Concelho de Gondomar Destaque

GONDOMAR ESTEVE COMPLETAMENTE CERCADO PELAS CHAMAS

O concelho de Gondomar esteve em chamas de 16 a 19 de Setembro. Foi uma semana de luta contra os incêndios e de apuramento de causas para esta catástrofe. O fogo posto é a causa apontada, tendo em conta as distâncias que o fogo teria de percorrer para atingir certas localidades.

A falta de meios, tanto humanos como materiais, dificultou o combate. “Os incêndios começaram sábado à noite em Oliveira de Azeméis e Albergaria-a-Velha. O DECIR – Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais – que é o responsável de mobilizar os meios, desta vez, pela primeira vez, não conseguiu enviar nenhum para o Porto. Chegavam até Oliveira de Azeméis e não subiam mais. Os bombeiros já estavam alocados nesses dois incêndios, bem como em Amarante e Vila pouca de Aguiar, que já estavam em chamas, antes de Gondomar”, explica o presidente da Comissão Distrital da Proteção Civil, Marco Martins e acrescenta que “Até ficar no estado em que ficou o concelho, já tinha havido três tentativas de fogo posto, depois aliado o vento, à temperatura e o ar saturado, o fogo deflagrou, na quarta e executada tentativa, ganhando velocidade. Tendo em conta que os incêndios em Oliveira de Azeméis e Vila Pouca de Aguiar atingiu dimensões astronómicas os meios aéreos foram deslocados para esses locais, e Gondomar ficou sem meios aéreos disponíveis”. 

Recordo que, o incêndio na tarde de segunda-feira vai pela Estrada D.Miguel, desce em direção a S.Cosme e chega até Jancido. Á posteriori passa de Jancido para Covelo, Leverinho, em simultâneo surge um na fronteira entre Paredes e Melres, em Serenada, e outro em Branzelo e Melres, inclusive. Na terça-feira, em Branzelo o incêndio toma proporções nunca vistas ficando a arder horas sem qualquer meio no local. “Na terça-feira não havia condições para os meios operarem. A sorte, no meio disto tudo, é que os terrenos em torno das casas estavam limpos e conteve os potenciais danos. É de realçar também que toda a gente deu tudo o que tinha:  a população foi incansável, os bombeiros excecionais, a GNR, PSP, Proteção Civil, todos os meios que estiveram no local”, afirma o presidente.

Marco Martins revela que o contacto do governo surgiu apenas 24 horas após o norte do país estar fustigado pelos incêndios. “Isto nunca tinha acontecido. É inqualificável. Só depois de muito “barulho” é que nos enviaram aviões para combater os incêndios, na quarta-feira, e foi assim que se controlou, a quinta-feira a chuva veio ajudar no rescaldo”.  

Quanto às causas não há dúvidas para fogo posto. “Há dois suspeitos em Gondomar, um reside em Melres e outro em São Pedro da Cova. Não há dúvidas de fogo posto. Nunca tinha visto incêndios desta dimensão em zonas urbanas, pior que o que houve em 2016, foi pior em termos de intensidade e velocidade”, refere.

A área ardida são 3 mil hectares, nove bombeiros feridos, um grave e oito ligeiros. A nível de danos há duas casas devolutas, uma em S.Cosme e outra em Branzelo. De destacar que: “o governo já fez um levantamento dos prejuízos dos privados, espaço florestal e públicos, a CCDR tem vindo a reunir connosco e está a ser preparada uma plataforma para se colocar os prejuízos do que foi ardido ou não, de forma rigorosa. A estimativa inicial era de 10 milhões, e vamos em 9,5 milhões”, esclarece Marco Martins. 

Como já referido, o lugar de Branzelo foi invadido pelas chamas a uma velocidade aterradora e assustadora para os que lá residem. Esteve cercado pelo fogo pondo em risco a Capela de Santa Iria, por exemplo. Os prejuízos ambientais e materiais tornaram-se numa imagem traumática. A falta de recursos fez com que os populares se agarrassem a tudo com determinação para proteger o que tanto lutaram para ter e, graças a isso, o resultado foi melhor do que o esperado, face ao panorama. 

“A falta de meios foi notória. Sei que os bombeiros estavam assoberbados com os restantes incêndios ao longo do concelho e do norte do país. Estivemos a combater o incêndio com 20 bombeiros de Melres e com um carro de apoio de Vila do Conde”, conta o presidente da União de Freguesias de Melres e Medas, José Paiva.

Ficou uma pessoa desalojada. “Que graças à solidariedade de um senhor que vai fazer obras e não precisa da habitação cedeu a essa pessoa. Em conjunto com a Associação Douro Mais Solidário estamos a tentar comprar uma casa pré-fabricada para colocar exatamente no mesmo lugar. Sendo que a vítima tem alguns problemas psicológicos não o queremos tirar do seu local de residência habitual. Além dessa casa, uma capela privada ardeu e irá ser reconstruída, até porque a consideramos património. Estes locais já estão identificados como prejuízos”, refere José Paiva. Quem quiser contribuir para a habitação poderá contactar a Douro Mais Solidário ou a Junta de Freguesia, que fará o respetivo reencaminhamento. 

A generosidade da população tanto de Melres, como a população em geral, mobilizou-se para apoiar os bombeiros com géneros alimentares e águas, que sobrelotou os quarteis, sendo que muitos deles foram distribuídos pelas comunidades desfavorecidas. 

Os bombeiros foram, sem dúvida, a maior força e a responsável para que todos os incêndios tivessem controlados, muitos puseram a sua vida em risco, outros ficaram feridos, e mesmo assim o amor à camisola é o que os faz manter nesta profissão tão nobre, mas tão desvalorizada, simultaneamente. 

A informação obtida é que, segunda-feira, pelo menos estavam 150 homens, “que para a área ardida é muito pouco”, revela Óscar Loureiro, presidente da direção dos Bombeiros Voluntários de Valbom. Foi referido que o governo aumentou 25% aos bombeiros que estiveram a combater os incêndios. “Se esse aumento fosse face ao ordenado dos bombeiros, efetivamente, era um valor significativo. Contudo é referente ao valor que o bombeiro recebe por estar a combater os incêndios, que é 2.81€ por hora. Para não falar que dos que estiveram em combate, só sete é que recebem, os que estão alocados nas viaturas de combate e de abastecimento”.

O Município de Gondomar, é apontado pelos Bombeiros de Valbom, como um dos concelhos que mais apoia os bombeiros, tendo por base contacto que têm com as outras corporações nos locais.  “A Câmara forneceu-nos um veículo, do apoio que deu a todas as corporações, e agora adquirimos um de 20 mil litros de água, vai ser o maior em Gondomar, num investimento de 38 mil euros”, esclarece Óscar Loureiro. 

Apesar destas dificuldades, de um Portugal coberto de chamas, e como os bombeiros não apagam só incêndios, mas salvam vidas, a melhorar vida de uma pessoa de Jovim estava em causa e Veríssimo Cabral, bombeiro da corporação de bombeiros de Valbom, enfrentou as chamas e ajudou-o a levar um transplante de pulmão. 

“Sabia que o risco era elevado. Ainda por cima estando fustigados pelos incêndios, mas quando me propuseram esta missão, a minha resposta foi imediatamente positiva. O senhor tinha um pulmão “à sua espera” no Hospital de Santa Marta, em Lisboa. Sabia de antemão que a A1, autoestrada que liga Porto – Lisboa, estava cortada e pensei em várias opções, como a A29, A25, e chegava a um momento que a autoestrada ficava cortada devido ao fumo e aos incêndios que deflagravam. Tive de arriscar. Falei com a agente da GNR e pedi autorização para passar, tendo noção do perigo, falei com o senhor que também concordou comigo e acabamos por atravessar o incêndio. A visibilidade era pouca, era muito fumo e fogo, cheguei a ir a 50 na autoestrada, devido à má visibilidade. Tínhamos de estar no hospital às 13h00 chegamos às 12h30”, conta o bombeiro. 

 

 

A vida humana é sempre posta em primeiro lugar. “Não podemos deixar passar em branco que estavam imenso incêndios a deflagrar e termos a capacidade de alocar um bombeiro para uma causa destas é um grande feito. Graças a isso o senhor conseguiu ter um novo pulmão e está a recuperar conforme esperado”, refere Manuel Viana, Adjunto de Comando.

Todo o apoio foi fundamental, de todas as forças, da população, mas sobretudo dos bombeiros, a quem todos agradecem e nós também. Como apoio a todos a Câmara Municipal de Gondomar numa ação conjunta com as Águas de Gondomar decidiram que: “a água da rede pública utilizada para combater os incêndios vai ser descontado na fatura dos consumidores afetados. A diferença de consumos irá traduzir-se num crédito a descontar na fatura seguinte, no período de 16 a 19 de Setembro. Foram utilizados 7 milhões de litros de água pública, que vai ser inteiramente suportado pelas Águas de Gondomar”.

 

 

 

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