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OMS comemora 40 anos de existência

A comemorar os seus 40 anos de história, a OMS- Oliveira Monteiro & Soares SA, conta com uma facturação anual de oito milhões de euros, o que a coloca num patamar de destaque no mercado gondomarense. Atualmente, emprega na sua casa 30 funcionários e apesar de ser veterana no mercado, a inovação, a qualidade e a responsabilidade, são três pilares fundamentais na história desta empresa. Para celebrar esta data, Manuel Monteiro, reuniu funcionários, família e várias entidades num jantar que decorreu na Quinta da Igreja, em Fânzeres.

[caption id="attachment_24434" align="aligncenter" width="416"] Marlene Monteiro, Manuel Monteiro, Elisa Monteiro e Isa Monteiro[/caption]

Como é que tudo começou, como é que teve a ideia de fundar a Oliveira Monteiro & Soares?

Tudo começou quando, terminei o meu serviço militar onde comecei por realizar alguns projetos para moradias. Mais tarde, por volta de 1972\73, comecei a trabalhar com material de construção. Na altura havia falta de alguns materiais e eu consegui um contacto para os arranjar. Basicamente, o que quase ninguém conseguia, eu consegui. Desta forma, como já tinha experiência na área, quando fundamos a empresa em 1982, os clientes já sabiam quem nós éramos.

Então para além de vender materiais de construção, também fazia projetos para casas...

Sim, sim, até 2000. Até esta data, tínhamos dentro da empresa, um gabinete de projetos.

Começou a empresa sozinho?

Apesar da iniciativa ter sido minha, contei com ajuda do meu sogro, do meu cunhado e da minha mulher. No fundo, quem funda esta empresa somos nós os quatro. Antes de formarmos a empresa era o meu sogro que controlava os pendentes, porque como não havia telemóveis e como estava a trabalhar para outra empresa, ele é que tinha mais disponibilidade. Depois, quando criamos a empresa, ele ficou sócio.

A ideia inicial era para ser o meu cunhado a cuidar da empresa, entretanto, como sai do meu anterior trabalho, assumi eu a responsabilidade. Foi relativamente fácil entrar no mercado da construção, tive oportunidade de construir a minha casa e comprar dois carros.

Mas esse fácil, foi com trabalho...

(risos) Claro que sim... Foi com muito trabalho. Assim, quando tomei a decisão de sair da outra empresa, cheguei ao escritório e pousei a chave, recordo-me de ter saído a chorar, porque apesar de tudo sentia-me bem onde trabalhava, mas tive que sair e sei que se falasse com o meu chefe, corria o risco de voltar atrás na minha decisão... Esta foi uma decisão que tomei sozinho, não tive a influência de ninguém. Felizmente as coisas correram bem...

Sei que, sobretudo os meus familiares tiveram receio, quando comuniquei a minha decisão. Eu próprio também tive, mas sabia que conseguia gerir a minha própria empresa, porque era algo novo.

Depois entrei em duas novas áreas, que no qual não tinha nenhuma experiência, que foi a construção e a compra e venda de propriedades. Tínhamos os projetos e tínhamos o material de construção, mas tínhamos essas duas lacunas. Apesar de termos entrado nesses dois ramos, durou pouco tempo, principalmente a parte da compra e venda de casas, porque não me sentia bem a trabalhar com isso. A construção demorou mais algum tempo, mas também acabei por deixar esse ramo. Fiquei só a vender os materiais de construção e com os projetos, até 2000.

A ideia inicial era para ser o meu cunhado a cuidar da empresa, entretanto, como sai do meu anterior trabalho, assumi eu a responsabilidade.

Nessa fase até 2000, são 18 anos em que a empresa deu um salto enorme...

Deu. Até 2000, nós tivemos sempre os clientes a puxar por nós. Eles puxavam e nós íamos atrás... com mais carros, mais camiões...

[caption id="attachment_24439" align="aligncenter" width="503"] Cláudia Vieira, Manuel Monteiro e Francisco Laranjeira[/caption]

Quando diz puxar, é vender mais...

Exatamente. Eles pediam os produtos, quer dizer se calhar era o mercado em geral, porque não havia tijolo. De 2000 para cá, tudo mudou. Mudou a procura. Mudou muita coisa. Mesmo a nível dos fornecedores.

O mercado mudou para melhor ou para pior?

Mudou. Não se chega a ter uma perceção se foi melhor, ou pior... também a idade pesa muito nestas coisas, às tantas não foi o mercado e fui eu... (risos), porque tudo pesa.

O que é que distingue a sua empresa das restantes do concelho? É uma das maiores empresas na venda de materiais de construção civil do distrito do Porto?

Somos ou éramos os primeiros, agora não tenho a certeza, mas éramos os que comprávamos mais cimento no distrito do Porto. O que nos distingue? Diria que em primeiro, o conhecimento que temos da área. Em segundo, arranjamos sempre uma solução para o nosso cliente, não a mais cara, mas a que consideramos a mais apropriada e económica, ou seja, somos uma empresa de confiança. Nós preferimos não vender do que estarmos a enganar o cliente, quanto a isso, somos corretos. Assim, se o cliente vem pedir um produto e se nós achamos que esse produto não vai resolver o problema, não o vendemos. Preferimos assim, do que depois termos o cliente chateado e ficar com a ideia de que impingimos um produto que não lhe resolveu o que pretendia e foi assim que nós conseguimos conquistar a confiança.

Conhecimento, confiança e competitividade são características muito importantes?

Há um tempo disse a um dos nossos fornecedores que, não fazia sentido o valor que estava a ser praticado, porque determinadas empresas conseguiam vender mais barato e ele respondeu, que não importava o preço, porque o que realmente importava era a qualidade nos serviços. Se for pelo preço, nunca vamos chegar lá, porque o outro, vai fazer sempre um cêntimo mais barato. Nesse sentido, nós conseguimos a distinção no mercado pelo serviço e pela sua qualidade.

Há um pilar que há pouco não referiu que é a modernização. Desde 1982 que, a sua empresa conseguiu acompanhar o mercado e a sua evolução, sendo que teve sempre em conta a sua modernização...

Eu acho que não foi o mercado a pedir, fomos nós a oferecer... Nós tivemos sempre a perceção do que era necessário. Outro ponto que nos preocupou, foi a formação dos nossos funcionários. Para nós, o conhecimento é importante. Porque o mercado está sempre a evoluir e as suas exigências são cada vez maiores. E, para não estagnar, temos que acompanhar esta evolução.

Falar da OMS é claramente falar de si, como é o seu dia de trabalho hoje, com 74 anos?

Trabalho pouco (risos). Mas é engraçado, porque nunca fui de trabalho fisico, sempre gostei mais de gerir e lidar com pessoas. Por isso, uma das minhas exigências são os horários. Nesse aspeto, tenho que dar o exemplo aos outros. Eu não posso permitir que os meus funcionários estejam a trabalhar e eu esteja na cama até às 12h. Portanto, eu venho para aqui todos os dias de manhã, sou dos primeiros a começar e sou dos últimos a sair. Mas sempre acreditei que o exemplo tem que partir de cima, ou seja, de mim.

Eu não posso permitir que os meus funcionários estejam a trabalhar e eu esteja na cama até às 12h. Portanto, eu venho para aqui todos os dias de manhã, sou dos primeiros a começar e sou dos últimos a sair.

As grandes decisões da sua empresa, são tomadas por si?

Em colaboração com as minhas filhas. Estamos aqui os três e cada vez mais, tenho que passar essa parte para elas...

Então, as suas filhas e a sua mulher continuam a ser o seu pilar...

Sim, sim. Felizmente, as minhas filhas estão a desempenhar um bom papel. Também foram educadas para isto, para não dizer que cresceram dentro desta empresa. Elas já têm muitos anos de casa. Eu sei que para elas, não é fácil, porque cada uma tem a sua própria vida, mas elas estão a conseguir dar conta do recado.

Está perfeitamente tranquilo com a geração seguinte...

Espero que sim. Estou confiante que sim, porque ambas tem condições para isso. O mercado é outro. E é um comboio em andamento e nesse sentido, o esforço é menor, embora uma coisa é certa, com a constante evolução, não podemos ficar parados, porque isso significaria ficar para trás. Temos ainda um relacionamento muito bom com os nossos fornecedores, o que também não podia ser de outra maneira, porque também somos corretos com eles.

Nestes 40 anos, há alguma coisa que se arrepende?

Acho que não. No dia que sair, irei de cabeça tranquila, porque considero que fiz tudo bem feito, fui sempre correto com tudo. Não há nada que me tire o sono, porque sempre que precisei de voltar atrás, ou pedir desculpa, sempre o fiz. Para mim, é importante ser humilde. Talvez pudesse ter feito mais, mas no fim consegui todos os objetivos e mais um.

O que é que não abdica no seu dia a dia?

Do trabalho (risos).

É um homem de rotinas, ou tem algum gosto em particular, onde possa dizer, eu ‘’Trabalho tanto, esforço-me tanto e por isso, mereço gastar mais um pouco de dinheiro nisto’’... é um homem disto ou não?

Viagens... É o meu prazer. E tenho tido a sorte de não gastar dinheiro com isso, porque normalmente, oferecem-me viagens. Eu gosto muito, porque aprendo muito com as outras culturas.

Deve um obrigado a alguém?

Ao meu pai e à minha mãe (emocionado), porque não foi fácil, nós somos dez irmãos e eu sou o mais velho. Muita da minha escola veio deles. Houve muitas coisas que me marcaram, acredito que tudo influenciou para que hoje estivesse onde estou... E claro que, também devo esse obrigado à minha família e ao meu sogro que me ajudou muito. Para não falar das minhas três mulheres. ■

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