
Valores variam entre o “insuficiente” e o “mau”, revela estudo da Universidade Fernando Pessoa e LIPOR
A 11 e 12 de fevereiro, o auditório da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, recebeu 1.º Workshop ‘Rio Tinto: passado, presente, futuro?’ que apresentou os resultados de um estudo preliminar sobre o estado do rio Tinto.
“O que se verifica é que a qualidade da água do rio varia entre o ‘insuficiente’ e o ‘mau’, consoante o local do rio onde nos encontramos. No entanto, há alguma esperança porque ao longo deste ano e meio de trabalho os valores vieram a melhorar ligeiramente. Isso faz-nos pensar que uma ação continuada poderá passar a qualidade de ‘insuficiente’ para ‘média’ e assim consecutivamente até atingir um estado considerado ‘bom’”, revela Teresa Jesus, coordenadora do ‘Projeto Rio Tinto’, desenvolvido em parceria entre a Universidade Fernando Pessoa e a LIPOR. A professora da Faculdade de Ciência e Tecnologia explica ao Vivacidade que o objetivo do estudo é 2melhorar a qualidade da água.” “É isso que pretendemos com este trabalho de monitorização. Inicialmente detetamos os focos de poluição real do rio e agora queremos manter esta monitorização para registarmos as alterações fruto das modificações que vão existindo. Com esta iniciativa pretendemos incentivas o envolvimento das entidades para uma alteração significativa do problema do rio Tinto. Temos tido várias reuniões entre os parceiros deste projeto. As reuniões têm sido produtivas e neste momento estão a ser feitos os projetos de recuperação e depois vamos avançar para uma fase de recrutamento de financiamento para esses projetos. Obviamente temos que concorrer os projetos a fundos comunitários”, esclarece ainda Teresa Jesus. Durante dois dias, o auditório da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, recebeu 1.º Workshop ‘Rio Tinto: passado, presente, futuro?’ que apresentou os resultados de um estudo preliminar sobre o estado do rio Tinto. O workshop contou com o apoio e intervenção dos Municípios de Gondomar, Maia, Porto e Valongo bem como da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Águas de Gondomar, Porto e Valongo e algumas ONG’s, tais como o Movimento em Defesa do rio Tinto.
Ligação da rede de águas à ETAR do Freixo “só vai adiar o problema”
Apontada como um dos “três pontos negros” do estudo, a ETAR do Meiral, em Rio Tinto, foi também alvo de estudo e visita já que, segundo a coordenadora do projeto, “tem vários problemas” “Um deles é a falta de uma estação elevatória que faz o levantamento do caudal da água na chegada à ETAR e que calcula a carga orgânica da mesma”, explica. Em causa está o excesso de água que chega a esta ETAR e que é descarregada no rio Tinto, não tendo este último capacidade para a receber.
[caption id="attachment_1546" align="alignleft" width="300"]
Em cima da mesa, está uma solução de 2 milhões euros – já avançada anteriormente pelo Vivacidade – de reencaminhamento de águas para a ETAR do Freixo. A ligação permitiria que as águas tratadas fossem lançadas num ponto mais a jusante do rio. “Essa solução só vai adiar o problema da ETAR do Meiral para a ETAR do Freixo. Também já nos falaram de outra solução que prevê a construção de um emissário que recebe as descargas das ETAR’es e coloca-as no rio Douro. Essa poderá ser a solução, porque o rio Douro já tem maior caudal e pode dissolver as descargas”, elucida Teresa Jesus. Apesar da ETAR “já cumprir os parâmetros exigíveis”, segundo Jaime Martins, diretor geral da Águas de Gondomar (AdG), que também participou no workshop], a empresa “ continua disponível para promover o meio ambiente”. “Fizemos um pré-projeto da nossa responsabilidade e já apresentamos aos nosso parceiros. A ideia é celebrar um protocolo em conjunto e fazer uma candidatura a fundos comunitários. O projeto pode ultrapassar os 2 milhões de euros”, revela ao Vivacidade, Jaime Martins, referindo-se ao reencaminhamento das águas da ETAR.
[caption id="attachment_1549" align="alignright" width="300"]
Para Nuno Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, a solução passa por “trabalhar o rio.” “O nível de comprometimento tem que ser integrado e total por parte de todas as entidades. Para reabilitarmos o rio precisamos de um conjunto de entidades que têm a sua responsabilidade. Infelizmente acho que nem todas as entidades assumiram as suas responsabilidades. Estou, principalmente, a falar das Águas de Gondomar”, esclarece o autarca. A Câmara de Gondomar fez-se representar por Pedro Teiga, coordenador do Projeto Rios, que falou da problemática do rio e referiu que a autarquia está disposta a investir na revisão das águas pluviais. No encerramento do evento, o presidente da Câmara, Marco Martins, esteve presente e destacou a requalificação – prevista para breve – do centro de Rio Tinto, com o nascimento de um Parque Urbano e requalificação das linhas de água na zona.
“Promiscuidade entre águas residuais e pluviais fazem aumentar imenso o caudal do rio que não tem capacidade para suportar as descargas”
Com intervenção no workshop esteve também o Movimento em Defesa do rio Tinto, representado pelo porta-voz Paulo Silva, que diz existir uma “promiscuidade entre águas residuais e pluviais fazem aumentar imenso o caudal do rio que não tem capacidade para suportar as descargas.” “Quero acreditar que é possível pôr a ETAR a funcionar nos limites legais”, referiu Paulo Silva na sua intervenção. “Fiquei muito satisfeito ao ouvir o engenheiro Pedro Teiga dizer que a Câmara ia investir na revisão das águas pluviais. Esperemos que alguma coisa se concretize porque nos últimos oito anos nada aconteceu”, afirmou por fim.