nessas cidades. Não podemos viver numa gestão autárquica passiva e inerte. Temos de abrir os nossos horizontes.
O que seria um bom resultado?
Quando me coloco nisto é para ganhar, gostava que as pessoas vissem uma luz ao fundo do túnel, e que não vissem só o que é feito pelo PS ou pelo PSD, o meu objetivo é sempre ganhar a Câmara Municipal.
Não é uma utopia?
É. Normalmente uma utopia é uma coisa que as pessoas querem, mas que não conseguem lá chegar. Mas eu quero mesmo conquistar. Se não for à primeira tentarei que seja à segunda. Se eu partisse para este desafio já com a certeza que ia ganhar a Câmara isso é que seria uma utopia. Nas últimas eleições tivemos 16,02% em Gondomar. Vamos subir claramente estes números.
O que pode trazer para o Município?
Há questões práticas que advêm do investimento privado. Acho inadmissível que se tenha de pagar parques de estacionamento no concelho onde vivo. Uma das coisas que fazia era uma isenção do pagamento dos parques para residentes do concelho. Não posso admitir que haja pessoas que vivam em Gondomar e precisem de ir de transportes para o trabalho tenham de pagar parques. A redução de taxas, de IMI, da taxa de lixo, e ver o que se podia reduzir que contribuísse para o bem-estar dos munícipes. A Câmara não pode viver à custa dos munícipes, tem de dar qualidade de vida e os aliviar.
O Município necessita de investimento privado em determinados terrenos e fazer disso um local turístico ou de habitação, muito mais atrativo. Há zonas fantásticas e desaproveitadas. Qual é o parque industrial que temos em Gondomar? Já pensou nisso? Para nós é importantíssimo, isso é que é dar qualidade de vida a Gondomar, nós temos tudo. Recuso-me a aceitar, caso seja presidente, ser um dormitório ou uma linha branca do concelho do Porto.
Faria coligação? Com que partido(s)?
Coligações com o PS está completamente fora da questão. O resto mediante análise do projeto e determinados compromissos com a cidade.
Que mensagem gostaria de deixar aos eleitores?
De esperança, e uma mensagem de não terem medo de mudar, a mudança faz parte da vida. Só podemos melhorar se mudarmos. A acomodação e faz com que tudo fique na mesma. Não posso aceitar quem vota no PS ou no PSD que digam: está tudo na mesma, porque optaram por votar na inércia. Dêem-me uma oportunidade para mudar, porque se me derem uma oportunidade poderão ver a diferença. Se não arriscarem ou tentarem fazer diferente não verão a mudança.