
A Festa das Nozes já começou. Em entrevista ao Vivacidade, José António Macedo, presidente da União das Freguesias de Gondomar (S. Cosme), Valbom e Jovim, confessa que gostaria de estar mais envolvido na organização da romaria e lamenta a falta de comunicação entre a entidade e Câmara Municipal. Ainda assim, o autarca considera as festividades do concelho como uma das principais referências do norte do país.
As Festas do Rosário têm mais de 300 anos. Do que se recorda, como têm evoluído as Festas do Concelho? O Rosário é o evento mais bonito de Gondomar pelo significado histórico que tem. O evento é importante para Gondomar (S. Cosme) e para o concelho. Além disso, é quase um mês de festa em que tudo acontece, porque temos várias iniciativas de desporto, cultura, lazer e entretenimento. A festa tem evoluído positivamente. Temos tido muitas visitas que revelam interesse pelo nosso comércio local. Arrisco a dizer que aqui no Norte, o Rosário está em primeiro plano, no que diz respeito à dimensão e qualidade da festa. Não é por acaso que do dia 4 a 7 de outubro, Gondomar é muito visitado.
Considera que o espaço destinado à Festa das Nozes começa a ser pequeno para tantas pessoas? Continua a ser o espaço ideal para receber as Festas do Concelho. É um local com boas condições e com dignidade. Pessoalmente não considero que sejam necessárias alterações profundas no Largo do Souto, porque existem outros espaços onde essa necessidade é mais premente. No entanto, há sempre aspetos que devem ser melhorados, porque quem achar que tudo é perfeito, engana-se.
O Rosário é a maior festa do concelho e uma das principais referências de Gondomar? É uma festa muito conhecida no Norte. Todos os anos temos coisas diferentes e quem nos visita é bem acolhido. Além disso, estamos a falar de uma festa que não regista desacatos há muitos anos e têm corrido tudo muito bem. Arrisco a comparar a Festa do Rosário com as Festas de Lamego.
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Gosta mais das nozes, do vinho doce ou da regueifa? Gosto muito das nozes e da regueifa [risos]. Temos a sorte de ter muitas casas a fazer a venda desses produtos durante a romaria.
A romaria também é marcada pela tradição de colocar as melhores colchas e os bordados na varanda. Gosta de ver essa competitividade entre os gondomarenses? É uma tradição secular que remonta ao século XIX. É uma demonstração de respeito pela história do Rosário e pela procissão. Os gondomarenses gostam de mostrar o melhor que têm em homenagem a S. Cosme, S. Damião e Nossa Senhora do Rosário e também a quem nos visita.
Gostaria que a União estivesse mais envolvida na organização do evento? Devo dizer que gostaria que estivéssemos mais envolvidos na organização, porque temos todas as condições para estarmos mais envolvidos. Somos os anfitriões e temos conhecimento da realidade. Se me pedirem colaboração eu estou disponível para ajudar, se não me pedirem eu sigo o meu caminho. Por norma ajudamos na organização da procissão e dos concertos que aqui se realizam. Sabemos quais são as ruas a desimpedir, atribuímos os livre trânsitos às pessoas e colaboramos com a Proteção Civil. Este ano ainda não solicitaram a minha colaboração...
A mudança no Executivo Municipal mudou a relação com a União das Freguesias? Creio que não. Quando uma entidade quer que tudo corra bem, acho que tem todo o interesse em chamar todos os parceiros possíveis, nomeadamente aqueles que têm vários anos de experiência.
Tem havido interação entre as duas instituições? No que diz respeito aos acordos de execução foi tudo resolvido sem problemas. Agora temos que acertar um ou outro caso. Quanto às Festas, penso que deve haver interesse em que surjam mais parceiros envolvidos, sem pensar nos louros, porque isso sempre aconteceu. Este é o teatro das operações, por isso creio que seria favorável existir uma boa relação entre o presidente da Junta e o presidente da Câmara.
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Alguma vez sentiu que estava a ser posto de parte por este Executivo? Nós somos uma União de Freguesias enorme, com cerca de 26km2, muitos jardins, espaços enormes, muitas ruas e passeios e o acordo de execução não foi acompanhado com as verbas adequadas. Na delegação de competências, acho que devia haver um melhor estudo da União das Freguesias. O anterior Executivo Municipal garantia a Gondomar (S. Cosme), Valbom e Jovim, uma verba total superior à atual, em cerca de 50 mil euros. A troca das verbas por funcionários deveria ser pensada caso a caso, consoante as necessidades do território. Eu disse logo que dispensava receber mais funcionários, porque já tinha funcionários suficientes. Nos transportes também ainda não chegaram duas viaturas prometidas. No entanto, tenho a esperança que esta situação seja resolvida, com vontade de ambas as partes. Muitas vezes procura-se o problema e não a solução.
Ninguém saiu prejudicado com esta agregação. Todos passaram a beneficiar das vantagens que já existiam
Após 12 anos como presidente da junta de Gondomar (S. Cosme), viu as suas responsabilidades a aumentarem com a nova organização territorial. Continua a pensar no erro da contagem dos votos das últimas eleições autárquicas? Não, já nem dou importância a isso. As pessoas já têm conhecimento do que aconteceu e porque é que aconteceu. É preciso andar para a frente e pensar em trabalhar para as nossas freguesias. Eu e o tribunal já tornamos público o incómodo da juíza e se nós, que somos uma democracia, continuarmos com estas coisas é muito mau e muito feio.
Já se habituou à gestão das freguesias de Valbom e Jovim? Não houve uma perda de identidade das freguesias, antes pelo contrário. O território ganhou uma identidade mais vincada e agora somos uma só freguesia. Ninguém saiu prejudicado com esta agregação. Todos passaram a beneficiar das vantagens que já existiam.
Foi o único candidato do PSD a sair vencedor na noite das eleições autárquicas. Que conclusões tirou desse resultado? Estive sempre convencido que iria ganhar. Em Gondomar (S. Cosme), as pessoas conhecem-me e não me associam às políticas do Governo, mas em Valbom e Jovim já não me conheciam tão bem. No entanto, a confiança do maior eleitorado da sede da União das Freguesias deu para cobrir o mau resultado em Valbom e Jovim. Sem dúvida que fui um resistente.
Já recebeu incentivos para candidatar-se à Câmara de Gondomar? Sim, muitos apoios. Já no mandato anterior fui desafiado para me candidatar à Câmara, mas neste momento até me podia candidatar novamente à União das Freguesias. Nunca digo dessa água não beberei, mas estou disponível para o meu partido. Se pedirem para candidatar-me, pensarei bem antes de tomar essa decisão. Não sou um político de carreira, tenho uma forma de estar diferente e o que me move é ajudar as pessoas.