Conceição Batista, José Cunha, Paulo Almeida e Hugo Pinto, gondomarenses, foram campeões mundiais de remo, no escalão Masters, na Alemanha. Apesar de algumas dificuldades na preparação da prova, conseguiram atingir o lugar mais alto do pódio, com a medalha de ouro. Estivemos à conversa com eles.
Começamos pelos atletas masculinos José Cunha, Paulo Almeida e Hugo Pinto.
Como surgiu a oportunidade de irem ao campeonato mundial de remo, na Alemanha?
Já não é a primeira vez que participamos, já o tínhamos feito em 2017 e 2018, com a pandemia não se realizou, mas este ano já estava definido que queríamos participar, novamente, no mundial. Foi a partir daí que orientamos toda a preparação para participarmos nesta prova. Nós começamos a época no Infante, mas o clube não se interessou por nós e optamos na competição por representar um clube norte-americano, onde fomos recebidos de braços abertos.
Em que consistia a prova?
Participamos em Shell 8. É por categorias etárias, estamos a falar de masters, desde 27 até à idade que queira participar, não há uma idade limite. Éramos da categoria E, estamos posicionados entre os 55 e 59 anos.
Como é que foi o trajeto da prova?
Saímos a uma distância considerável dos primeiros, na linha da frente. Quando chegamos a meio conseguimos dar um esticão sem que houvesse margem para os restantes participantes.
Qual é a sensação de terem ganho a prova?
Todos nós já ganhamos o que tínhamos a ganhar, mas ao fim deste tempo, e num evento, que é o maior evento de remo do mundo com mais de 5000 remadores, alguns ex-medalhados olímpicos, conseguir ganhar uma medalha de ouro e, ainda, com o acrescimento de ser a equipa com melhor tempo, é fantástico.
Conceição Batista premiada recentemente como a atleta mais medalhada no remo nacional, participou com excelência em mais um Mundial.
Qual foi a sua experiência neste mundial?
Devo confessar que em 2017 fui por brincadeira. Os meus colegas queriam ir aos campeonatos do mundo. Nessa altura preparei-me, mas não como desta vez. Até achei que tinha perdido, contudo a medalha foi minha. Em 2018 fomos ao europeu, já ia com uma maior responsabilidade porque não queria perder prova, e acabei por ganhar novamente. Este ano tinha o objetivo de ganhar, para mostrar que o prémio que me atribuíram não era por acaso. Não há ninguém em Portugal no escalão feminino que tenha feito no remo o que eu fiz.
Podemos dizer que é bi-campeã mundial de masters?
Exatamente, sim.
Como é que correu a prova?
Não sabia o que iria acontecer, porque a água estava muito mexida. Fui num barco nacional – a Nelo - eles foram espetaculares e emprestaram-mo. Logo na largada não sabia o que ia encontrar, quando larguei fui para a frente e pensei “não me apanham agora”, em Skiff 1000 metros, que fazia questão de ganhar, ganhei. Fiz ainda um Quadri e fiz um Shell 8 misto, mas só venci nos 1000 metros Skiff que era o principal objetivo e aposta. Tinha tudo para ganhar e, efetivamente, consegui controlar, o que elas não conseguiram, as condições meteorológicas adversas. É a conceição a ser conceição, “nascida para vencer”, que é o título que utilizo, não faço por menos.
A conceição foi premiada como a atleta mais medalhada no remo correto?
Sim, até recebi um prémio de atleta do século pela federação portuguesa de Remo. É um orgulho para mim porque lutei bastante para conseguir ser até hoje a mais medalhada. Fico, realmente, muito feliz.
Sentem que foram reconhecidos por terem atingido este patamar?
Não estamos à espera disso. É mais pelo objetivo de nos realizarmos e sentirmo-nos bem.
A prova tem algum financiamento das equipas?
Não, é tudo pago por nós, viagens, aluguer de barco, inscrições, tudo o que seja necessário é pago por nós. Esperemos que no futuro as coisas possam ser alteradas.
Em que clubes estão inseridos?
A Conceição atualmente no Vilacondense onde venceu todas as provas do Campeonato Nacional. O José, Paulo e Hugo no CDUP. Contudo estamos a treinar em Covelo, onde agradecemos o acolhimento do Douro Canoa, que nada tem a ver com remo, mas deram-nos apoio logístico, na fase de preparação do mundial. Lamentamos, no entanto, a incompatibilidade que a nova direção do Infante teve connosco.
Como é que vêem o remo?
Dá oportunidade de os mais novos praticarem desporto de uma forma saudável, sem correrem o risco de ter lesões, desenvolve o corpo no seu todo. No ponto de vista a disciplina obriga os mais novos a serem disciplinados no que toca aos horários e as tarefas. Crescem não só a nível desportivo, mas, também, humano.