O Rancho Regional de Fânzeres celebrou 45 anos, no passado dia 25 de Março. E, por isso, o VivaCidade decidiu comemorar esta data com este grupo responsável pelo Mund’Art. Alfredo Machado, o presidente do Rancho, esteve à conversa connosco.
Como é que surgiu o Rancho Regional de Fânzeres?
Começou com um grupo de amigos que se juntavam no Alto da Serra no Café França. Esses ajuntamentos que ocorriam no café levou ao desenvolvimento do grupo de rancho com Carlos Paredes. A Rancho teve muitas fases e já passou por altos e baixos. Após mudarmos algumas vezes de instalações conseguimos ficar onde estamos agora, que partilhamos instalações com a Associação Columbófila.
Além de presidente, sempre fui membro do grupo. Neste momento toco concertina, mas já dancei, por isso é que também sou ensaiador.
O que é preciso para se ser membro do grupo?
Ter vontade de fazer parte do grupo. Se tiver essa vontade, que é o principal, basta só falar com a direção. A pessoa tem um período experimental de 1 a 2 semanas de modo a ver se corresponde às suas expectativas e se quer ou não ficar. Não há nenhuma remuneração. Não acho correto que as pessoas venham para cá com esse interesse monetário. Contudo quando há atuações fora nós suportamos os custos.
Quem quiser fazer parte tem só de perceber que o nosso grupo tem algumas mais-valias como festivais e as janeiras, que somos muito conhecidos por isso.
Os trajes são fornecidos pelo Rancho ou cada um tem de adquirir o próprio?
Tanto os trajes como as cordas dos instrumentos são fornecidas por nós. Nós optamos por oferecer o traje porque se alguém sair não se vai notar externamente. O calçado cada um paga o seu, porque isso já tem a ver com a higiene de cada um.
Quantas pessoas tem o grupo? É um grupo jovem?
Somos 50 pessoas e cada vez mais temos um grupo jovem, recentemente tivemos uma reestruturação nos membros que o compõe. Notamos que as faixas etárias mais jovens procuram estas atividades, o que nos deixa verdadeiramente feliz.
O Festival de Folclore Mund’Art é uma ideia vossa e convida diversos grupos internacionais para mostrar o que de melhor se faz nesta arte. Como é que surgiu essa ideia?
É a menina dos meus olhos (risos). Antigamente já era realizado um festival internacional da Cidade de Gondomar, sempre gostei dessa ideia e quis recriar. As pessoas que faziam parte da direção concordaram. Fomos incentivados pelo grupo de Barcelinhos, que nos apoiou numa fase inicial com um grupo da Croácia. Na altura alugamos camas para todos, que nos ficou por volta de 6000 euros. Após a primeira edição do festival compramos camas, e neste momento temos 275, mais 1000 jogos de cama. O Mund’Art, existe desde 2012, mas o Festival Internacional já existe há 38 anos.
O ano passado em conversa connosco confessou que iam candidatar-se ao CIOFF (Conselho Internacional de Festivais Folclóricos e Artes Tradicionais). Qual é o estado da candidatura?
Ainda não somos CIOFF. Íamos candidatar-nos no ano passado e acabamos por não ir, não era a altura certa para isso. Porque ao avançarmos vamos ter outros grupos a avaliar-nos. Mas, sem dúvida que é o nosso próximo passo. Este ano no Mund’Art teremos a atuar grupos da Argentina, Peru, Chile, Sérvia, Croácia, India. Se já estivéssemos no CIOFF só poderíamos ter seis grupos.
O Rancho Regional de Fânzeres é autossustentável?
Somos, porque trabalhamos para isso. Temos dois autocarros que são uma grande ajuda para conseguirmos economizar. Atuamos para algumas agências e num estabelecimento que costuma ter espetáculos de Folclore e conseguimos amealhar algum dinheiro.
Quais são os projetos que têm definidos para o futuro?
Pretendemos melhorar a sede e realizar uma viagem fora do país, como já fizemos, em 2016, às Canárias. Mas um passo de cada vez.
O espaço não é 100% nosso, é 50% da Câmara e 50% nosso, mas esperamos que futuramente seja todo nosso. É uma mais-valia e ficávamos muito contentes com isso.
A Associação tem algum apoio institucional?
Temos o apoio do Município e da União de Freguesias de Fânzeres e São Pedro da Cova. Fizemos, também, uma candidatura ao INATEL, porque eles têm parceria com o CIOFF Portugal.
A quem gostaria de agradecer?
A todas as pessoas que passaram por aqui, que têm ajudado o Regional a crescer. Passou por aqui muito boa gente. Agradecer aos que me têm apoiado e aturado, ao grupo que está cá agora. Obrigada a todos pelo apoio.