Caros leitores,
É muito frustrante, principalmente no mês em que celebramos a democracia, que as entidades públicas, especialmente o Governo, mas também alguns poderes regionais e locais, insistam em tomar decisões sem ter em conta a importância estratégica das ações que desenvolvem e muitas vezes sem prestarem a devida atenção à opinião das pessoas e das empresas e, demasiadas vezes, tomando decisões sobre assuntos que desconhecem ou sobre os quais não têm conhecimento próprio e sem procurarem encontrar e ouvir essa opinião.
Portugal parece entregue a contabilistas de manga-de-alpaca. Posso dizer isto, pois também sou contabilista e respeito muito o trabalho destes profissionais. Muito mesmo. E são advogados, são economistas, são psicólogos e outros detentores de diplomas das ciências sociais que ressuscitaram este contabilista de manga-de-alpaca, capaz de impedir o funcionamento de centros de saúde, hospitais, escolas, creches, polícias, forças de segurança. E se o problema fosse só nos serviços públicos... é que as empresas e as pessoas que investem, que fazem movimentar a economia e que merecem ser tratadas - bem tratadas - pelo Estado, acabam por não o ser. Que o digam aqueles que esperam anos pela aprovação de um projeto, aqueles que aguardam dois anos, depois de acabarem a obra, para receberem e aqueles que querem fazer um investimento que precisa de licenças ou de aprovações por parte dos serviços do Estado ou das autarquias.
O Estado e as suas bifurcações precisam de perceber o papel de regulador e de árbitro que devem assumir e deixarem trabalhar quem quer trabalhar. Mas a mentalidade vigente em muitos serviços é que nos fazem o favor de atender em vez de darem graças por haver pessoas e trabalho para fazer.
A Indústria 4.0 está aí nas fábricas, a fazer mais uma revolução na qual, como em todas, o capital intensivo substitui a mão-de-obra intensiva. Os serviços 4.0 também andam por aí e não vai demorar muitos anos a se perceber que afinal tudo o que pode ser organizado automaticamente o deve ser.