Precisamente há dois anos atrás, escrevia neste mesmo espaço, sobre o tema dos Resíduos Perigosos de São Pedro da Cova.
Na altura, votava-se na Assembleia Municipal a expropriação total dos terrenos onde estavam depositados grande parte dos resíduos. A Câmara Municipal tomou posse definitiva desses terrenos em julho de 2020, para de imediato serem disponibilizadas à CCDR-Norte, para que a empresa contratada desse início à montagem do estaleiro e à preparação dos trabalhos, o que ocorreu em outubro do mesmo ano.
Convém lembrar que este é o maior crime ambiental nacional, que no silêncio das escombreiras das minas de carvão de São Pedro da Cova, foram escondendo a céu aberto mais de 200 mil toneladas de resíduos perigosos da Siderurgia Nacional.
Depois da sua nacionalização em 1974, e da sua nova privatização em 1995, este processo deixa a responsabilidade ao Estado, através da empresa pública Urbindústria, pela gestão dos resíduos deixados a céu aberto. Após uma primeira tentativa de aterro na Pedreira do Valado (Valongo) rejeitada pelo município competente, o lixo tóxico segue em 2001 para S. Pedro da Cova, mesmo sem autorização oficial da Câmara Municipal ou do Ministério Competente. De 2002 a 2014 só se evidenciaram factos: alertas sucessivos para a perigosidade dos resíduos, agravados pelo facto de não existir nenhum sistema de proteção ambiental.
A primeira empreitada de remoção só se dá em 2014 com a extração de 105 mil toneladas.
Em meados de maio deste ano, o Governo informou que iria disponibilizar 2,2 milhões de euros para prolongar a remoção depois de detetadas mais 28 mil toneladas, valor que corresponde a mais 20% de resíduos ainda por retirar.
Foram ainda detetados vários engenhos explosivos nas escombreiras de São Pedro da Cova, o que exigiu a intervenção da Brigada de Minas e Armadilhas da GNR, bem como o rastreamento de novos explosivos pelas forças militares do Exército português.
Estes procedimentos, sobem de 2,2 milhões de euros para 14 milhões. A autorização para este reforço de verbas foi dada em resolução do Conselho de Ministros de 18 de novembro, e publicada em Diário da República no dia 29.
Em visita ao local, José Pedro Matos Fernandes (Ministro do Ambiente e da Ação Climática) recordou os vários obstáculos que foram surgindo ao longo do tempo, deixando a garantia de que a obra de remoção dos resíduos perigosos só termina- rá quando tudo for, efetivamente, removido. A previsão é que tal aconteça no início da primavera de 2022.
Os Gondomarenses esperam esta resolução há mais de duas décadas, e é com expectativa e regozijo que finalmente se vê um fim. Um fim para os resíduos, o início de um novo traçado para o Parque das Serras e para a consciência ambiental. ■