Os mais de 30 anos de poluição no rio Tinto chegaram ao fim. Quem o diz é o Ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que garante que o rio, “para além de ter passado a estar despoluído, passou a poder ser fruído pelas populações”.
O intercetor de Rio Tinto surgiu como resposta a uma das “manchas” na Área Metropolitana do Porto. O Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins, relembrou ao Viva Cidade, que o Rio Tinto, foi considerado em 2013, como o “rio da Área Metropolitana do Porto com a pior qualidade da massa de água”. “O rio até à ETAR estava praticamente resolvido, faltava da ETAR para jusante. Porque mesmo o esgoto tratado em bruto ao descarregar na linha da água, tinha um caudal, quatro ou cinco vezes maior do que o caudal do rio. Era um problema que causava cheiros naquela zona, que é quase ali o limite entre Gondomar e Porto, Rio Tinto com Campanhã, fazia com que do Parque Oriental, o rio fosse com alguma massa de água muito má”, justificou o autarca, os motivos da má classificação do rio em 2013.
João Matos Fernandes, enalteceu por várias ocasiões, o compromisso entre a Câmara Municipal de Gondomar e da Câmara Municipal do Porto, através das ideias partilhadas de Marco Martins e Rui Moreira, respetivamente. “Nunca se pode tirar o mérito do Porto e de Gondomar, porque perceberam que este é um problema grave e que só resolviam em conjunto. Eu acho que o que correu aqui de forma diferente foi o entendimento.” Marco Martins, falou de um entendimento “decisivo” que “até 2013 não existia”. “Gondomar e Porto nunca se juntaram para conversar e para resolver o rio Tinto e agora juntamos, conversamos, entendemo-nos e está resolvido” acrescentou.
Na manhã da inauguração, autarcas, população local e comunicação social percorreram os mais de 6 quilómetros de passadiço que ligam o Parque Oriental, em Campanhã, ao novo Parque Urbano de Rio Tinto. Dos cerca de 9,7 milhões de euros investidos na obra, cerca de 4,5 milhões ficaram a cargo do Câmara do Porto, enquanto 5,2 milhões foram responsabilidade da Câmara de Gondomar, sendo que deste último valor, fazem parte 2,6 milhões de fundos comunitários.
Para além do investimento feito no passadiço, o montante foi aplicado no intercetor de esgotos para melhorar a qualidade das águas, em zonas de fruição e no melhoramento dos acessos das habitações. Em relação ao que ainda falta fazer, o Presidente da Câmara Municipal de Gondomar esclareceu ao nosso jornal. “As casas foram construídas, muitas delas há várias décadas, onde o rio eram as traseiras e, portanto, deitavam esgotos para o rio antes de haverem ETAR’s, antes de 1980. O que falta aqui agora, a Câmara está já a notificar todos os proprietários que têm traseiras para o rio, nomeadamente, na Travessa da Ponte e (9:17) para reabilitarem as suas casas e poderem dar outra dignidade para quem passa a pé e de bicicleta, não veja traseiras feias, mas veja uma coisa bonita”.
Para Nuno Fonseca, presidente da Junta de Rio Tinto, tanto o passadiço como o intercetor são a “grande obra” da cidade. “É uma obra de extrema qualidade que permite às pessoas caminhar dentro de uma cidade durante seis quilómetros até ao Rio Douro, seis quilómetros para cada lado, num espaço urbanístico com o rio a correr a céu aberto e com uma ligação ao Parque Oriental do Porto”, sublinhou o autarca, garantido que o passadiço vai fazer uma “grande diferença nas pessoas que caminham” enquanto que o intercetor resolve de vez a poluição do Rio Tinto, que para Nuno Fonseca, é um “assunto que está definitivamente resolvido”.
Com a empreitada concluída, espera-se que o caudal do rio esteja em bom estado ecológico a partir de 2021.