A Rota da Filigrana, produto turístico da Câmara Municipal de Gondomar, tem atraído um maior número de visitantes portugueses e estrangeiros, de ano para ano. Até à data, o retorno financeiro gerado ascende aos 49.500 euros e mais de 6000 visitantes.
Gondomar é reconhecido como a "capital da Ourivesaria", tendo como elemento identificador do território a filigrana, que ocupa lugar de destaque entre as criações dos ourives locais. O material, em ouro ou em prata, dá lugar a peças únicas, concebidas em oficinas de pequena escala, de cariz familiar, através de técnicas transmitidas de geração em geração.
Foi esse processo de produção que a Câmara Municipal de Gondomar quis dinamizar através da criação da Rota da Filigrana, produto turístico lançado em 2017, que visa dar a conhecer o concelho e a tradição da filigrana.
"O balanço que fazemos é extremamente positivo, com visitas de todos os locais do país e do estrangeiro, além de algumas figuras públicas que se têm interessado pela Rota da Filigrana. O segredo é mostrar o processo produtivo, porque as pessoas ficam imediatamente encantadas", afirma Carlos Brás, vereador do Turismo da Câmara de Gondomar.
O Vivacidade acompanhou no dia 14 de junho, a visita de duas comitivas estrangeiras ao CINDOR - Formação Profissional de Ourivesaria e Relojoaria e à ARPA, dois espaços que estão associados à Rota da Filigrana desde a sua fundação.
Vindo de Espanha, o primeiro grupo de turistas da Escola Municipal de Artes e Ofícios de Vigo visitou o CINDOR para conhecer a casa onde são formados os ourives gondomarenses.
No único centro de formação profissional de ourivesaria do país, os espanhóis foram recebidos por Flávia Santos, que deu a conhecer as instalações, antes de dar início a uma pequena demonstração do processo de fabrico de uma peça de filigrana.
"O interesse desta visita é que as pessoas percebam que quase todos os especialistas na filigrana passam por aqui durante a sua formação profissional", destaca Eunice Neves, presidente da direção do CINDOR.
Surpreendidos, os visitantes experimentaram depois produzir e "encher" as suas peças, mas rapidamente perceberam que a arte não está ao alcance de todos [ver caixa].
Mais tarde, já na ARPA, em Valbom, António Almeida, fundador da empresa, recebe uma comitiva francesa da empresa "On Travel Solutins". A visita encaixa-se nas 'famtrips' que o Município tem promovido, na tentativa de demonstrar às agências de viagens e aos seus colaboradores a mais-valia da Rota da Filigrana.
"Quando a Rota da Filigrana nos foi proposta, quisemos pegar novamente nesta tradição e voltar às nossas origens. Desde então, tudo o que o Município tem feito pela promoção da filigrana tem ajudado a revitalizar o setor. A filigrana gondomarense não é igual a mais nenhuma, por isso deve ser preservada", aponta António Almeida.
No ano passado, a Rota da Filigrana recebeu 5000 visitantes e gerou um retorno financeiro de 38 mil euros. Este ano, o produto turístico já totaliza mil visitantes e 11.500 euros de retorno financeiro.
Turistas surpreendidos com a Rota da Filigrana Ana Álvarez, aluna da Escola de Artes e Ofícios de Vigo: "Este é o primeiro contacto que tenho com a filigrana. O detalhe das peças encantam-me e este produto é interessante porque cruza a ligação de Gondomar à história da ourivesaria, aliado às belas paisagens do concelho"
Henar Quintas, aluna da Escola de Artes e Ofícios de Vigo: "Não sabia que existia esta arte em Gondomar e também não conhecia a Rota da Filigrana. Esta demonstração é muito importante para quem visita, mas é muito difícil trabalhar este material"
Bourdes Courtois, representante da "On Travel Solutins": "Esta visita é muito interessante. Tenho interesse por tudo aquilo que é artístico e manual e estas peças são fantásticas. Saber como são feitas é também um privilégio"
Jean-Ivé Kanté, representante da "On Travel Solutins": "O que vemos aqui é uma arte antiga e que importa descobrir. Cada vez mais os turistas querem descobrir o território e as suas histórias. A filigrana faz parte da história de Gondomar"