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Ao longo destes anos os agentes da Proteção Civil tem assumido um papel de guardiões de Portugal. Diariamente homens e mulheres colocam o medo de lado e vão para frente de batalha defender os seus cidadãos e salvaguardar a sua segurança. Todos os Municípios possuem a sua unidade e o VivaCidade foi conhecer melhor e acompanhar uma operação ao lado das equipas de Gondomar.

À chegada ao GoldPark fomos recebidos por Paulo Guedes, coordenador da Proteção Civil de Gondomar, que abriu as portas das instalações onde as equipas encontram-se diariamente e onde começou por nos explicar a dinâmica diária do Centro de Operações.

“Aqui no Gold Park funcionam quatro núcleos, temos o núcleo de gestão administrativa, o núcleo de Proteção Civil, a Polícia Municipal e a Divisão de Fiscalização que são chefiadas pelo Comandante Artur Teixeira”, quanto a divisão de fiscalização e a Proteção Civil são coordenados por Paulo Guedes. Por consequência da COVID-19 “de momento, a quantidade de elementos dentro das instalações foi reduzida, estamos a trabalhar em espelho, há dois turnos diferentes à exceção da Proteção Civil e da Polícia Municipal que já tem os turnos instituídos”.

No que concerne à Proteção Civil esta encontra-se dividida no local por quatro secções. Temos a parte técnica que se encontra na responsabilidade do arquiteto Jorge Sousa, nesta secção o arquiteto entra em campo quando é necessário avaliar alguma estrutura. Na parte do Planeamento assume as rédeas Sérgio Sousa, é ele o responsável por elaborar tudo o que seja planos, inclusivamente foi ele quem elaborou o Plano de contingência da Câmara Municipal de Gondomar. Na Parte da Logística o comando é de Patrício Ramalho, é ele que assume a responsabilidade no que toca a aquisições de materiais necessários para o funcionamento do departamento. E, por fim, temos a parte operacional que segundo Paulo Guedes “como o próprio nome indica é tudo o que é operacional, se for necessário balizar alguma coisa, se for preciso ir ver qualquer situação que ocorreu são os operacionais que arrancam” para o teatro de operações.

No espaço podemos observar cinco monitores que controlam o concelho de Gondomar. Um dos monitores serve para exibir as notícias ao minuto, o segundo monitor demonstra as condições constantes e atualizadas quanto à meteorologia, aos ventos e aos riscos de sismo. O terceiro monitor controla as ocorrências dos cinco corpos de bombeiros do Município e o quarto faz a monitorização gráfica em termos de localização, através deste monitor é possível controlar onde estão os meios de socorro dos Corpos de Bombeiros, explica-nos Patrício Ramalho. Ainda temos o quinto monitor com as Câmaras que se encontram espalhadas pelo Município de Gondomar que têm o intuito de alertar para focos de incêndios.

É com Patrício Ramalho, com o Comandante Artur Teixeira e com a Coordenadora da Segurança Social de Gondomar, Olivia Silva, que partimos para uma operação no Lar de Atães, onde vamos perceber como funciona a dinâmica de uma operação a um local infetado com COVID-19. No local estão 15 utentes infetados devidamente isolados, segundo as normas da Direção Geral da Saúde. A equipa desloca-se para este lar com o intuito de realizar uma avaliação do espaço e constatar se todas as medidas estão a ser seguidas. Na chegada e, após uma reunião com a administração do espaço, é hora de equipar para entrar na área contaminada. É com Patrício Ramalho que fica a responsabilidade de equipar bem e de forma segura os agentes que vão proceder à entrada, ninguém se equipa sozinho.

Após a fiscalização realizada há um processo a ser seguido para desequipar os agentes, novamente a ajuda de Patrício é requisitada, é extremamente importante que o protocolo seja seguido para salvaguardar a segurança de todos os envolvidos. Segundo o Maestro da Operação, Artur Teixeira o lar está a cumprir todas as normas à risca, “este lar tem todas as condições de manter aqui de forma segmentada os utentes, ou seja, os negativos ficam separados dos positivos” e até ao momento o lar tem conseguido dar resposta à situação com os seus próprios recursos humanos. Para além dos utentes infetados há três funcionários do Lar que se encontram contaminados e estão isolados. A atuação da equipa revela-se essencial para colaborar com a gestão organizacional do lar face ao problema apresentado.

O agente da Proteção Civil, Patrício Ramalho, desabafou como tem sido a vivência na linha da frente com esta pandemia, “em março e abril, só folguei no final de abril, porque trabalhei todos os dias em média de 12\16 horas por dia. Na altura como era tudo novo tivemos aqui um trabalho muito intensivo de planeamento e de estudo que nos obrigou a muitas horas de literatura, porque isto não é só fazer é necessário uma organização de logística e uma organização de planeamento porque inicialmente tínhamos dificuldades a nível de recursos de equipamentos, porque na altura houve um ‘boom’ muito grande, mas conseguimos ter uma boa capacidade de respostas”, o responsável sublinha ainda a importância da Autarquia no fornecimento de recursos de proteção individual às Corporações de Bombeiros “os bombeiros têm essa dificuldade por parte das entidades competentes, nomeadamente a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e do Instituto Nacional de Emergência Médica. Aliás tem havido uma polémica institucional devido a esta carência, porque estes equipamentos acabam por ficar extremamente caros às Associações Humanitárias que são quem de facto estão na frente de batalha, não têm suporte financeiro, porque no início da crise pandémica posso dizer que um equipamento descartável chegava a custar 60/70 euros, obviamente que agora os preços baixaram, mas um equipamento completo descartável, atualmente, andará na casa dos 25/30 euros”.

Para Patrício a situação mais complicada que teve de lidar desde o início da pandemia foi a evacuação do lar de idosos ilegal, “obviamente que somos humanos e ao presenciarmos a idade das pessoas, o estado de saúde, a carência afetiva e a tristeza que eles estavam a sentir por ir para outro sítio, são situações que nos marcam”.

Para Patrício Ramalho há vários fatores que são importantes para o sucesso de uma equipa “temos o fator comunicação, o fator profissionalismo, o fator entrega e o fator liderança/coordenação”, para o profissional esta equipa multidisciplinar entre entidades “tem sido muito gratificante de trabalhar”. Para estes profissionais a palavra chave é o trabalho em equipa, porque como Paulo Guedes relata “aqui eu costumo dizer que não há Cristianos Ronaldos”. ▪

 

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