Acompanhado pela sua mulher Mariana Teixeira e o seu neto Francisco foi com muita simpatia que o avô Manuel Rio Fernandes recebeu a equipa do VivaCidade. Nasceu em 1920, aos 19 anos apreendeu relojoaria e ficou nessa área até à reforma. Manuel é natural de Ferreirinha, Freguesia de Foz de Sousa e, atualmente, vive em Gondomar, S. Cosme.
No início de junho, Manuel Rio Fernandes atingiu a bela marca dos 100 anos e com eles os netos organizaram uma surpresa e ofereceram um livro comemorativo. Do presente, Manuel confessa que ficou muito feliz e revela que: “Tenho muito orgulho nos meus filhos, netos e bisnetos. São muitos meus amigos. Estou muito grato em ter os filhos que tenho”, ao longo da conversa o orgulho do avô é visível e tanto que diversas vezes o próprio acaba por confessar que: “não acho que merecia tanto, e este livro que eles fizeram deu muito trabalho”. Com uma extraordinária memória impecável, este delicia-nos com a história de como conheceu “a sua” Mariana, conta que foi “amor à primeira vista”. Manuel recorda que Mariana “era uma beleza de rapariga, sinceramente, muito pintadinha e pensei para mim, que miúda engraçada”. Após "investigar" descobriu que ela ia sempre à missa das 11 h aos domingos "e lá estava eu às 11 horas em ponto”. O avô relembra que ficou atrapalhado, mas tomou coragem e quando “ela ia para casa fui e conquistei a minha Mariana”.
Adepto do Porto, não perde nenhum jogo, apaixonado por contar histórias tem como passatempo preferido a jardinagem, principalmente, em altura de quarentena, no entanto confessa que já está cansado desta situação do Covid-19, porque “impede-me de abraçar os meus”, apesar dos 100 anos de idade é perceptível que Manuel tem consciência da gravidade da situação e entende que em alturas como estas todos os cuidados são poucos.
Segundo o próprio, o seu segredo para a longevidade é o facto de nunca ter fumado, nunca ter perdido noites e nunca ter ficado bêbado, tirando uma única vez em que abusou um “bocadinho”, mas que essa não conta como exemplo. O inconveniente da idade para Manuel é a perda dos que outrora fizeram parte da sua vida, “ter esta idade é ver muitos amigos, amigos de verdade partir”.
A ideia da criação deste livro partiu de Francisco Rio que admite que tudo surgiu de uma brincadeira, “como aos 99 anos oferecemos uma placa comemorativa este ano quis algo em grande” e daí surgiu a vontade de realizar um livro com o intuito de homenagear os avós, em particular o avô. Francisco explica que a capa é constituída por uma foto do avô e da avó, que retrata a “união, o amor e o companheirismo que existe entre os dois”, o livro contém para além das histórias de Manuel depoimentos de amigos e familiares que explicam o quão especial é o casal. Para o neto este registo ficará para as gerações futuras e é uma maneira de eternizar a memória do avô centenário, “a palavra, o sentimento está aqui, mais que um livro em formato físico é o conteúdo, é o que nele está presente, são as lições de vida”. Para os netos e bisnetos de Manuel “é uma dádiva ter um avô com esta idade e com esta capacidade física”, porque é sabedoria em vida.
Na opinião de Francisco Rio, é necessário darmos mais atenção aos nossos idosos, “porque ter a oportunidade de viver e apreender com eles é único”, para o jovem há muitas trocas de ideias, experiências e aprendizado de tempos diferentes que “só com eles obtemos” e que só por si “é enriquecedor”. Na mesma linha, o jovem demonstra a preocupação com as gerações de hoje, que não “tem a devida paciência, res- peito ou cuidado, sei que há exceções, mas infelizmente a grande maioria” não o faz e, assim se “perde valores, educacionais e comportamentais” bem como muitas memórias. ▪