O Vivacidade foi conhecer os quartéis dos Corpos de Bombeiros do concelho de Gondomar. As condições de trabalho, principais recursos e as carências foram relatadas pelos seus porta-vozes. Ambiciosos, todos mostraram vontade de prestar   um serviço cada vez melhor à população gondomarense.

[caption id="attachment_570" align="alignleft" width="300"]Bombeiros Voluntários da Areosa - Rio Tinto / Foto de Ricardo Vieira Caldas Bombeiros Voluntários da Areosa - Rio Tinto / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Bombeiros Voluntários da Areosa - Rio Tinto

Construído em 2011, o quartel de Rio Tinto é o mais recente do concelho de Gondomar. Costa e Silva, Comandante do Corpo de Bombeiros da cidade, mostra-se satisfeito com as condições do quartel mas considera que os meios não são suficientes. “Precisávamos de manter sempre no ativo cerca de 80 elementos e de ter mais meios financeiros para poder ter mais gente a tempo inteiro. O que seria desejável era termos uma equipa de intervenção permanente. O sonho era que essas equipas [financiadas 50% pelo Estado e 50% pela Câmara] pudessem estar em todas as Associações de Voluntários”, considera.

[caption id="attachment_569" align="alignleft" width="300"]Costa e Silva, Comandante dos BVART / Foto de Ricardo Vieira Caldas Costa e Silva, Comandante dos BVART / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Em relação aos apoios, Costa e Silva pensa que a Câmara Municipal de Gondomar (CMG) “podia apoiar mais”. “Em termos de orçamento, se compararmos aquilo que gasta a cidade do Porto com o Corpo de Bombeiros profissional, por exemplo, vamos chegar à conclusão que a Câmara gasta muito pouco dinheiro com os bombeiros”, afirma. O Comandante também não concorda que a CMG dê o mesmo apoio a todas as corporações [cerca de 100 000 euros por ano]. “Tem de haver uma discriminação positiva: um corpo de bombeiros com 80 elementos no ativo não pode receber o mesmo que um corpo de bombeiros que tem 30”, considera.

Costa e Silva indica a necessidade de substituição de uma ambulância de socorro, mas pensa que não faz sentido os associados suportarem certas despesas. “Vamo-nos endividar para pôr uma ambulância ao serviço do país? Não faz sentido - sendo a nossa missão socorrer - termos como preocupação principal conseguir dinheiro para comprar os meios de socorro”, reitera.

Para além da ambulância, o Corpo de Bombeiros necessita de substituir o veículo auto-tanque de que dispõe, de adquirir um veículo de ataque a incêndio florestal com mais capacidade para água e um veículo auto-escada [só existente nos Corpos de Bombeiros de Gondomar e Valbom].

Bombeiros Voluntários de Gondomar

[caption id="attachment_575" align="alignleft" width="893"]Quartel dos Bombeiros Voluntários de Gondomar / Foto de Ricardo Vieira Caldas Quartel dos Bombeiros Voluntários de Gondomar / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Já no Corpo de Bombeiros Voluntários de Gondomar, que tem o maior número de intervenções do concelho, a principal preocupação neste momento prende-se com a parte da emergência pré-hospitalar. “Tem havido nos últimos tempos um aumento bastante significativo de serviços prestados nesse âmbito. E nós, com as cinco ambulâncias de socorro, temos já sérios constrangimentos para corresponder a todos os serviços para que somos solicitados”, confessa Gonçalves Costa, Adjunto de Comando.

[caption id="attachment_566" align="alignleft" width="300"]Gonçalves Costa, Adjunto de Comando dos BVG / Foto de Ricardo Vieira Caldas Gonçalves Costa, Adjunto de Comando dos BVG / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Em relação aos incêndios florestais, Gonçalves Costa afirma que a corporação tem os meios suficientes, uma vez que não são um Corpo de Bombeiros com uma grande área florestal. “A principal preocupação que temos a esse nível é o facto de estamos numa área de interface urbano-florestal. Qualquer incêndio de médias proporções para nós é muito preocupante”, confessa.

O quartel recentemente sofreu obras de ampliação de parque. “Todas as instalações estão em boas condições e é um quartel que nos satisfaz em termos operacionais”, afirma. Em termos de localização, apenas pensa que existem alguns constrangimentos do ponto de vista das saídas.

Quanto aos apoios, o Adjunto Costa afirma: “Apesar de sermos ambiciosos, temos de compreender que a atual conjuntura financeira do país exige grandes sacrifícios e estamos conscientes que a CMG e nomeadamente os seus representantes estiveram sempre à altura das nossas dificuldades e que são um exemplo para seguir pelo resto do país”.

Para os bombeiros de Gondomar, a grande aposta é a formação, o treino e a segurança, no que diz respeito por exemplo aos equipamentos de proteção individual. Para além destes fatores, primam também pela inovação. “Somos o segundo corpo de bombeiros no país a ter toda a rede de telecomunicações suportada na rede SIRESP [Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal], quer seja de emergência pré-hospitalar, quer seja de combate a incêndio. É uma importante interligação com as outras entidades [exemplo: Polícia de Segurança Pública, INEM]”, explica.

Além disso, o Corpo de Bombeiros de Gondomar é dos poucos no país que tem uma certificação de qualidade [há cerca de cinco corpos de bombeiros no país com esta certificação].

Bombeiros Voluntários de Melres

[caption id="attachment_571" align="alignleft" width="300"]Joel Castro, Segundo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Melres Joel Castro, Segundo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Melres / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Para Joel Castro, Segundo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Melres [e atualmente a exercer funções de comandante interino], sente-se “uma quebra grande a nível de meios humanos.” Essa dificuldade reflete-se a outro nível: “Estamos num meio rural e não num meio urbano. Portanto durante o dia temos grande parte das pessoas fora”.

Joel Castro mostra-se exigente em relação aos meios que possuem: “Na minha maneira de ver nunca são suficientes. Se aparecer aqui uma ocorrência fora do normal, nós não conseguimos resolver sozinhos. Vamos precisar da ajuda de colegas de outras corporações”.

[caption id="attachment_565" align="alignleft" width="300"]Equipamento dos BVM / Foto de Ricardo Vieira Caldas Equipamento dos BVM / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Para Joel Castro, Segundo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Melres [e atualmente a exercer funções de comandante interino], sente-se “uma quebra grande a nível de meios humanos.” Essa dificuldade reflete-se a outro nível: “Estamos num meio rural e não num meio urbano. Portanto durante o dia temos grande parte das pessoas fora”.

Joel Castro mostra-se exigente em relação aos meios que possuem: “Na minha maneira de ver nunca são suficientes. Se aparecer aqui uma ocorrência fora do normal, nós não conseguimos resolver sozinhos. Vamos precisar da ajuda de colegas de outras corporações”.

Bombeiros Voluntários de S. Pedro da Cova

[caption id="attachment_572" align="alignleft" width="635"]Quartel dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro da Cova / Foto de Ricardo Vieira Caldas Quartel dos Bombeiros Voluntários de S. Pedro da Cova / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

“Como é transversal ao país, as principais carências neste momento são de ordem económica, o que no nosso caso se traduz num parque de veículos envelhecido e uma central de comunicações que embora operacional é limitada em termos de tecnologia”, começa por explicar o Segundo Comandante dos Bombeiros de S. Pedro da Cova, Armando Martins.

Em relação aos meios, considera que são suficientes em condições normais. Mas, “caso haja mais afluxo de ocorrências, teremos - assim como todos - que recorrer ao apoio dos corpos de bombeiros vizinhos”, conclui.

No que diz respeito ao quartel, Armando Martins considera que a localização “é excelente, dado estar praticamente no centro da Freguesia”. Quanto às instalações, “faz falta um parque de treinos, para onde seriam transferidas certas valências, nomeadamente salas de formação, oficina e outras”, conta.

Bombeiros Voluntários de Valbom

[caption id="attachment_568" align="alignleft" width="300"]Comandante José Alves, Bombeiros Voluntários de Valbom / Foto de Ricardo Vieira Caldas Comandante José Alves, Bombeiros Voluntários de Valbom / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

Para o Corpo de Bombeiros de Valbom, uma das principais preocupações tem a ver com a área de intervenção. “É uma área imensa e no tocante, por exemplo, à área da Lomba, estamos a falar de uma freguesia que não é contígua a Valbom [distância de 35 a 36 quilómetros], o que prejudica os acessos”, explica o Comandante José Alves. Para além disso, “a freguesia de Valbom tem vias de acesso muito estreitas e ruas onde um carro pesado não passa”, lamenta.

“Pessoas e equipamentos estão sempre em falta”, afirma o Comandante. “Para situações normais, nós vamos tendo capacidade de colocar no local da emergência duas a três equipas, o que é extraordinário. No entanto, não estamos preparados para outras situações”, confessa.

[caption id="attachment_574" align="alignleft" width="300"]Autoescada dos BVV / Foto de Ricardo Vieira Caldas Autoescada dos BVV / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

“A nossa auto-escada já precisava de ter sido substituída se calhar há 10 anos, é uma excelente peça de museu. Mas não há disponibilidade financeira para este tipo de viaturas, são viaturas mesmo muito caras. Ela ainda opera, mas já está a operar no limite de segurança”, conta.

“A nossa frota de viaturas não é renovada na altura em que devia ser. Devido ao elevado custo das viaturas, a substituição de meios é muito difícil. Ou são substituídas pela Autoridade Nacional de Proteção Civil ou então a própria Associação em que o Corpo de Bombeiros se integra teria resposta financeira para recolocar essa viatura, o que não é o caso”, explica.

Outra fragilidade tem a ver com o socorro pelos meios aquáticos. “O rio Douro chega a ter um tráfego fluvial de alguns milhares de pessoas ao dia e a primeira resposta de socorro está profundamente limitada porque o barco de resgate apenas leva quatro a cinco pessoas. Necessitamos de uma embarcação maior”, afirma.

O quartel, apesar de ter muitos anos, está em excelentes condições, segundo José Alves, uma vez que parte das instalações foi recuperada há poucos meses. “Precisávamos era de ter mais alguns metros quadrados para parquear viaturas”, acrescenta.

“Voluntário por opção, profissional na ação”

[caption id="attachment_573" align="alignleft" width="300"]Bombeiros, concelho de Gondomar / Foto de Ricardo Vieira Caldas Bombeiros, concelho de Gondomar / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

No concelho de Gondomar existe um sistema de triangulação, o que significa que, para qualquer situação de emergência, existe uma resposta de três Corpos de Bombeiros.

Apesar das carências sentidas nos quartéis, Gonçalves Costa, Adjunto de Comando do quartel da sede do concelho, valoriza a articulação existente entre todas as corporações gondomarenses.

Gonçalves Costa realça o trabalho de todos os bombeiros. “Os recursos humanos são a nossa maior riqueza. Temos de ter muita gratidão pelos bombeiros voluntários que temos. Não interessa ter veículos bons se não tivermos recursos humanos”. E garante: “A população gondomarense, hoje em dia, pode estar descansada porque tem grandes operacionais ao serviço da comunidade.”

[caption id="attachment_567" align="alignleft" width="300"]Bombeiros, concelho de Gondomar / Foto de Ricardo Vieira Caldas Bombeiros, concelho de Gondomar / Foto de Ricardo Vieira Caldas[/caption]

José Alves, Comandante dos Bombeiros Voluntários de Valbom, concorda. “A fixação dos voluntários nos bombeiros é estruturante mesmo para a sobrevivência dos corpos de bombeiros. Costuma-se dizer: ‘Voluntário por opção, profissional na ação’”, conclui.

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