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Entrevista Arco do Bojo: “São 25 anos muito positivos porque acrescentamos qualidade à música tradicional portuguesa”

[caption id="attachment_6751" align="alignleft" width="300"]Paulo Araújo, membro dos Arco do Bojo / Foto: Pedro Santos Ferreira Paulo Araújo, membro dos Arco do Bojo / Foto: Pedro Santos Ferreira[/caption]

O Grupo de Música Tradicional Portuguesa – Arco do Bojo está a comemorar as bodas de prata. No dia 24 de abril, pelas 21h30, vão ser recordados 25 anos de histórias e músicas do grupo no Auditório Municipal de Gondomar e, a esse propósito, entrevistamos Paulo Araújo, mentor do projeto.

O Grupo de Música Tradicional Portuguesa - Arco do Bojo completa este ano o seu 25.º aniversário. Que significado tem esta data para o grupo? Paulo Araújo (PA) – Para nós significa 25 anos a tocar ininterruptamente e só isso já nos faz ter orgulho no nosso percurso. Julgo que são 25 anos muito positivos porque acrescentamos qualidade à música tradicional portuguesa e levamos a nossa música a Portugal inteiro.

Hoje, a música tradicional portuguesa ainda é muito procurada? PA – Infelizmente ouve-se cada vez menos a música tradicional portuguesa nas festas e romarias do nosso país. São músicas com raízes ancestrais e que passam de geração em geração, por isso deviam ser respeitadas.

Conte-nos a história da fundação do grupo... PA – Este grupo surgiu por brincadeira de um conjunto de amigos que se reuniam em minha casa a tocar vários instrumentos. Fazíamos umas brincadeiras e tocávamos umas músicas mas começaram a aparecer entidades locais que nos convidavam para animar as suas festas. Eram concertos dados por carolice.

Qual foi o primeiro concerto oficial do Arco do Bojo? PA – O nosso primeiro concerto oficial surgiu após um convite da Junta de Freguesia de Baguim do Monte, presidida por Aida Branco, para integrarmos as comemorações do 25 de Abril na freguesia, em 1991. Atuamos no Largo de São Brás pela primeira vez. Esse espetáculo foi diferente dos outros porque atuamos com o nosso nome oficial. Esse é considerado o ponto de arranque para o percurso que fizemos.

Esse concerto trouxe novos convites? PA – Após esse concerto percebemos que o grupo era um assunto sério. Começamos a ser mais profissionais nos ensaios, a comprar instrumentos e a ter outros cuidados. Foi nesse concerto que deixamos de ser um grupo de amigos e passamos a ser os Arco do Bojo.

O número dos elementos do grupo foi sempre variável? PA – No início não tínhamos um grupo fixo. Estavam sempre a sair e a entrar novos elementos. Depois dos primeiros concertos tivemos que ser mais sérios em relação ao grupo. É nessa altura que começam a surgir contratos assinados para os nossos espetáculos.

Foi fácil ou difícil o grupo impor-se na música tradicional portuguesa? PA – Com os concertos acabamos por ter alguma visibilidade na imprensa regional e local. Os convites surgiram naturalmente e conseguimos impor-nos no panorama nacional.

Na altura existiam mais convites para atuarem? PA – Nos anos 90 existiam alguns grupos de música tradicional portuguesa que já estavam implementados como, por exemplo, o Grupo Cantares do Minho. Entretanto, com o avolumar de concertos também começamos a ter necessidade de cobrar cachê para comprarmos instrumentos e material para os nossos concertos.

O primeiro CD do grupo surge em 1997. É uma data importante para a banda? PA – Logicamente. Foi com o nosso primeiro CD que dissemos “presente” à música tradicional portuguesa. Neste momento já temos quatro cd’s editados mas o primeiro é sempre especial.

O grupo soube sempre gerir a entrada e saída de músicos ou chegou a causar problemas? PA – Não. As entradas e saídas foram sempre pacíficas e ainda hoje damo-nos todos bem.

Quantos músicos passaram pelo grupo? PA – Seguramente cerca de 30 pessoas.

É fácil recrutar novos músicos? PA – Tentamos sempre que sejam pessoas conhecidas. Temos agora um jovem de 15 anos a tocar connosco, mas é cada vez mais difícil recrutar novos músicos de música tradicional portuguesa.

O estúdio da banda foi sempre em sua casa? PA – Começou por ser em casa da minha mãe e depois passou a ser na minha. É lá que ensaiamos e onde guardamos os nossos instrumentos e materiais.

A Junta de Baguim do Monte anunciou o projeto de criar uma Academia das Coletividades na freguesia, onde ficaria sediado o Arco do Bojo. Esta iniciativa está confirmada? PA – Sinceramente, não sei. Ouço falar em muita coisa mas não sei como está esse processo. Entretanto, em 1999, o grupo constituiu-se como Cooperativa Cultural e, nesse âmbito, também desenvolvemos outras atividades, nomeadamente o Concurso Gastronómico Rojões e Papas de Sarrabulho de Baguim do Monte, entre outras iniciativas. Seria positivo para nós termos essa sede na Escola Básica de Baguim do Monte.

Para festejar este 25-º aniversário o grupo vai dar um concerto especial no dia 24 de abril, no Auditório Municipal de Gondomar... PA – Vai ser um momento importante da nossa história. Vamos tocar cerca de 20 músicas e vamos reunir músicos que já passaram pelos Arco do Bojo. Além da parte musical vai servir para reencontrarmos amigos do nosso passado.

Como estão a decorrer os ensaios? PA – Estamos a afinar pormenores mas posso dizer que estão a correr muito bem.

Na sua opinião, ao longo destes 25 anos foi sempre reconhecido pelos gondomarenses e pelas instituições e associações do concelho? PA – Julgo que sim. As autarquias têm sido o nosso maior apoio, além das comissões de festas.

Na música, 25 anos passam depressa? PA – Vinte e cinco anos passam muito depressa [risos].

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