João Santos, 21 anos, gondomarense, venceu o campeonato da europa de remo, na Turquia. Estivemos à conversa com este jovem.
Como é que começou a paixão por esta modalidade?
Comecei a remar neste clube, o Naval Infante D.Henrique, quando tinha oito anos, em 2012. Estive sempre ligado à modalidade. Os meus irmãos praticavam neste clube e a minha mãe também. Como era o irmão mais novo queria ser igual a eles e comecei a praticar. Na altura não sabia se era fácil ou difícil, só queria vir.
Para quem não conhece esta modalidade, o que é o remo?
É um desporto bastante completo usamos o corpo inteiro. Grande parte do esforço está nas pernas, que é onde ganhamos velocidade, temos os pés fixos numas sapatilhas e num sítio, que é um carrinho tipo um slide, e usamos as pernas para nos impulsionar.
Como são os treinos?
No rio, vimos para o clube e treinamos. Treino cerca de 16 vezes por semana, duas a três vezes por dia.
Como é que concilia os estudos com os treinos?
Treino às 6h30 da manhã antes de ir para as aulas e depois, dependendo dos dias, mais cedo ou mais tarde, ao fim do dia. Estou a tirar nutrição, influencia um pouco nos meus estudos, mas como tenho bem definido o que quero fazer a nível desportivo e a nível académico, acabo por programar o meu dia e a minha semana para conseguir fazer tudo.
O curso de nutrição, que está a tirar, ajuda-o para complementar os treinos? Porque é preciso ter uma alimentação equilibrada para se ser atleta de competição correto?
Sim, ainda por cima no meu escalão, porque no remo temos escalão de peso, entre ligeiros e pesados, e compito no escalão ligeiro, em que o peso limite são 70kg. Ao longo do ano vou trabalhando com os nutricionistas para atingir os meus objetivos. Como de tudo, principalmente numa fase em que não há competições como mesmo sem olhar a quantidades, porque o volume de treino também me permite comer um pouco mais. Na altura de competições, cerca de um a dois meses antes começo a fazer um trabalho mais rigoroso no que toca a alimentação e como mais hidratos de carbono de rápida absorção.
Em que competições é que já participou?
Este foi o meu quarto campeonato da europa, o ano passado já tinha sido medalhado, com bronze e já competi num campeonato do mundo, que fiquei em nono lugar, no ano passado. Este ano, também, íamos competir em ambas as provas, mas como eram datas muito próximas tivemos de optar apenas por uma. Optamos pelo campeonato europeu, por questões monetárias, mas também porque como já tinha ficado em terceiro lugar o ano passado, achamos que seria mais fácil esta regata.
Os encargos da prova ficaram a cargo da federação?
As competições que faço a representar Portugal são todas financiadas pela federação, não tenho nenhum encargo. Tudo é financiado tanto pelo clube como também pela federação.
Como foi vencer a prova?
É uma sensação muito boa, nem sei explicar, foi, também, a primeira vez que Portugal ganhou o europeu de remo em sub-23.
Passou de um terceiro lugar para um primeiro no espaço de um ano, qual foi o processo?
O trabalho, a bem dizer, foi o mesmo, mas este ano sentimos que era possível. No ano passado ficamos no início das medalhas e sentimos que este ano conseguíamos e que tínhamos valor. Mudei-me para Coimbra durante um ano, numa estadia da federação, foi um ano em que só estive focado nisto, sem estudar.
Quais são os objetivos futuros?
Pretendo medalhar no campeonato do mundo. Gostaria de voltar a repetir o campeonato da europa e manter o título, contudo sei que não vai ser fácil porque os outros países também querem ganhar.
A quem deve um agradecimento?
Para o André que foi quem remou comigo e tivemos este resultado. À minha família e ao clube, que apesar de estar ausente sempre me suportaram no que foi possível, aos treinadores da federação.