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Quiosques de Gondomar: Fechar portas não é uma opção

Em tempos de pandemia um dos estabelecimentos que auxiliou na divulgação de informação foram os Quiosques. É nesse sentido, que fomos falar com três que se localizam no concelho de Gondomar para perceber o que é que os motivou nestes tempos mais conturbados e qual a perspetiva dos mesmo quanto ao futuro da informação.

Há cerca de 31 anos que Olinda Azevedo decidiu tomar conta deste espaço situado em São Caetano, Rio Tinto. Uma mulher de 74 anos, com um espírito independente, lutador e empreendedor que não prevê deixar de trabalhar assim tão cedo. Desde tenra idade que o trabalho está presente na sua vida e aliado a esse facto, não consegue estar parada. Apesar de já ter tido outros espaços comerciais, Olinda revela que o maior erro da sua vida foi ter tomado conta do Quiosque, porque a sua paixão sempre foi uma confeitaria que outrora era proprietária.

“O Quiosque é um trabalho muito complicado, na altura isto para mim foi um bicho de sete cabeças”, explica a proprietária que continua a referir que “Isto é tudo à consignação e então o que é que acontece? A casa é nossa, mas nós não mandamos na nossa casa, os fornecedores dos jornais, das revistas, é que mandam aquilo que eles entendem e depois acumulamos aquilo que não se vende. E porque é que eles fazem isto? Porque automaticamente é facturado e nós pagamos. Posteriormente há de ser creditado quando devolvemos”. Olinda explica que, se fosse mais nova já tinha mudado de área, “Eu não aconselho este trabalho a ninguém”, no entanto fechar as portas não é uma solução que tem em mente, porque Olinda afirma que não consegue estar parada em casa.

Aliado a este facto exposto pela proprietária, Olinda aponta ainda que a acumulação dos jornais e das revistas deve-se ao facto de que as pessoas estão cada vez menos à procura dos suportes físicos e a internet está a ganhar terreno. Com a pandemia, Olinda diz que “Estive sempre aberta. Não encerrei porque nós podemos trabalhar, dado que é considerado um bem essencial. Nunca tive medo. Tenho produtos aqui para desinfetar as mãos até dizer chega”.

É na zona da Várzea, na freguesia de Fânzeres que Domingos Afonso Lei tem o seu Quiosque há 26 anos. Domingos decidiu abrir este espaço após ter ficado deficiente devido à Guerra Colonial, “Na altura tinha 4 filhas pequenas e a minha mulher não trabalhava. Hoje a vida está diferente, se fosse hoje não abria este espaço, entretanto continuo com isto aberto porque a minha filha é minha funcionária”.

Com 75 anos reconhece que, apesar do “Negócio estar cada vez pior”, parar está fora de questão, porque para o próprio “Parar é morrer. Eu moro num apartamento e gaiolas não é para mim”. Quanto ao futuro, Domingos acredita que “Isto vai acabar” e compara que, antigamente, eram vendidos por dia 150 a 200 jornais e, hoje, são vendidos cerca de 90, “Acredito que isto vai tudo para o digital”.

Com a pandemia os serviços prestados funcionaram normalmente, “Vinha na mesma trabalhar, não tinha problema nenhum. Como sempre às 6h da manhã já estava aqui, pronto para mais um dia de trabalho”. Ao longo destes 26 anos de casa e com a pandemia, Domingos explica que a única solução para ultrapassar as dificuldades é arregaçar as mangas “Encará-las e continuar a trabalhar”. Para a filha Celeste Silva a força de vontade do pai é admirável “É um or- gulho para nós a força que ele tem com 75 anos”.

No alto concelho, mais propriamente na Freguesia de Foz do Sousa, encontra-se o Quiosque de António Pinto. O proprietário abriu este espaço em 2004 e ao longo destes últimos anos muita coisa mudou, principalmente, com a chegada da internet. “Senti umadiminuição na procura. Antes ficava o dia todo aqui, agora já não compensa”, explica o responsável.

Antes de ter este espaço, António tinha uma drogaria, mas “Não dava nada e como não tenho muitos estudos decidi abrir o Quiosque”, dado que uma das suas paixões passa por ler jornais. É esse sentimento que o ainda faz manter as portas abertas. Todos os jornais que chegam ao seu quiosque são lidos pelos olhos atentos de António. Mesmo com a pandemia às pessoas continuaram a vir comprar o seu jornal.

O responsável do quiosque revelou que ficou encerrado durante um tempo, porque ficou contaminado com o Covid-19. No entanto, quanto ao futuro a opinião de António é semelhante aos outros proprietários “Com a internet e aos poucos isto vai acabar. Para mim é importante manter o impres- so porque é bom folhear um jornal ou uma revista. No entanto, devido ao digital, vejo um futuro difícil”.

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