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Emigrantes de volta às suas famílias

Com Agosto à porta os emigrantes regressam às suas origens para matar saudades dos que cá deixaram e dos ares das terras que os viram crescer. Gondomar não é exceção e já começa a fazer-se sentir o movimento e os sotaques que os distinguem já começa a ser ouvido. Falamos com alguns que andam pelas nossas ruas e questionamos: Sobre o país onde está emigrado/a; o motivo de ter emigrado, o que faz voltar a Portugal nas férias; se está nos planos voltar definitivamente a Portugal e o que é que significa voltar a Portugal.

Cláudia Sofia Martins - FRANÇA


 

Até acontecer nunca tinha pensado emigrar. “Emigrei este ano (2024), cheguei a 27 de Abril um sábado a França e comecei logo a trabalhar na segunda dia 29, apesar de não falar francês fui muito bem recebida e no meu trabalho são muito gentis, o que é a minha sorte.  Decidi vir para cá trabalhar, pois em Portugal não conseguia arranjar emprego, foi uma decisão difícil, mas a única opção do momento. Vim sozinha, mas tenho aqui uma amiga a trabalhar há 8 anos e foi ela que me arranjou o trabalho.

Tenho uma filha, um namorado, gatos e toda a minha família está em Portugal. Tem dias que é muito complicado e penso muitas vezes: como tive coragem de vir para aqui? A vida é feita de sacrifícios e este faço por mim e pela minha filha, porque como uma pessoa consegue viver sem trabalho e ganhar 234€ de fundo desemprego em Portugal? Sempre que tenho oportunidade venho a Portugal, acima de tudo pela minha filha, claro que aproveito e estou com o resto da família. Sou de Melres que é uma aldeia em Gondomar, a minha terrinha que está no meu coração, adoro viver lá e sinto muito a falta de lá estar.  Neste momento só vou a Portugal de férias por razões óbvias, família, pois se tivesse cá as pessoas da minha vida ia de férias para outros destinos, mas, no entanto, não posso deixar de dizer que adoro o meu país e não vou ficar aqui para sempre, isso é certo! Neste momento está fora dos meus planos voltar para Portugal a não ser que ganhe o Euromilhões, mas como isso é improvável de acontecer vou continuar por cá, tenho trabalho, boas condições e fui muito bem recebida para não falar nos ordenados que são bem superiores a Portugal. Felizmente aqui consegue-se pensar em ter uma vida melhor e juntar algum dinheiro. Ao contrário do que acontece em Portugal não podes e nem se consegue alcançar objetivos/sonhos, infelizmente.

Ivo Moreira – PAÍSES BAIXOS

 

Foi pela música que emigrou e por querer melhores oportunidades. “Emigrei para os países baixos em 2019. Decidi emigrar porque procurava melhores condições de vida em geral, tinha terminado a minha licenciatura em Música, procurei conciliar a minha vida profissional com a minha vida pessoal e deparei-me com a falta de tempo e dinheiro para conseguir ter o estilo de vida que procuro. Viver da música em Portugal é algo que ainda é muito difícil, então conciliar um Part-time com a minha atividade artística era obrigatório. O difícil em Portugal é viver com alguma dignidade com um salário a part-time, para não falar da impossibilidade de conseguir pagar uma casa.

Acabei por escolher esta opção de emigrar sozinho, onde me foi permitido trabalhar apenas três dias por semana com um salário duas vezes superior ao salário mínimo nacional em Portugal. Nestes últimos anos, (dois deles em Pandemia) consegui criar condições suficientes para, não só me manter e melhorar a minha vida, como fazer o meu mestrado em performance e ter tempo suficiente para poder conciliar o meu trabalho como Músico, trabalhando como freelancer em algumas orquestras e o part-time para viver com dignidade. O que me faz voltar a Rio Tinto nas férias é a minha família e os meus amigos, o sentir em casa. Tenho 34 anos e vivi 30 no mesmo sítio, acaba por ser normal que, neste limitado tempo de idade onde se passa mais tempo haja um sentimento de pretensa e de bem-estar, mas sem dúvida que se não fosse pelos que amo, não voltaria. Portugal será sempre um destino de férias a considerar, para esse efeito acredito que seja um dos melhores países do mundo, por todos os motivos amplamente conhecidos, praias, gastronomia e clima fantástico. Penso várias vezes na possibilidade de voltar definitivamente a Portugal, pondero todas as hipóteses, creio que não serei a primeira pessoa a dizer isto, mas estar longe das raízes acaba por ser um exercício muito difícil, por vezes agoniante diria. Pela experiência que tenho e em conversas com muitos emigrantes, diria que umas grandes percentagens deles se tivessem as condições de trabalho (sobretudo salários) e de vida que encontram fora, voltariam a Portugal. O difícil é o país oferecer essas mesmas condições. Mas respondendo mais concretamente à pergunta, não está nos meus planos voltar a Portugal definitivamente nos próximos tempos, precisamente porque não identifico estarem reunidas essas condições.

Fátima Mendes – EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

Foi para ter uma melhor condição de vida a nível profissional e pessoal que emigrou. “Emigrei para os Emirados Árabes Unidos (Dubai) em julho de 2023. Para mim emigrar foi um desafio a nível profissional e pessoal. Decidi e emigrei sozinha. Viajo, apenas, para Portugal duas vezes por ano para visitar a família e amigos. Virei sempre ao meu país passar férias, pelo menos uma vez por ano. Recomendo muito o nosso país para quem se cruza no meu caminho. Sobre voltar definitivamente, acho que todos os emigrantes sonham voltar a viver em Portugal. As oportunidades a nível profissional no estrangeiro adiam esse regresso. Voltar a Portugal é, sempre, extremamente emocionante. É nostálgico e o tempo voa. É muito triste ter de viver longe da família para poder ter melhores condições profissionais.

Joel Oliveira - LUXEMBURGO

 

Emigrou porque queria uma vida melhor. “Emigrei em 2009 para a Suíça, e em 2019 mudei-me para o Luxemburgo. Decidi emigrar porque a minha ex-mulher tinha o pai já emigrado, e então tomamos a decisão de emigrar também. Não foi por nenhum motivo em específico, mas talvez no sentido de ter uma vida melhor. Nas férias volto a Gondomar para visitar a família, os amigos, e aproveitar um pouco do nosso Portugal. Além disso tenho uma filha em Portugal, por isso é impensável não vir a Portugal. Sobre viver definitivamente em Portugal não está de todo nos meus planos atuais. Quero voltar para Portugal, sim, mas apenas para aproveitar a reforma. Não vejo Portugal como um país bom no que se refere ao mercado de trabalho. Agora, voltar a Portugal para férias significa alegria por ver quem nos é mais próximo, assim como tranquilidade por estarmos de férias, mas depois no retorno é sempre o stress de deixar para trás quem amamos, e a viagem de regresso custa sempre bem mais.

 

Luís Castro - CHÉQUIA


 

Foi a aventura e uma maior independência que o fez emigrar. “Emigrei em 2022 para a héquia. Decidi emigrar sobretudo pela aventura e pelo desejo de uma maior independência que não seria possível em Portugal. O facto de ter emigrado na altura do Covid e ter ido com um amigo próximo facilitou muito essa decisão. O que me faz voltar a casa é tudo aquilo que a Casa tem, nomeadamente o convívio com amigos e família, mas também todos os confortos que deixam saudades.  O planeta está repleto de destinos paradisíacos, suficientes para satisfazer cada gosto. Mas Portugal certamente se destaca pela hospitalidade, que é muito prevalente na nossa cultura. Penso diariamente no facto de viver diariamente, principalmente no prospeto de ter filhos. Gostaria que crescessem numa cultura como a nossa.  Voltar a Portugal, significa voltar à zona de conforto. Em tudo o que de positivo e negativo tem a zona de conforto.

 

 

O regresso a Portugal é algo ansiado pelos nossos emigrantes. Contudo viver nem sempre é uma realidade devido às melhores condições que encontram lá fora. O significado de Portugal e o que este país representa irá sempre estar marcado nas suas memórias e corações. 

 

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