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Nelo Silva: "Gondomar devia apostar mais nos músicos da terra”

[caption id="attachment_2893" align="alignnone" width="1100"]Nelo Silva, músico riotintense / Foto: Ricardo Vieira Caldas Nelo Silva, músico riotintense / Foto: Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Com o mais recente álbum “Nossos Momentos”, Nelo Silva, de Rio Tinto, dá início a uma nova fase da sua vida artística. Conhecido pela sua fase ‘de ouro’ com a Dupla “Nelo Silva e Cristiana” que durou 15 anos, o cantor dedica-se agora à sua carreira a solo. Uma “viagem ao passado e ao futuro, retratando as influências do artista, com vários sons e ritmos, não esquecendo o estilo romântico” é o que caracteriza o último disco do artista com 40 anos de carreira. O Vivacidade quis saber mais do músico riotintense autor de vários temas como “Felicidade”, “Ela”, “Um beijinho não se nega” e a “canção da família”.

Quando começou o seu gosto pela música? Começou quando era muito jovem. Primeiro, aos 14 anos, formei um grupo de baile com uns amigos – aqueles grupinhos de garagem – e aquilo começou a resultar muito bem. Eu era o vocalista principal. Não tocávamos só música popular portuguesa. Começamos logo a tocar músicas que estavam muito na moda, como os Beatles. Aliás, a música popular portuguesa, ainda hoje, não continua a ser a minha principal ação a nível de canto. Canto música ligeira mas sempre romântica. São músicas com ritmo, com balanço.

Se tivesse que se comparar com algum artista português da atualidade com quem é que se identificava? Talvez, por exemplo, Marco Paulo ou Toy.

Desde muito pequeno que convive com Rio Tinto. A freguesia diz-lhe muito? Sim, apesar de não ser natural de Rio Tinto, esta é a freguesia onde eu cresci, onde fiz todo o meu percurso e onde me tornei homem. Depois casei e fui viver para o Porto mas as saudades eram mais fortes e por isso voltei para Rio Tinto e agora estou a viver a um minuto de distância. Portanto, fui criado cá.

No contacto que tem mantido com o concelho, pensa que o têm acolhido da melhor forma? Eu costumo dizer que santos da casa não fazem milagres e neste caso isto assenta como uma luva. Mas não é só comigo, é com quase todos os artistas que vivem por aqui. Não vejo os meus colegas artistas daqui a terem muitos concertos pela zona de Gondomar. É uma pena porque já tenho feito alguns espetáculos na periferia e têm provocado autênticas enchentes. Ainda no ano passado estive no Centro de Ciclistas e tiveram que cortar a avenida. E penso “que Diabo! Se apostassem mais nos músicos da terra!” Aqui fazem-se umas festas muito bonitas, como o S. Bento das Peras e S. Cristóvão e, por incrível que pareça, mesmo no auge da minha carreira, cheguei a ser contactado pela Comissão de Festas e reduzi os custos a mais de metade do preço e mesmo assim não aceitaram. Foi uma coisa inacreditável.

Vir cantar “à sua terra” é um dos seus objetivos futuros? No fundo, por um lado, estou a ser um pouco injusto naquilo que disse anteriormente. Ao longo destes últimos 10 anos, o anterior presidente da Câmara de Gondomar de alguma maneira reconheceu alguns artistas e eu fui duas vezes fazer dois grandes concertos às Festas da Nossa Senhora do Rosário. Tive também a honra de fazer um espetáculo na inauguração do Pavilhão Multiusos, quando foi aberto ao público. Portanto, de quando em vez sou chamado, não vou pintar o quadro todo de negro. Acho é que deviam apostar mais.

No panorama nacional, como está o mercado da música? A situação não está fácil. As Comissões de Festas têm cada vez mais dificuldades porque não há dinheiro. As Juntas e Câmaras começaram a cortar nos orçamentos e as Comissões começam a servir-se da “prata da casa”. Vou de vez em quando aos programas da televisão, quando me convidam através da minha editora mas às vezes faço questão que não me convidem para ir a alguns programas. Porque há alguns programas que não vêm trazer nada de especial ao bom nome que o artista tem, antes pelo contrário. São programas demasiado popularuchos.

[caption id="attachment_2895" align="alignleft" width="300"]Nelo Silva, músico riotintense / Foto: Ricardo Vieira Caldas Foto: Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Que temas considera mais marcantes na sua carreira? O meu último álbum [Nossos Momentos] está a funcionar muitíssimo bem. Em termos contabilísticos, a editora dá um ano para aferir se o disco funcionou bem e a indicação que eu tenho é que o disco está a vender muito bem. Relativamente aos temas mais marcantes, ao longo destes anos todos é difícil enumerar um. Mas posso por exemplo falar de um tema que gravei para o Festival da Canção da RTP [“Entre Céu e Mar”], em 1985, que ainda hoje canto. Há um outro muito marcante que se chama “Teu Corpo Mulher” em que ganhei vários prémios. Depois já com a minha filha Cristiana há um “Como estás amor” que de facto, a nível popular, foi “uma bomba”.

Falou já por diversas vezes que se desloca a outros países, como França e Austrália para atuar. Para a sua carreira, as comunidades de emigrantes são tão ou mais importantes do que a portuguesa? Sim, mas já tudo isso já foi melhor. Houve alturas em que ia a França com muita frequência e os emigrantes vinham todos pedir autógrafos, com lágrimas nos olhos e saudades do país. Hoje isso já não acontece porque há uma proximidade muito maior. As pessoas vêm com muito mais facilidade a Portugal. E depois também há um outro fator a considerar. Hoje os filhos dos emigrantes portugueses - uma nova geração – já não se revêm muito na música e tradições portuguesas. Têm outras tendências e até já se torna um pouco difícil chamá-los a alguns eventos que vamos lá fazer.

Já tem data marcada para o término da carreira ou nunca pensou nisso? Sinceramente não pensei nisso. Enquanto eu tiver um aspeto que não dê a imagem que estou em decadência, um aspeto jovial, e enquanto a voz e as cordas vocais me permitirem chegar a um espetáculo e fazer uma hora e meia de concerto, não vou estabelecer uma meta para deixar de cantar.

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