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Gondomarenses sobem ao pódio de Concurso Internacional de Canto Lírico

Que Gondomar tem pessoas com muito talento, isso já o sabemos. No entanto, o destaque desta vez vai para Susana Vieira e Regina Freire, duas amigas que conquistaram o pódio na 8ª edição do Concurso Internacional de Canto Alfredo Kraus, que decorreu na ilha de Gran Canária. Regina conquistou o segundo lugar e Susana o terceiro, a vencedora do concurso foi a ucraniana Olga Syniakova.

Regina Freire tem 25 anos e é riotintense. O seu percurso neste mundo iniciou muito cedo, dado que os pais da cantora sempre a incentivaram para a prática da música. Começou a dar os primeiros passos no Orfeão de Rio Tinto, no coro juvenil e fez formação musical. Já nesta altura, apesar de tímida, era no palco onde se sentia confortável. Paralelamente, realizou aulas de piano, no Conservatório da Maia, até ao 5º grau. Mais tarde, no 10º ano, decidiu ingressar no Conservatório do Porto, onde realizou o ensino integrado e onde começou por especializar-se na área do canto.

Natural de Fânzeres, Susana Vieira tem 27 anos. Com 10\11 anos iniciou o seu percurso na música numa escola em Gondomar, onde tinha aulas de flauta transversal. Posteriormente, ainda na vertente da Flauta Transversal, realizou provas para entrar no Conservatório de Música do Porto. Após ter realizado cinco anos do curso, tomou a decisão de arriscar tudo e de percorrer o caminho do Canto.

Para Regina a música esteve sempre presente na sua vida. “A parte musical para mim era como um instinto, eu adorava a sensação que me transmitia, tanto que quando a minha mãe queria colocar-me de castigo, ela não me deixava ir aos ensaios. Assim, desde muito cedo que o canto tinha uma importância muito grande na minha vida”, acrescenta e completa constando que desde muito cedo os professores orientavam-na para o estudo desta arte.

Quanto a Susana, a decisão foi mesmo dela, dado que a única experiência que tinha era dos coros no Conservatório, dado que, ao contrário da sua amiga, nunca tinha tido experiências a solo, nem formação na área do canto, apenas apercebeu-se que a Flauta já não era o que ambicionava para o seu futuro.

Os seus caminhos cruzaram-se em algumas aulas tidas no Conservatório do Porto, local onde a amizade entre as duas surgiu. Quanto à especialização, Regina após terminar o seu percurso no Conservatório do Porto, decidiu partir rumo à Inglaterra, com o intuito de realizar a sua licenciatura e o seu mestrado, na Guildhall School of Music & Drama, que se encontra situada no centro de Londres. Voltou recentemente, em 2019.

Como Susana era mais velha, ingressou no ensino superior em Munique mais cedo, mas segundo a própria, a aventura não correu assim tão bem devido à distância. Assim, tomou a decisão de partir em direção a Londres, onde se encontrou e terminou o curso com a sua amiga Regina.

No que concerne ao concurso, para ambas, o prémio teve um sabor especial atendendo ao facto de que as duas subiram ao mesmo tempo ao pódio. As amigas descobriram do concurso através das redes sociais e o casting foi realizado em Lisboa, no Teatro de São João. Dos 12 participantes, cinco partiram em direção a Canárias. O concurso fez audições em vários pontos da Europa tais como, Florença, Madrid, Barcelona, Lisboa e nas Canárias.

Para as cantoras, o ambiente do concurso era confortável e quanto à preparação, ambas são unânimes na resposta, é necessário muito trabalho, tanto vocal, como fisico e psicológico. É um trabalho continuo e quanto à final, o sabor do pódio foi melhor porque ambas tiveram a oportunidade de tocar com uma Orquestra, como Susana refere “Sentir aquela massa de volume a vir por de trás de nós, dá-nos um boost enorme e é um prazer muito grande, principalmente depois deste tempo todo de pandemia”.

Quanto ao futuro, Susana e Regina concordam em alguns pontos nos planos. No caso de Regina, a vontade é de permanecer em Portugal, caso haja a possibilidade de ir para o exterior durante uns meses irá, mas o seu intuito é manter-se pelo Porto. “Sempre conciliando com a minha vida cá no Porto, porque a minha vida profissional começou a ter mais sucesso quando comecei a ter a minha vida pessoal mais estável e completa, para mim cada vez mais é importante para conseguir trabalhar de uma forma feliz. Hoje sou feliz, a fazer o que faço”, é nessa linha que acrescenta que “A curto prazo, já tenho alguns recitais marcados, um deles é o Festival Internacional de Música Passos Brandão e em novembro, tenho no Teatro de São Carlos que faz parte do Cancioneiro Português, estão a recuperar algumas músicas de portugueses que nunca foram feitas, nem editadas e estão a ser realizados lá recitais. Para o ano, já tenho algumas coisas alinhavadas, tenho um recital na Casa da música, a propósito de ter ganho o concurso de jovens músicos e tenho mais umas coisas há acontecer. Espero que no futuro tenha muito trabalho e que a reclamar que tenho muito trabalho, com menos aulas de inglês, e mais trabalho musical”. Quanto a Susana, ela explica o seguinte: “Eu sou muito diferente da Regina, ela é muito mais trabalhadora no sentido de gostar de estar sempre muito ativa, de fazer várias coisas, eu sou o oposto e principalmente depois de estar fora, eu prefiro perceber qual será o próximo passo e o que realmente interessa para chegar ao meu objetivo principal. Porque não faz muito sentido ir para todas as oportunidades, porque nem todas interessam e são gastos que temos e provavelmente, podem não ter assim tanto interesse no futuro. Competições há muitas, agentes há muitos, nem tudo pode trazer alguma coisa de volta e é importante que traga. Seja em monetário, seja a nível de oportunidades. Assim, nesta fase, estou a tentar perceber qual vai ser o próximo passo e afunilar as oportunidades, fazendo boas escolhas”.

As cantoras explicam que esta área implica muito investimento individual e constatam que é importante “Parar e ser inteligente quando chega ao momento de avaliar as propostas”.

Sobre Portugal, como não é um género que as pessoas consumam, os apoios são reduzidos. Mas ambas garantem que, no caso do Município de Gondomar, sentem que a autarquia está sempre disposta em colaborar e ajudar no solicitado.

Ao terminar Susana deixa um apelo para as pessoas de consumirem mais este tipo de arte e adianta que gostava que elas “Fossem mais abertas e que se permitissem a ouvir determinados tipos de música”, que são diferentes às que estão habituadas, “Porque não custa nada. E não é só pela música em si, é pela produção toda, porque há muita coisa que um concerto pode oferecer. E o que vemos é que as pessoas, por vezes, quando se fala em ópera, ridicularizam um pouco. E temos que nos deixar disso, porque é um trabalho que requer muito esforço, tempo e dedicação e abdicar de muita coisa. E é pena que as pessoas não abram mais a mente a novas experiências culturais”. ■

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