O Sport Clube de Rio Tinto comemorou seu o centenário, a 1 de Julho, e contou com a presença do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, do Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins, do Vice-presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Luís Filipe Araújo e com o Presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Nuno Fonseca.
As celebrações do centenário foram dividas em duas partes. A primeira consistiu numa visita pelas instalações do Estádio Sport Club de Rio Tinto com a presença do Secretário de Estado, do Presidente da Câmara de Gondomar, do Vice-presidente e do Presidente da Junta de Freguesia. Após a visita os atletas do Clube esperavam-nos no campo para que fossem cantados os parabéns, antecedidos pela atribuição da Medalha de Mérito Desportiva por parte do Governo Central, na pessoa do Secretário de Estado. A segunda parte, decorreu na Quinta das Freiras, em Fânzeres, um jantar comemorativo do centenário, para sócios e atletas que contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, do presidente da Junta de Freguesia de Baguim do Monte, Francisco Laranjeira, do presidente do Clube, Joel Fernandes e do Comandante dos Bombeiros Voluntários da Areosa e Rio Tinto, João Nunes.
Durante a visita o Secretário de Estado, João Paulo Correia, realçou a importância não só do marco histórico (os 100 anos de clube) como também do contributo que dá a comunidade ano após ano com o crescimento de praticantes federados. “Portugal tem o número recorde de atletas federados em mais de 60 modalidades, ultrapassamos a barreira dos 700 mil atletas federados e ultrapassamos largamente o número que tínhamos de federados em 2019, ano pré-pandémico. O futebol tem dado um grande contributo para esse crescimento como muitas outras modalidades. Dentro daquilo que é a modalidade do futebol há um aumento de praticantes femininos e para isso têm contribuído vários clubes como é o caso do Rio Tinto, que apostou muito nas equipas femininas e tem apresentado resultados, não só títulos nacionais como no número de atletas, quer masculinos quer femininos”, referiu.
Foi entregue, pelo Secretário de Estado, a Medalha de Mérito Desportiva por parte do Governo Central justificada “pelo marco histórico do Sport Clube de Rio Tinto e pelo contributo que o clube foi dando à sua comunidade ano após ano. É também uma medalha que reconhece o apoio dos sócios da junta de freguesia, da camara, digamos que é o resultado de um trabalho que tem sido feito época após época com resultados à vista”.
O presidente da Câmara Municipal de Gondomar destacou a importância do Clube para a freguesia de Rio Tinto e também para o concelho. “É um orgulho ver o Sport Clube de Rio Tinto com o palmarés que tem e é um sinal de que o clube está num bom caminho independentemente da divisão em que se encontra. É uma instituição que tem cerca de 400 atletas dos quais 150 são femininos, o que representa cerca de metade dos atletas do clube”. O edil mostrou-se, ainda, orgulhoso da Medalha de Mérito Desportiva que foi entregue ao clube pelo Secretário de Estado, congratulando-o.
Já para o presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Nuno Fonseca, a receção desta medalha “é importante porque nome do clube já sai das fronteiras da freguesia, portanto é o reconhecimento nacional. Mostra a importância que o clube tem para o desporto e do que tem conquistado não só a nível da Associação Clube do Porto, mas também a nível nacional. Esta medalha evidencia que o Sport Clube de Rio Tinto já é uma marca nacional”.
Grande entrevista ao Presidente do Sport Clube de Rio Tinto
No âmbito das comemorações do centenário do Sport Clube de Rio Tinto, o VivaCidade esteve à conversa com o presidente do Clube, Joel Fernandes.
Apesar de não estar presente de forma física nos 100 anos do clube, qual é o balanço que faz ao longo destes anos?
O balanço só pode ser positivo. Desde logo pela forma como o clube chega e se encontra ao fim de 100 anos, provavelmente seria o que quem há 100 anos queria. É um clube que se tornou não só uma referência local como também nacional. Tem crescido de várias formas como ao nível das infraestruturas, de equipas e agora com o aparecimento do futebol feminino. É uma referência na freguesia, no concelho e está cada vez mais a consolidar-se como uma referência nacional. O balanço só pode ser positivo não deixa dúvidas a ninguém.
No decorrer dos anos foi falada uma possível fusão do Sport Clube de Rio Tinto com o Atlético de Rio Tinto, ainda é uma possibilidade?
O Rio Tinto três anos depois de ser fundado surge uma discussão interna entre as pessoas que eram da Venda Nova e as da Estação. E, por isso, houve a fundação do Atlético de Rio Tinto. Ambos os clubes já tiveram momentos bons e maus um com o outro, mas neste momento diria até que há excelentes relações. Obviamente que eu acho que se houvesse apenas um clube na freguesia seria mais forte do que os dois clubes separados, mas essa questão não se coloca porque não tem havido conversação nesse sentido. Não depende apenas de uma parte, mas das duas. Não sei se algum dia será possível. Se isto fosse proposto iria ser algo a discutir muito seriamente.
O que é que mostra a visita o Secretário de Estado ao clube precisamente na data do seu centenário?
Mostra a importância que o clube tem. Porque termos a visita do Secretário de Estado precisamente no dia do aniversário, encaixando na sua agenda a visita ao Sport Clube de Rio Tinto e trazendo consigo, ainda, uma condecoração do Governo Central, a Medalha de Mérito Desportiva, diz bem da importância do Rio Tinto para o desporto nacional. Para nós é um motivo de orgulho e de motivação para continuarmos a dar o melhor à instituição e acima de tudo foi uma homenagem justa a todos os que passaram no clube ao longo destes 100 anos e que foram tão importantes para estarmos onde estamos hoje.
A nível económico o clube é autossuficiente?
A situação é estável. Se calhar não tão estável como nós gostaríamos que estivesse, claro que nós continuamos a precisar e, felizmente, também temos tido por parte do Estado, da Autarquia, das Juntas de Rio Tinto e Baguim do Monte, e de algumas entidades privadas, apoio financeiro e em géneros. Esta ajuda é importante para conseguirmos manter o clube com esta vitalidade e estabilidade financeira. Apesar de ainda não estarmos onde gostaríamos de estar, permite-nos fazer um trabalho sério e ter um projeto consolidado e alicerçado em todos os níveis.
A nível de orçamento, qual é o orçamento do clube?
O futebol sénior ronda 80 mil euros. Parte deste orçamento vem da cotização dos sócios que é muito pequena para a dimensão da cidade de Rio Tinto, fica muito aquém, tem cerca de 700 sócios com 400 pagantes, que é pouco com a realidade que temos à volta. Estamos a analisar formas de atrair as pessoas a fazerem parte deste clube enquanto sócios para também conseguirmos ter uma maior margem de gestão do orçamento. Estamos até a pensar ter novas modalidades para irem de encontro com a população e nos dois géneros se possível, mas estamos limitados devido às infraestruturas. Queremos também utilizar este local como uma via mais cultural para fazer com que as pessoas passem em cá mais vezes e ganhem outro carinho pelo clube e se predisponham a apoiar.
Que modalidades é que têm?
O futebol, com todos os clubes todos de formação dos quatro anos ao escalão sénior seja no masculino seja no feminino, a nível nacional. De realçar que somos o clube com mais atletas (femininas) inscritas dos 6 aos 12 anos a nível nacional. Não há mais nenhum clube no país com este número de atletas inscritas e é muito significativo e diz bem do clube neste momento. Além disto temos bilhar, ciclismo e futegolf (que é golf jogado com os pés).
Quais são os objetivos para este ano?
Os objetivos este ano são muito particulares porque vai haver uma reformulação nos quadros competitivos do Porto. Vai existir uma reformulação de elite no ano 24/25 e passará a apenas a uma série e para se continuar na divisão mais alta da Associação Futebol Clube do Porto vai ser preciso ficar nos sete primeiros classificados. É exequível. O Rio Tinto não pode ficar para trás e não pode perder esta oportunidade de nos mantermos na principal divisão da Associação porque a realidade é que quem não ficar nos sete primeiros é como se descesse de divisão e é como digo, o Rio Tinto tem de se afirmar nesta divisão para se pensar a curto prazo ir para um campeonato nacional.
A curto prazo acredito que vamos passar a profissionalização, acho que esse passo aqui é um passo que tem mesmo de ser dado. E provavelmente termos de criar uma SAD ou um SEDUC. São passos que são perigosos de dar, bem firmes e com os parceiros certos, mas acredito que se quisermos olhar para a futuro teremos de dar. Até porque o Rio Tinto teve 2 títulos nacionais que nunca tiveram, sub-15 feminino a taça nacional e este ano o campeonato de sub-19 feminino.
A quem deve um obrigado?
A muita gente, a toda a gente que passou por aqui, atletas, dirigentes, a toda a gente que ajudou o clube e que continua a ajudar. Sem ajuda da Câmara Municipal de Gondomar, das juntas de Rio Tinto e Baguim do Monte e sem as empresas que nos ajudam e que já nos ajudaram no passado seria impossível chegar até aqui. Obrigada aos atletas, aos pais dos atletas, às famílias, que sem eles também não existia clube.