Aos 41 anos, Rafael Amorim encara um novo desafio. É candidato à presidência da Câmara Municipal de Gondomar pela coligação PSD/CDS-PP. Licenciado em Direito e com responsabilidades na CCDR-N, o social-democrata assume, em entrevista exclusiva ao Vivacidade, que pretende vencer “em todas as frentes”.
A candidatura “Gondomar no Coração” (PSD/CDS-PP) foi a primeira a estar na rua. Após vários contactos com instituições, associações e com a população, que feedback tem recebido? Fomos os primeiros a começar a auscultar as pessoas e as entidades, porque queremos um projeto autárquico que interesse. Por isso, decidimos abrir o nosso programa às pessoas, associações e instituições e temos tido uma participação muito positiva.
O que ouve nas ruas de Gondomar? Sinto que não existe conforto com a mudança ocorrida em 2013. As expectativas estavam muito altas e foram prometidas medidas que entretanto não se concretizaram. Essa desilusão faz-nos perceber que é necessária uma mudança de visão para o Município e uma maior proximidade com as pessoas, porque nos cargos autárquicos não é possível fechar-se num palácio de marfim.
Além disso, a minha equipa tem sido muito bem recebida. Procuramos não fazer promessas vãs, mas prometemos agir de outra forma.
Está convicto que pode concretizar um mandato diferente do atual? Sem dúvida. Notamos um crescendo na nossa campanha, porque as pessoas encontram um novo interlocutor que é capaz de dar forma a soluções alternativas.
Consegue dar-nos um exemplo concreto? Consigo. Por exemplo, têm-nos dito que existe dificuldade em comunicar com o Município. Têm apontado a falta de alternativas de financiamento, visto que o financiamento de apoio municipal não está a ser adequado às necessidades do movimento associativo, que pode ser resolvida com um novo regulamento do associativismo, que será devolvido às associações para que o possam melhorar; a par disso, queremos lutar por abrir um gabinete municipal que auxilie as coletividades na procura de fontes de financiamento nacionais ou comunitárias.
É num caso desses que fará valer a sua experiência profissional na CCDR-N? Claro que sim. O meu passado como consultor na CCDR-N será uma grande ajuda para Gondomar, nesse sentido.
A grande vantagem que a minha candidatura traz ao concelho é a nossa capacidade de trabalhar num plano regional. Tenho a sorte de conhecer alguns dos melhores presidentes de municípios do país.
Que outras medidas considera urgentes para Gondomar? Por exemplo, a criação do programa “Gondomar Empreendedor”, que terá propostas para fixar e atrair investimento empresarial para o concelho. Estamos a contactar com entidades nacionais e internacionais para percebermos o interesse em investir em Gondomar.
Temos em Gondomar uma das melhores empresas de metalomecânica, por exemplo, e é preciso saber valorizar estes exemplos.
Na agricultura, é possível recuperarmos a Agrindústria, uma das feiras mais importantes do concelho e do país. É urgente recuperar esse evento porque o concelho não vive só de turismo. Gondomar é indústria, agricultura, ourivesaria, entre outros setores...
Não se percebe, por exemplo, como é que Gondomar tem 32 quilómetros de marginal junto ao rio Douro e quem lidera o processo das Encostas do Douro é Gaia.
Na sua opinião, Gondomar perdeu voz perante os concelhos vizinhos? Tem também a ver com a perda de voz. O candidato do PS disse que as suas prioridades para o próximo mandato eram a mobilidade e o ambiente. Como é possível ter esta afirmação quando Gondomar ainda nem tem metro até ao centro do concelho?
Isto foi dito por um presidente de Câmara que tem responsabilidades no setor da mobilidade da Área Metropolitana do Porto.
Julgo que o metro é fundamental para Gondomar, porque vai potenciar tudo o resto.
Podia ter sido feito mais, no que diz respeito à expansão do metro até São Cosme? Sem dúvida alguma. Sobretudo num contexto de governação socialista.
Nesse sentido, julgo que temos em Gondomar uma candidatura do passado, uma candidatura do presente que gere os fogos do dia-a-dia e temos uma candidatura efetivamente diferente, que pretende projetar o concelho no futuro. Para projetar o concelho no futuro, o metro é fundamental.
Retomando o seu projeto “Gondomar Empreendedor”, pode aprofundar essa medida? A minha prioridade são as pessoas e gostaria que isso ficasse bem claro. Quero reduzir a taxa de desemprego em Gondomar. Só se consegue reduzir o desemprego com criação de infraestruturas, atração de investimento e formação para o empreendedorismo. No fundo, o “Gondomar Empreendedor” é o resultado destes três fatores.
Temos que investigar onde é que o Município pode agir em termos de captação de investimento industrial para depois criar emprego.
Durante a sua apresentação anunciou também a criação de uma Comissão de Honra, composta por ilustres gondomarenses, que iriam avaliar as propostas do seu programa eleitoral. Pode adiantar quem irá presidir essa comissão? Ainda não vou adiantar o nome do presidente dessa comissão. Ainda é cedo para o fazer.
Anunciou também a retoma dos apoios financeiros às Associações Humanitários de Bombeiros para valores que vigoravam até 2013... ... que é uma medida muito importante para o Município. As corporações de bombeiros têm uma grande importância para os concelhos e os seus territórios.
Em Gondomar, os bombeiros estão a receber menos do que recebiam em 2013, porque os custos operacionais têm subido de uma forma brutal. Tenho visitado as corporações e estas não se sentem justamente apoiadas. Tendo em conta este problema, temos que agir. Além disso, este concelho precisa de recuperar a sua identidade.
Como é que sugere que se recupere essa identidade? Podemos recuperar essa identidade com o regresso do Coração de Ouro de Gondomar. E não sou eu que digo isto, são as pessoas.
Temos também uma riqueza enorme nos grupos etnográficos que invejam muitos municípios vizinhos. Temos lendas, tradições, narrativas e muitos outros aspetos identitários que necessitam de ser conjugados.
Uma das minhas ideias é a criação da Casa da Memória Gondomarense, onde seria possível realizar exposições anuais sobre cada um dos setores históricos de Gondomar.
Defendeu também a criação de um programa cultural para o concelho. Como é que idealiza essa programação? Vejamos o caso das marchas populares de São Pedro da Cova. Eu estive lá e fiquei admirado com a adesão daquela iniciativa. É fundamental dar um apoio relevante às marchas de São Pedro da Cova.
Os tapetes florais de Fânzeres, que não tiveram apoio nenhum do Município. Todas as festas populares e romarias do concelho merecem ser apoiadas.
Estamos também a equacionar trazer uma mostra bienal de arte para Gondomar.
Se focarmos outros assuntos como, por exemplo, a conclusão do saneamento no alto concelho. O que gostaria de ver implementado? A conclusão da rede de saneamento no alto concelho é uma grande prioridade para nós. A criação de infraestruturas tem que ser muito bem pensada porque acabou a época dos elefantes brancos. Há relvados sintéticos para colocar, redes viárias para construir e equipamentos para modernizar.
Também temos que fixar jovens, com residência e trabalho em Gondomar. Queremos modernizar as áreas industriais e também queremos captar investimento estrangeiro para o concelho. Temos que contar com as associações representativas da área empresarial.
Além disso, também quero organizar as “Conferências Gondomar 20-30”, que estão relacionadas com esta auscultação que tenho vindo a realizar. Queremos ouvir as pessoas, porque de uma vez por todas temos que parar e pensar Gondomar, o que não tem sido feito nos últimos quatro anos.
Como é que vai ser capaz de financiar esses projetos? Temos fontes de financiamento comunitárias e também temos fontes nacionais. Além disso, estou a contar com parcerias com outros municípios. Já estamos em contacto com candidatos da minha área [PSD].
Qual é o grande objetivo desta candidatura? O grande objetivo é, invariavelmente, vencer a candidatura à presidência da Câmara de Gondomar. Queremos ganhar todas as Juntas de Freguesia também. Não me recordo de um ano com tanta qualidade nos candidatos apresentados às Juntas de Freguesia. É por isso que digo que é possível ganhar em todas as frentes.
Admite fazer coligação com alguma candidatura num cenário pós-eleitoral? Não considero esse cenário. Vamos ganhar, vamos ganhar e vamos ganhar!
Independentemente do cenário pós-eleitoral, no próximo mandato os gondomarenses podem contar com o Rafael Amorim? Claro que sim. Eu saí da Câmara de Gondomar em 2010 e, desde então, sempre ajudei este Município. Estive no cargo para ajudar os gondomarenses e sempre fiz o que podia.
Numa entrevista ao nosso jornal, o presidente da Comissão Política Concelhia do PSD admitiu que a coordenação dos vereadores do PSD durante este mandato não foi a melhor. Quer melhorar esse trabalho? Sem dúvida alguma.
Candidatos do PSD à Câmara Municipal de Gondomar: 1 - Rafael Gomes Amorim 2 - Nelson Jorge Sousa Neves 3 - Idalina Maria Guimarães Batista Ribeiro Pereira 4 - António José Barros Aguiar Pereira 5 - Paulo Diogo Monteiro Tavares 6 - Ana Luísa Coutinho Martins Delindro 7 - Cecília Bela Oliveira da Costa Santos 8 - Diogo André Monteiro Couto 9 - Liliana de Sousa Ferraz 10 - Vitor Rocha Miranda da Silva 11 - Vitor Manuel Carvalho dos Santos 12 - Joana Cristina Costa Brito 13 - Maria Fernanda Freire da Mota Rocha 14 - Manuel dos Santos Lopes 15 - Carla Fernanda Coelho Madeira 16 - Susana Gandra de Sousa