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Irmãos gondomarenses marcam presença em Competições Europeias e Mundiais

Vitória Oliveira e Fábio Oliveira são dois irmãos atletas maratonistas que residem em Gondomar. Após uma infância atribulada viram no desporto uma forma de escape à realidade e são o verdadeiro significado de “quem corre por gosto não cansa”.

Como é que surgiu o gosto pela modalidade? 

Vitoria Oliveira (VO): A atividade começou na infância. Eu fui incentivada pelo Fábio (irmão) que começou nas corridas e levou-me.  

Fábio Oliveira (FO): Eu sempre joguei futebol nos bairros de Gondomar e numa dessas vezes estava no Bairro de Santa Bárbara e eles viram-me a correr e questionaram-me se queria ir correr com eles, e disse que gostava de levar a minha irmã e acabei por leva-la. Fomos para o Parque da Cidade, juntamente com outro clube, os Cruzadores de Fânzeres. Fui convidado para treinar no clube, mas a minha condição era se a minha irmã também fosse e assim foi. 

A Vitória já gostava de correr para que a condição fosse ir com o Fábio para o clube?
Não. Éramos praticamente inseparáveis, tivemos um infância complicada. Não somos de cá e como a nossa mãe era vitima de violência doméstica encontrou no Porto um escape para tudo o que viveu em Lisboa. O meu irmão era a minha fuga aos problemas ,ele ia jogar futebol eu ia com ele, ele ia correr e eu ia com ele. Claro que correr não foi algo que eu sempre quis fazer, mas depois encontrei algo com que me identificava. Além de toda esta situação de violência, tivemos um percurso complicado porque a nossa mãe passou pelo álcool e fomos entregues a uma família de acolhimento, aqui em Gondomar, devido a isso fomos obrigados a parar o atletismo em todos níveis. Aos 18 anos voltamos para a casa da nossa mãe. Ela vivia à frente do clube Luz e Vida, em Gondomar,  e decidi voltar a correr “um bocadinho mais a sério” e ,assim ,é até ao dia de hoje.

Qual é o próximo objetivo?
VO: São os jogos olímpicos, não vou mentir. Já estou na lista para o Mundial de Budapeste, tenho marca de referência para a Taça da Europa de Marcha, agora em Abril em PodeBrady. 

FO: Queria arriscar num Campeonato do Mundo de Estrada, principalmente, na meia maratona, visto que a World Atletics dificultou imenso as provas de ingresso para o Campeonato do Mundo da Maratona e queria dar um descanso nessa vertente do atletismo. Entretanto vou tentar marcar presença no campeonato do Mundo, no próximo ano, em Riga, onde quero estar a representar Portugal na meia maratona, não vai ser fácil. Até lá vou ter que preparar muitas provas, principalmente a de 10km nas meias maratonas e tentar ganhar mais velocidade, porque os números pedidos pela World Atletics são muito difíceis até por serem muitos recordes mundiais.

Vitória, qual é o objetivo nos Jogos Olímpicos?
VO: Qualquer recorde pessoal é bem vindo ainda agora comecei nas competições internacionais, para mim o facto de poder ir já é algo muito significativo. Sim já penso em posições neste ano, num campeonato da Europa por exemplo gostava de ficar num top 8, no campeonato do Mundo pretendo melhorar o meu 19º lugar. O pódio, acho difícil porque estamos a falar de atletas que fizeram isto a vida toda, a treinar duas vezes, com o apoio de marcas e equipamentos, algo que em Portugal poucos conseguem ter acesso. Tentamos chegar lá sem pensar no pódio ou num lugar em especifico. 

Em Gondomar sentem algum apoio por partes das instituições públicas? É reconhecido o vosso trabalho nestes campeonatos internacionais?
VO: Eu penso que o Município se quiser chega a ter conhecimento e não falo só de nós falo de todos os atletas que Gondomar tem, porque tem e muitos até foram às seleções e outros que  ficam pelo caminho por falta de apoio, reconhecimento ou até por falta de uma palavra que o Município possa ter com eles. Acho que eles nem têm conhecimento da maior parte dos atletas bons que têm aqui. Nós sentimos isso no Europeu e eu no Mundial, palavra zero, nenhuma entidade chegou a nós a não serem vocês.
A falta de apoio/reconhecimento também é visível porque não temos nenhuma pista onde possamos treinar, temos o estádio de Valbom mas não investiram num “tartan”(piso) é tudo em alcatrão. É impensável, para mim e para ele acredito que ainda seja mais, treinar em alcatrão porque faz-nos mal às pernas e cria-nos lesões. Para ajudar, as pistas que temos acesso na zona norte são nos barrados os acessos por questões municipais, como a de Gaia que nós costumávamos usar, na Lavandeira, tem um custo, mas aí já não se tratam de questões monetárias mas sim municipais. O meu irmão chegou a ir treinar a Leça, mas para isso tem que fazer imensos km para ir treinar e as condições eram péssimas.

FO: Da minha parte eu não senti nenhum apoio. Não houve um telefonema, um apreço, por ninguém das instituições de Gondomar, ou a perguntar se temos condições de treino, não recebemos nada. 

Estão em algum clube?

VO: Eu estou em individual. Treino nos passadiços ou pela estrada.

FO: Eu estou no clube Guilhovai, em Ovar. O meu clube até tem algumas condições para treinar mas ir daqui para Arada todos os dias acaba por ser complicado, então costumo ir para a Foz, para a Marina do Freixo e tento conciliar os meus treinos com a minha disponibilidade de trabalho. 

Quanto é que gastam em média em sapatilhas para correr?

Normalmente um par é 300€, mas como eu costumo comprar em promoção cerca de 150€, ou seja gasto duas por mês, tirando as que são de competição e dá uma média de 300€ num mês normal. 

Qual é a sensação de estar no Mundial?

VO: É única, foi num país diferente, nos EUA e é inexplicável vermos tudo aquilo que passamos para trás e vermos onde estamos, num Mundial ou num Europeu mas não tem descrição. 

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