A Filigrana de Gondomar integra desde 7 de Setembro o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, após aprovação da Direção-Geral do Património Cultural.
A candidatura surgiu na perspetiva de trabalhar um produto turístico onde foi referenciada a filigrana e a rota da filigrana. Para esta candidatura o Executivo teve de percecionar a história da filigrana e como preservá-la. “Num primeiro momento os ourives diziam-nos que havia uma necessidade de proteger a filigrana porque começaram a surgir técnicas industriais e os nossos artesãos ainda fazem a filigrana como deve ser feita, de forma manual”, explica a vereadora do Turismo, da Câmara Municipal de Gondomar, Sandra Almeida e acrescenta que “a tentativa de proteger foi certificar a filigrana”.
A candidatura apresentada referia a filigrana como “uma forma de superação de uma comunidade que se especializou e notabilizou na produção de um objeto considerado de luxo e que desvende a realidade da produção das oficinas espalhadas pelo território e as vivências de pessoas humildes”, pode ler-se na apresentação da candidatura realizada pela vereadora do Turismo, do Município. O CINDOR é referido pelo Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Marco Martins, na apresentação da candidatura, como um ponto a destacar em Gondomar por “deter um papel importantíssimo na formação de futuros ourives de Gondomar, e não só, porque atrai alunos de todo o país e cada vez mais estrangeiros, que procuram formação especializada, aliando os ensinamentos das técnicas manuais com a mais recentes inovações tecnológicas”, acrescentando na candidatura que este é um método de honrar o lema de Gondomar “Gondomar é D’Ouro”.
“Todo o trabalho para chegarmos até aqui foi feito em simultâneo com a Póvoa de Lenhoso e a A Certifica, que permitiu percecionar a história da filigrana e como é que ela a estes dois concelhos. Mal tivemos oportunidade efetuamos a candidatura, que para este galardão teve de ser de forma individual, e assim foi. Ambos fomos intitulados Património Cultural Imaterial”, explica a vereadora.
O processo de candidatura/avaliação
Inicialmente há um momento técnico que é feito por uma historiadora e uma professora de história, de modo a perceber como é que é a história da filigrana, do processo produtivo, das enchedeiras, dos artesãos e das oficinas. “Após a entrega da candidatura esta é analisada e há uma visita ao local de modo que seja verificado cada ponto da candidatura. O que, essencialmente, o inventário vem ver é se o processo produtivo é como nós dizemos que é feito se, ainda, existe esta produção. Sendo que este título de Património Cultural Imaterial é para produtos que se fazem desta forma, porque há produtos que continuam a ser feitos, mas não é da forma manual”, menciona a vereadora do Turismo.
Em Gondomar há uma série de artesãos que os fazem e, portanto, foi isso que o inventario fez, visitar as próprias oficinas. “Falaram com as enchedeiras, perceberam a sua realidade e a dificuldade que é de arranjar técnicas de enchedeiras e filigraneiros que façam esta técnica, por isso é que é necessário proteger e ser considerado património cultural imaterial porque não é uma técnica que se aprenda com um curso, porque é uma técnica que se aprende de geração em geração”, afirma.
O primeiro objetivo deste galardão, segundo a vereadora Sandra Almeida, é em primeiro lugar proteger e preservar tradição e a história, sobretudo é dar reconhecimento a estas enchedeiras e artesãos que durante gerações, em Gondomar, realizaram esta arte. Outro dos objetivos é ser Património da Humanidade, mas aí já em conjunto com a Póvoa de Lenhoso.
“Para nós é um enorme orgulho termos este galardão. Já estamos na fase de termos de recusar convites para bienais e exposições de turismo por coincidirem com outros eventos”, afirma e acrescenta “que a valorização do título também depende da capacidade de cada artesão de o aproveitar”.