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“Na Triana só quando os incumpridores saírem de lá é que aquilo vai ao sítio”

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Neste mês o VivaCidade recebeu a denúncia por parte dos moradores da Urbanização da Triana sobre o estado em que se encontra atualmente o Bairro Camarário. Os habitantes do espaço reclamam da falta de manutenção e limpeza dos espaços envolventes, contestam a falta de segurança, reivindicam a retirada dos telhados de fibrocimento com amianto e apontam o problema da humidade.

Anexo à denúncia foi-nos feito chegar o processo -sobre as Telhas de Amianto e Humidades presentes nas habitações- que iniciou em 2016 e onde podemos visualizar as cartas partilhadas entre o Secretário de Estado do Ambiente, os moradores (representados por Lúcia Pereira) e a Câmara Municipal de Gondomar. Em 2016, o Secretário de Estado já legitimava os problemas do Conjunto Habitacional da Triana, reconhecendo que a sua intervenção deveria ser prioritária no âmbito da candidatura ao PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano).

Até ao momento nenhuma intervenção foi realizada e chegando ao local os moradores levantam mais problemas que preocupam e que agravam ainda mais a situação deste bairro. Há problemas que se encontram à vista dos que por lá passam tais como a falta de limpeza do espaço, no entanto a segurança e o desrespeito são outros fatores que os habitantes apontam.

Dulce Costa

Vim para aqui em 2000. Desde então que a casa tinha muita humidade e na Câmara ninguém quis saber de nada até que há cinco anos, cansei-me, e paguei o isolamento do telhado. Quem diz da humidade, diz da casa aqui ao lado que tem os animais, já fui lá reclamar e foi sem efeito, porque é dia e noite os animais a latir e o problema não é com os animais porque eu gosto deles, mas sim pelo desrespeito, porque são cães de grande porte que estão dentro da casa e que acumulam muita energia e depois não é só um cão, são vários cães e gatos trancados dentro de casa. E, por ser um bairro camarário eu estou a pagar o limite, pago 154 euros e uns cêntimos, no entanto há pessoas que pagam cinco e dizem que não trabalham, mas trabalham a semana toda, nota-se a falta de controlo. As assistentes sociais não querem saber de nada, os Presidentes muito menos pelo que falei com eles. Tive o meu marido anos desempregado por causa duma cirurgia que ele realizou que correu mal e ninguém quis saber, nem uma ajuda foi dada pelas Assistentes, porque elas só ajudam para quem vai para lá chorar, mas isso cada um faz a vida que pode e elas deviam era de investigar bem mais a vida de cada um, não é só porque a pessoa vai para lá queixar-se ou lamentar-se, porque todos nós trabalhamos, temos os nossos descontos, temos é que ser corretos, agora a verdade é que aqui não há sossego, nós denunciamos e ninguém faz nada. Nós neste bairro estamos esquecidos é quase como este terreno aqui em frente, uns dizem que é da Câmara, outros dizem que é da Junta, eu não sei, nem me interessa, meu não é, e, consequência do estado em que ele se encontra é só bicharada (ratos). Há falta de muita limpeza e manutenção. Por mais de 20 e tal anos trabalhei num lar e, agora devido a um problema de saúde tive que ficar de baixa e coloquei a reforma antecipada porque não tive outra solução e como antes não passava muito tempo em casa não me apercebia dos problemas deste bairro, aqui não há sossego, não há respeito, há falta de manutenção, isto é uma vergonha no século em que nós estamos e o que presenciámos nesta Urbanização.

Bernardino Salgado

Eu moro aqui há já 21 anos. Esta Urbanização tem muitos problemas, nomeadamente os telhados de fibrocimento que de verão é um calor insuportável e no inverno é um frio horrível, para além de que está comprovado que faz mal à saúde por causa do amianto. Para além disso, no inverno, temos o problema de que começa a aparecer a marca das vigas, o que quer dizer que para além da humidade, do frio e do calor temos de andar sempre a pintar os tetos dos quartos. Já entramos em contacto com as entidades e, foi-nos comunicado que o problema seria solucionado até 2021, mas como se meteu isto da pandemia eu desconfio que o problema só será resolvido para 2025. Depois a falta de limpeza e de manutenção do espaço preocupa-nos principalmente este terreno aqui da frente, porque se houver um incêndio no verão será um problema, eu não me importo com as árvores porque até nos faz bem, eu preocupo-me mais é com o mato. Outro ponto a apresentar é o barulho, há sítios aqui que parecem um canil, a minha mulher já falou na Câmara e disseram que não era lá que faziam as queixas, por isso não sei como vamos resolver esta situação.

Aida Pereira

Eu moro cá na Urbanização há 10 anos. O que nós reivindicamos acima de tudo é a retirada das telhas de fibrocimento e a humidade. O meu filho é autista e no quarto onde ele brinca precisa urgentemente de obras, já reclamei à Câmara e até hoje estou à espera para retirarem a janela e para ajeitar a parte da frente que está a entrar água lá para dentro, até agora dizem que eu tenho de esperar, entretanto com a chuva caí água dentro da minha habitação. O Bairro para além destes problemas tem muita falta de manutenção, onde eu moro tem umas traseiras que dá para um ringue onde as crianças brincam e há muita falta de higiene, as pessoas deitam tudo naquela zona (lixo) e fazem do local uma casa de banho a céu aberto. A Câmara, entretanto, já foi avisada eles destroem tudo, não há sossego, nem segurança e eu não quero saber se as pessoas sabem, é a realidade. A partir das 21h 30 da noite há dias que ninguém dorme ou é música alta, ou é eles aos berros ou a jogar à bola. E, todas estas situações são comunicadas à Câmara, mas nada é feito e às vezes chamamos a Polícia e eles nem querem saber.

Lúcia Pereira

Eu vivo cá há já 16 anos. Para nós há vários problemas, mas os que mais nos preocupam são os telhados de fibrocimento que no inverno é frio e no verão é um calor insuportável, temos de estar sempre a pintar por conta das vigas. Eu não peço ao senhor Presidente da Câmara para fazer obras dentro de casa, porque essas trato-as eu, com muito sacrifício e com o pouco dinheiro que recebo da minha reforma, mas vou fazendo, ainda agora troquei as persianas porque já estavam todas estragadas, agora, o telhado é o que está a ser o maior problema para os moradores, porque é assim, eu nunca andei em tantas consultas como ando agora e tudo consultas de pneumologia e de alergias, era isto que eu pedia, era que o senhor Presidente tivesse um pouco de bom senso e olhasse para nós e para a nossa idade, porque a maior parte das pessoas que cá habitam já tem idade avançada e estão com problemas de saúde. O que eles nos dizem é que vão resolver, vão resolver e a realidade é que não fazem nada e o processo já foi iniciado em 2016 e, desde então não tivemos resposta nenhuma. E, depois outra preocupação que temos é com este terreno aqui em frente é ratos, é cobras, há muita falta de manutenção, há pouco tempo houve aqui um incêndio grande e ficamos até com as nossas casas em risco, foi prometido que seria limpo e até hoje nada. E, mais grave ainda é a falta de segurança que nós temos, não temos policiamento que seja capaz e, outra coisa que está acontecer agora é que se alguém liga para a Policia Municipal os agentes vêm ao local e contam os detalhes todos da pessoa que realizou a denúncia, agora pergunto onde é que a Câmara têm o sigilo profissional? Porque os funcionários não respeitam a proteção de quem realiza as denúncias, isto são coisas que o Presidente tem de tomar conhecimento do que está a ocorrer, porque é grave.

Face às denúncias realizadas e pelo que foi constado no local o VivaCidade interpelou o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins sobre os problemas denunciados o que no qual foi comunicado: “Temos em mente expulsar os moradores que não cumprem as regras tanto a nível de higiene, de ruído e de mau ambiente. Só que em março por causa do COVID-19, os despejos foram suspensos, porque se não alguns já tinham sido colocados no olho da rua, é claro como água a resposta. Expulsar os moradores que não cumprem e que revelam um comportamento errado. Os moradores em causa estão devidamente identificados pelas forças de segurança, pela Junta de Freguesia e pela Câmara, só que agora nós não podemos fazer despejos, por causa da covid-19, mas ali já disse e volto a repetir que efetivamente há alguns moradores que vão ser expulsos, ponto final, porque ao longo dos anos têm tido todo o apoio para corrigir o comportamento e não mudam. O que nós temos previsto de projeto para aquela zona só vamos delegar depois de retirarmos de lá os incumpridores. Está prevista uma intervenção de recuperação muito significativa, mas só depois de eliminarmos o foco do problema é que vamos lançá-lo, mas adianto que vai ser um projeto muito giro. Para além disso, nós temos intensificado com a PSP as rondas, vamos também aumentar a periodicidade das ações de limpeza para tentarmos minimizar as coisas. Agora, na Triana só quando os incumpridores saírem de lá é que aquilo vai ao sitio” ▪

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