
A galeria Souto Center, no centro de Gondomar, vive um período difícil há mais de um ano, altura em que o supermercado da cadeia alemã se mudou. Os poucos comerciantes que ainda sobrevivem apontam o dedo à empresa de retalho, que ainda não vendeu ou arrendou a antiga loja.
O 'coração' do Souto Center é a loja de 1435 m2, a maior da galeria e aquela que faz mover o comércio vizinho. O Lidl instalou-se nesse espaço e a ele atraiu clientes e muito movimento. Era assim até há um ano. Entretanto, o Lidl transferiu as suas instalações para outra localização, a cerca de 400 metros, junto à autoestrada 43, e a loja-âncora – como lhe chamam os comerciantes – ficou vazia.
“Era a loja que angariava todos os clientes”
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A porta principal do Souto Center, do lado do anfiteatro do Souto, continua aberta mas quem entra terá dificuldades em perceber se isso significa que a galeria também o está. Das dezenas de lojas disponíveis, rareiam aquelas que continuam a operar, especialmente as que estão no interior, sem frente para a rua. No dia em que o Vivacidade fez a reportagem, Américo Barros, comerciante de equipamentos electrónicos, há cinco anos naquele espaço, estava a preparar o fecho da sua loja. Enquanto faz os últimos arranjos, lamenta não apenas a situação. “Repare”, diz-nos num tom pesaroso, “o Lidl era a loja que angariava todos os clientes. Assim, sem soluções, sinto-me obrigado a fechar. Não tenho clientes”, lamenta, apesar da boa localização da sua loja.
Eventos para clientes que não chegam
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Alexandra Oliveira trabalha há dois anos num café, a meio do corredor central da galeria. Indigna-se quando pensa que os preços que pratica são “abaixo da concorrência mas que mesmo assim não tem clientes”. “Não sabemos mais o que fazer. Tentamos de tudo. Fazemos eventos regulares, como o do dia 14 de Fevereiro, e outros que virão, mas não têm o retorno esperado”, lamenta. Enquanto vai atendendo os poucos clientes que aparecem, Alexandra fala das soluções possíves. “Sabemos de pelo menos três potenciais interessados. Vieram ter comigo, falei com alguns deles e encaminhei-os. Depois disso, nada soubemos. Deixaram de estar interessados, talvez pelo preço da renda e do valor do condomínio”, presume. “O Lidl não quer arrendar a loja à concorrência e isso vai-nos levar à falência”, afirma Alexandra. “Não tenho esperança que a situação mude”, confessa. Mais à frente, Soledade Almeida, comerciante e proprietária da loja onde trabalha, vê o problema antes do Lidl. “Não me parece que o facto de a cadeia ter saído daqui tenha sido determinante. Já antes algumas lojas tinham abandonado a galeria”, afirma. Questionado se pode estar em causa uma questão concorrencial, Soledade responde: “Parece-me natural. O Lidl é o dono da loja e arrenda-a a quem quiser”.
Muitos interessados, nenhum acordo
Isabel Neves Pinto, comerciante do 'Souto Center', conhece a posição da cadeia internacional. “Está fora de questão. O Lidl não vai arrendar a alguém do mesmo ramo de negócio. É uma decisão da própria marca que reduz o leque de possibilidades”, afirma. “Sabemos que era uma verdadeira loja-âncora e que por ter fechado obrigou outras lojas a fazerem o mesmo”, conta, admitindo que “não é fácil arranjar alguém que queria ocupar um espaço daquele tipo”.
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O que está em causa
Apesar do Lidl já ter abandonado a loja, continua a ser proprietário do espaço. Tem-no actualmente para arrendamento. Alguns comerciantes da galeria acusam a cadeia de não querer concorrência e, assim, estar a afastar aquele que seria o tipo de negócio mais provável. O Lidl não respondeu às perguntas do Vivacidade, apesar de ter enviado por e-mail um curto parágrafo onde afirma ter “todo o interesse em rentabilizar o espaço” e que tem feito esforços juntos das empresas. Diz não ter recebido “até à presente data nenhuma proposta concreta para uma rentabilização séria e sustentável”.