As atletas do Clube Naval Infante D.Henrique são campeãs nacionais de fundo. Uma prova que requer a máxima resistência e concentração face às possíveis condições adversas do rio. Estivemos à conversa com a equipa vencedora composta por Joana Areias, Ana Abreu, Margarida Silva e Maria Reis, e com o treinador, Jorge Pereira.
Em que consistiu a prova?
Jorge Pereira: Esta prova foi um Campeonato Nacional de Fundo, que faz parte do calendário nacional. A época de remo divide-se em fundo e em velocidade e o campeonato nacional de fundo é o culminar da época de resistência, que se trabalha a resistência dos atletas, são 4 mil metros para os juvenis. E depois a de velocidade que são 1500 metros. Requer um trabalho, que se iniciou em setembro para este escalão, já vem de anos anteriores, quando estas meninas já eram iniciadas.
Como foi preparado o campeonato?
J.P: Antes desta prova fizeram um plano de treino que visava a resistência, para que quando chegassem ao campeonato de fundo conseguissem estar preparadas de forma física, mental, emocional, para fazer 4 quilómetros num esforço que vai das unhas dos pés às unhas das mãos (risos). Normalmente treinamos junto ao clube, mas quando não há condições ou não estamos os quatro elementos fazemos na parte interior, no remo ergómetros, no tanque, no ginásio, nas corridas, tudo isso faz parte da preparação. Por vezes temos de nos socorrer de outras embarcações que não a que elas levaram à prova. Antes do campeonato nacional de fundo houve um estágio no local onde iam decorrer as provas, o que envolveu os familiares, para que isso fosse possível. Requer algum empenho e dedicação. Tentamos sempre fazer com que não aja nenhum impacto escolar.
Quais são os pilares fundamentais para se estar preparado para esta prova?
J.P: Treinar, alimentar bem e descansar são os três pilares fundamentais para o sucesso, porque faltar a um treino é tão mau como se alimentar mal. Antes das provas aconselhamos a melhor solução em termos alimentares, que passará sempre pelo reforço dos hidratos de carbono.
Como percebeu que elas estavam prontas para entrar em competição?
J.P: A partir do momento em que entram na modalidade já estão prontas para entrar em competição. O principal da competição é a superação. Se cada uma delas se superar estão em competição com elas próprias e a superar-se. O que elas mostravam nos treinos é que estavam preparadas para ter um melhor desempenho. A grande vantagem desta equipa foi a união destas colegas e de elas darem tudo umas às outras.
Após ouvirmos o treinador, falamos com as atletas para perceber os objetivos futuros na modalidade.
Como começou o percurso no remo?
Maria Reis: Os meus irmãos começaram no remo, um ano antes de mim. Enquanto isso eu andava na ginástica acrobática, mas deixei de gostar e via os meus irmãos sempre aqui empenhados e que gostavam do que faziam. Desisti da ginástica, e como não queria parar de fazer desporto vim para o remo, achei que o clube tinha um ambiente muito bom e que era uma modalidade interessante.
Margarida Silva: Quando era pequena, com quatro anos, fazia karaté e ballet, quando chegou a pandemia deixei de fazer desporto e comecei a ter preguiça de fazer. A minha mãe falava-me que já tinha andado no remo e incentivou-me a vir. Ao início não gostei e fui um bocado obrigada, mas quando passei para um nível superior comecei a gostar mais e quando comecei a competição ainda mais. E também pelas amizades que fui fazendo.
Ana Abreu: Andava no vóleibol, mas com a pandemia os treinos começaram a parar. O meu pai e o meu avô já andavam cá (Clube Naval Infante D.Henrique) e mostraram-me o carinho e o interesse que tinham por este desporto. Gostei quando remei e ao longo do tempo fui-me apaixonando.
Joana Areias: A minha mãe andava no remo e falava-me muito. Mas ao início não percebia o que era ao remo. Andava na natação, mas não gostava daquilo que fazia. Agora percebo que o remo é muito mais que remar, é o relaxar mesmo estando em constante esforço físico.
Quais são objetivos futuros?
Maria Reis: Tenho como objetivo ir para a seleção e representar Portugal . Espero que as minhas colegas o consigam para que consigamos ir juntas (risos).
Margarida Silva: Gostava de ir para a seleção, se conseguir. Acho que não vou parar de fazer isto porque gosto muito de estar cá.
Ana Abreu: Gostava de ir para a seleção e chegar o mais longe possível.
Joana Areias: Quero muito ir para a seleção e continuar a treinar sempre, até ao momento em que já não consiga mais.
Como conciliam a escola com os treinos?
Maria Reis: Vou para as aulas e depois à tarde e estudo, ao final do dia venho ao treino, sinto que o remo me alivia a pressão da escola. E caso tenha testes depois do treino ainda consigo estudar para conciliar tudo, basta querer.
Ana Abreu: É complicado, tento sempre vir aos treinos. Acho que consigo conciliar, depois da escola tento sempre estudar para que consiga vir.
Joana Areias: Consigo conciliar tudo. Porque quando tenho um teste e tenho de faltar ao treino, compenso sempre o que me falta.
As condições climatéricas podem fazer com que não queiram vir?
Margarida Silva: Não, porque o ambiente do clube é bom, tenho aqui as minhas amigas e é uma motivação extra. Como tenho vontade de ir para a seleção tenho sempre vontade de vir para conseguir alcançar esse objetivo.
Como é que se sentiram nesta competição?
Joana Areias: Sentimo-nos bem. Foi uma prova difícil. O rio estava mau. No início quase não dava para remar direito. Tínhamos o mesmo objetivo e fizemos de tudo para obter o título nacional.
O facto de ultrapassarem as adversidades do rio é algo que vos motiva?
Ana Abreu: O facto de estarmos em equipa é fundamental para ultrapassarmos os obstáculos. E é isso que nos motiva e faz remar, constantemente, na mesma direção.
Qual a sensação de ganhar a prova? Já previam que podiam ganhar?
Margarida Silva: Nós queríamos ganhar. Mas não sabíamos como estavam as outras, quando ganhamos foi uma sensação muito boa, porque percebemos que tudo valeu a pena.
Maria Reis: Quando ganhamos as provas motiva-nos sempre porque percebemos que se continuarmos a trabalhar conseguimos, ainda, melhores resultados.
A quem gostariam de agradecer?
Às colegas pelos treinos e pela dedicação. Ao nosso treinador, Jorge Pereira, ao clube no geral, aos nossos amigos do clube que nos apoiaram muito. E à nossa família porque o apoio de casa é indispensável.