Emídio Guerreiro é o candidato à Câmara Municipal de Gondomar pela coligação PSD/IL. Estivemos à conversa com o candidato.
Quem é Emídio Guerreiro?
Tem 60 anos. É licenciado em psicologia, tem um MBA em gestão estratégica e há 20 anos que enveredou pelo “curso” profissional totalmente ligado à política. Em 2005 fui eleito deputado pela primeira vez até 2012 estive no governo. Fui Secretário de Estado do Desporto e da Juventude. Voltei ao Parlamento em 2016 e saí em 2021. Tenho uma sociedade de exploração de azeitona e amêndoa no Alentejo. Em 2024, Luís Montenegro desafiou-me para voltar ao parlamento para ser presidente da Administração da Assembleia da República, que fui no ano anterior e fui reeleito para esta legislatura.
O que o levou para a política?
Aos 16 anos fui eleito presidente da Associação de Estudantes do meu liceu e desde aí que tenho tido a felicidade de liderar muitas equipas, muita gente e tenho tido algum sucesso. Parte desses grupos fazem parte da minha vida e isso mostra que as pessoas estavam satisfeitas com o seu líder.
Acha que o facto de ser de Guimarães e não de Gondomar fragiliza a sua candidatura?
Não. A minha mulher e a família dela são de Gondomar, fui despertado para a necessidade de se criar um projeto em Gondomar que rompesse com o passado e criasse uma dinâmica e é isso que me motiva. Alicerçada nesta fase com o PSD e com a Iniciativa Liberal, mas pretendo congregar mais pessoas à volta para se criar uma grande equipa, que de alguma forma nos conforte nas decisões que temos de tomar no futuro, para se transformar um grande concelho, que tem uma visibilidade e um comportamento de pequeno concelho. É uma coisa, sinceramente, que me incomoda e me preocupa. Este é o primeiro desafio que quero lançar aos gondomarenses como é que um orçamento de 140 milhões de euros tem este output? É um orçamento maior que de Aveiro, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, Barcelos, e entre outras cidades. O desafio é exatamente este: olhem para essas terras, vejam o desenvolvimento económico social destas comunidades e comparem com a nossa. As pessoas podem questionar: “Para onde vai o dinheiro”? Não estou a dizer que é mal gasto, mas que é gasto sem estratégia. Quando não há estratégia não há transformação. É um dos maiores orçamentos do país, acho que as pessoas não têm esta noção.
O que faria diferente?
Apostamos muito em alguns eixos e um deles é o que chamo: Despertar a Economia. Temos uma vantagem competitiva que passa completamente ao lado de tudo, não sei porquê... Estamos a poucos minutos do aeroporto Sá Carneiro e do Porto Leixões. Os players principais não têm no seu mapa de referência Gondomar. Quero posicionar Gondomar aí. Temos um conjunto de autoestradas que servem o Município e temos terrenos para atrair investimento quer nacional quer internacional. Temos de estar nesse campeonato, que é um campeonato difícil, um campeonato onde as influências contam muito, onde o jogo de bastidores é importante, mas temos potencial e muito trabalho para fazer nesse campo. Este é o eixo estratégico de despertar a economia porque isso vai trazer emprego de qualidade e vai fazer com que jovens trabalhem e vivam cá. Isso só é possível se tivermos condições para isso, que é o resultado de um trabalho de consistência. Há um trabalho negocial complexo que é preciso fazer, tenho toda a vontade e dinâmica para o fazer. Porque isto traz tudo o resto: despertamos a juventude, a cultura e o desporto, por exemplo.
Na sua ótica quais são as necessidades do concelho?
Quando falo em despertar a Economia tem várias consequências, quando digo que temos de fixar jovens: e vão morar onde? Já fui contactado, nestas últimas semanas, desde que assumi este desafio por promotores privados que têm grandes urbanizações que estão presas na Câmara porque a revisão do PDM (Plano Diretor Municipal) não anda. Não há tempo a perder para estas coisas. Um deles tem 600 habitações de rendas acessíveis e que já podia estar a ser feito e não está. O Município de Gondomar já apresentou uma série de projetos, mas não vejo a serem feitos em lado nenhum. A Câmara, na questão da habitação, esteve como o governo socialista encheu milhões do PRR, mas criou uma teia burocrática de tal maneira complicada que nem os investidores nem os Municípios conseguiram desatar e fazer casas e é um problema nacional. É prioritário, desde logo desbloquear o que está em cima da mesa pendente, cumprindo a lei é para dar continuidade, é para autorizar. Vamos criar um portal de transparência para que cada um consiga acompanhar o seu projeto, isso é que diminui a burocracia e previne a corrupção. Sem segredos, porque os segredos só dificultam.
O turismo, também, é uma peça fundamental na economia. Em 2024, no Porto houve 122 pedidos de licença para unidades hoteleiras e quantas é que houve aqui? Não há uma. Vamos passear ao rio é magnifico, as pessoas ficam deliciadas com isso, mas não há estratégia nenhuma. Qual é a estratégia turística de Gondomar? Nenhuma, temos o Museu da Filigrana, ótimo, estamos nas Serras do Porto, e? Onde estão os principais players? Não estão e isto dá trabalho, posicionarmo-nos. Não é a Câmara de Gondomar que vai construir hotéis.
Está a dizer que há falta de influência em Gondomar?
Falta estratégia. Presumo que o PS, que governa há doze anos Gondomar, tivesse a melhor relação com PS que governava a nível nacional, nos últimos oito anos. Acho que não há estratégia definida para se perceber que isso é importante e transformador. Porque se parou com o Pólis que é um projeto transformador junto ao rio? Porquê que nestes doze anos não se avançou nada? Os investidores é que têm de investir, não tenho a visão que o estado é que tem de investir em tudo. Nós não precisamos de ir para o Pinhão para ter a mesma beleza, temo-la aqui. Bem mais perto do Porto. Temos de trabalhar com os players e investidores para que eles percebam que isto é bom para eles.
Por que razão o PSD não foi em coligação com o CDS em Gondomar e optou pela Iniciativa Liberal?
Quando fui convidado para candidato à Câmara Municipal, o CDS já se tinha auto excluído da coligação. Pessoalmente, tenho pena, como já disse estamos em coligação com a Iniciativa Liberal, contudo tenho a ambição de juntar mais gente, independentes, pessoas que se queiram juntar, porque isso enriquece o projeto.
Como irá ser formada a sua equipa?
Vou-lhe dizer sem ordem: João Figueiredo, Germana Rocha, o António Torres e o Ricardinho.
O que seria um bom resultado?
Ganhar as eleições. É isso que nos motiva. É muito difícil, o histórico do PSD tem sido muito complicado por todos os fatores históricos que conhecemos. O Major venceu pelo PSD, depois houve o incidente em 2005, e ainda esteve como independente, voltou a tentar concorrer e o PSD concorreu contra ele. O Jorge fez o melhor possível há quatro anos, o PSD tem tido fracos resultados, não tem nenhuma Junta. Noto que há um certo cansaço e desencanto e acho que estas diferenças relativamente às outras terras, têm-se vindo a acentuar, porque as outras têm evoluído muito devido aos fundos comunitários e têm embelezado imenso. Acho o cenário difícil, há esta divisão que não consigo perceber se vai até ao fim sequer, já percebemos que resulta de uma zanga. Cria este sentimento, que as pessoas me têm vindo a dizer: “o Partido Socialista trata-nos como se fossemos o quintal deles”, amuam uns com os outros e estamos aqui sempre para votar neles. Temos de despertar.
Se não for eleito assume o lugar de vereador?
Não sei. Acho que é prematuro pensar nisso neste momento.
Que mensagem gostaria de deixar aos gondomarenses?
É um desafio para que se juntem a nós nesta campanha. É possível fazer as coisas de forma diferente. Gondomar precisa de ser despertado em vários domínios, para que a médio prazo possamos olhar para trás e dizer que valeu a pena. Vamos ter mais economia, mais habitação e mais mobilidade. Com a conjugação de esforços e com uma liderança, clara, objetiva e com estratégia podemos virar a página. Estou muito empenhado em protagonizar essa mudança e liderar essa estratégia.