As sondagens são instrumentos válidos de perceção do sentido de voto dos eleitores e são feitas ao longo dos anos, raramente falhando o sentido de voto de uma eleição. Porém, o que assistimos nestas eleições foi um constante vai e vem de sondagens numa base diária, o que veio a resultar numa distorção da realidade do que foi a real intenção de voto da população portuguesa.
Nesse sentido, e o facto de o sentido das sondagens darem como certo um empate técnico entre PS e PSD, fez com que o voto útil se materializasse numa maioria absoluta do PS que nenhuma agência de sondagens parecia prever.
É mais do que certo que as mesmas exerceram uma influência no sentido de voto, algo que nunca antes tinha sido visto na democracia em Portugal. O que falhou nesta análise de resultados? Em que falharam as previsões e as sondagens? Como certos comentadores políticos afirmaram, as próprias sondagens fizeram com que as mesmas falhassem.
Posto isto, o que é que muda em Portugal com estas eleições? A maioria absoluta do PS faz com que as linhas vermelhas impostas pelos partidos de esquerda ao longo dos últimos 6 anos não venham a ser respeitadas.
Não nos podemos esquecer que foram esses mesmos partidos que puseram na agenda nacional as medidas de apoio à população que alavancaram os resultados do PS. A oposição à esquerda nesta nova legislatura tem que ser forte. Não só para fiscalizar o poder renovado com esta maioria absoluta mas para pôr um travão aos recém eleitos deputados da extrema direita e da direita liberal. A luta continua e com ela a defesa dos direitos e a qualidade de vida de quem trabalha serão temas fortes no mandato que se antevê difícil. ■