
A Igreja Matriz de Rio Tinto está a comemorar os 250 anos, tendo como base a lápide exterior que indica que "foi feita em 1768, sendo Abadessa a Madre D. Teresa Maria da Silva". Contudo, apesar da comemoração desta efeméride, julga-se que a construção inicial da igreja deverá ser anterior a esta data.
Não tendo sido edificada de raíz em 1768, é precisamente a partir deste ano que a Igreja Matriz de Rio Tinto tem a sua primeira referência cronológica, inscrita na lápide exterior do edifício. Desta forma, este ano, estão a comemorar-se os 250 anos da igreja riotintense com um conjunto de iniciativas que visam assinalar a data.
Uma das mais significativas é, precisamente, a edição do livro intitulado "Memorial". Editado pela Paróquia de Rio Tinto e coordenado pelo riotintense e ex-pároco, Justiniano Santos, a obra tem "uma finalidade pastoral" e visa ajudar a suportar os custos das obras de manutenção da igreja.
"Quando o padre Avelino Soares tomou posse, alguém do Conselho Pastoral o alertou da efeméride que iria celebrar-se em 2018 e ele veio procurar-me para escrever este livro. Aceitei o desafio e procurei reanimar a comunidade e dar a conhecer a história dela aos que aqui vêm morar", afirma Justiniano Santos, em entrevista ao nosso jornal.
Ao Vivacidade, o autor de "Memorial" recorda que a Igreja de Rio Tinto deverá ter sido erguida séculos antes da data que serve de referência a estas comemorações [1768] e lembra a requalificação de 1930-1935 como a última grande intervenção na morfologia do edifício. Justiniano Santos teve em conta a "Monografia do Concelho de Gondomar", da autoria de Camilo de Oliveira, e a obra "Rio Tinto - Apontamentos monográficos", escrita por vários autores do concelho, entre outros documentos disponíveis nos arquivos da Torre do Tombo e da Biblioteca Municipal do Porto.
"Não quis repetir os trabalhos que já tinham sido publicados e procurei dar-lhes uma nova visão, com o objetivo principal de animar pastoralmente esta comunidade no âmbito dos 250 da Igreja Matriz", conta o autor, que fez questão de se designar como "coordenador", após ter convidado outros autores para darem o seu contributo ao livro.
Justiniano Santos não tem dúvidas que sobram estórias que a história da igreja ainda não descobriu e deixa o repto para os próximos investigadores: "há um tema interessante por explorar que está relacionado com o facto de ter existido uma associação que ficou responsável pela gestão desta igreja durante dois anos da I República". De acordo com o historiador, "a separação de poderes e o laicismo da I República geraram, em Rio Tinto, muita polémica e contestação".
Por sua vez, Avelino Soares, pároco de Rio Tinto e vigário do concelho de Gondomar, prefere focar-se nas comemorações dos 250 anos da igreja que considera "motivo mais que suficiente para promover um conjunto de iniciativas que recordam o passado e pensam no futuro".
Ao nosso jornal, o padre aponta a edição do livro e a apresentação de uma medalha comemorativa como iniciativas inseridas no programa das comemorações, bem como a iluminação instalada pela Câmara Municipal de Gondomar, no âmbito das Festas em Honra a São Bento das Peras e São Cristóvão.
"Esta igreja tem qualidade artística e uma grande dimensão. É um espaço de culto que se destaca pela sua riqueza histórica e artística. Queremos que seja uma igreja aberta e mais próxima das pessoas", afirma Avelino Soares.
A data redonda não passa ao lado do vereador da Cultura do Município de Gondomar, Luís Filipe Araújo, que salienta o impacto da iluminação instalada para assinalar os 250 anos. "A iluminação veio ajudar as pessoas a perceber a importância da data, porque convoca quem por ali passa. Assinalar estes 250 anos tem toda a relevância porque estamos a falar de um património significativo da cidade de Rio Tinto", lembra o autarca.
Já Nuno Fonseca, presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, prefere apontar ao futuro e promete a instalação de iluminação exterior no recinto da igreja "para que ganhe outro encanto durante a noite".
"Este ano já lavamos as pedras de granito do exterior e pintamos os muros que a rodeiam. Julgo que a paróquia fará agora o mesmo no interior. É importante estimarmos esta igreja porque é um dos monumentos da cidade, com um altar em talha dourada e um órgão do século XVIII no seu interior", conclui.