Carla Vale, diretora do Centro de Emprego de Gondomar[/caption]
No entanto, concelho continua a ser o terceiro com mais desemprego no norte do país.
Há menos 2327 desempregados em Gondomar. De 2013 para 2014 o concelho registou uma queda no desemprego de 16 para 14 mil pessoas mas, apesar disso, continua a ser a terceiro no ranking das autarquias no norte do país. O Vivacidade esteve à conversa com Carla Vale, diretora do Centro de Emprego de Gondomar, que justifica os números e traça o perfil do desempregado gondomarense, apontando algumas estratégias de Gondomar para a criação de postos de trabalho.
Entrou para o Instituto de Emprego como técnica superior, em 1997, no Centro de Emprego de Santo Tirso, onde vive atualmente, e chega ao Centro de Emprego de Gondomar em 2012. Atualmente, qual é o número de desempregados no concelho de Gondomar? Em dezembro de 2014, tínhamos 14.087 desempregados [16.414 no mesmo período em 2013] registados no Centro de Emprego de Gondomar. O desemprego tem vindo a diminuir.
Como justifica essa diminuição? Deve-se essencialmente ao número crescente de ofertas de emprego. Em relação a 2013 foram criados mais três mil postos de trabalho. Estes dados não contabilizam os estágios profissionais, mas muitos destes postos de trabalho foram criados graças à Medida Estímulo.
Os estágios profissionais influenciam a diminuição do desemprego? Com o novo regulamento os estagiários já fazem descontos para a segurança social e por isso são classificados como trabalhadores por conta de outrem. Relativamente ao Instituto de Emprego não são considerados como empregados, são considerados como estagiários, por isso não contam para as estatísticas do número de desempregados.
E no final desses estágios as empresas contratam os estagiários? A grande maioria contrata através da Medida Estímulo.
Ainda assim somos o terceiro concelho com maior número de desempregados no Norte do país. O que está a ser feito para combater esse flagelo? Gondomar é um concelho dormitório e por isso sofre muito do desemprego local e do desemprego do Porto, Maia e Matosinhos. Os gondomarenses têm muita facilidade na acessibilidade aos concelhos mais próximos e muitos são colocados em empresas desses concelhos. A nível local não temos tido empresas a despedir. As empresas gondomarenses têm contratado muito, graças às medidas de apoio à contratação. O apoio é destinado às empresas e tem funcionado muito bem.
As empresas preferem contratar após um estágio profissional?
Sim, têm essa preferência. Acho positivo que o façam porque o mercado é instável e a crise está em todos os setores. Se as empresas podem ter menos custos na contratação de um trabalhador através das medidas que existem, é legítimo que se candidatem a esses apoios. O estágio serve para as empresas fazerem uma avaliação do estagiário durante nove meses.
E o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) regula a contratação nessas empresas? Antigamente não existia, mas hoje já existe. Segundo o regulamento, uma empresa com muitos estagiários tem obrigatoriamente que contratar um em cada três estagiários. Quando isso não acontece o estágio é indeferido. Em Gondomar temos empresas que são clientes assíduas dos estágios profissionais e que têm contratado no período pós-estágio.
“A nível local não temos tido empresas a despedir. As empresas gondomarenses têm contratado muito, graças às medidas de apoio à contratação”
Como caracteriza o desempregado de Gondomar? Temos mais desempregados do sexo masculino, embora não haja uma grande diferença para o sexo feminino. A maioria tem poucas habilitações literárias e normalmente são beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI). Muitas vezes os jovens que estão nesta situação têm pais que já beneficiavam do RSI e tinham poucas habilitações. Começa a ser um problema geracional.
O desemprego jovem também é preocupante? Apesar de termos diminuído o número de desempregados jovens, ainda continua a ser um problema. Em 2014, através da Garantia Jovem convocamos todos os jovens inscritos até aos 29 anos e tentamos encaminhá-los para estágios e formações profissionais. Também trabalhamos os desempregados de longa duração através de uma formação profissional muito prática, tendo em conta as suas competências e autoestima.
Qual é a freguesia com maior número de desempregados? Rio Tinto, claramente.
Isso poderá estar relacionado com a densidade populacional? Sim, porque é a maior freguesia do concelho e a maior freguesia dormitório. Para além disso, está mais próxima do Porto.
A entrada do novo executivo municipal contribuiu para a diminuição do desemprego? Ajudou, tal como o executivo anterior já ajudava através da cedência de espaços para as formações profissionais. Este novo executivo tem uma visão diferente. Para além de ligar Gondomar à ourivesaria ajuda o concelho a tornar-se mais reconhecido pela sua identidade e ajudou muito a projetar a imagem do CINDOR [Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria], que era uma instituição muito fechada e pouco participativa na comunidade. A Câmara criou também um Gabinete de Emprego que tem colaborado connosco nas visitas às empresas e nas necessidades de formação profissional. Durante as pausas escolares fizemos formação para os funcionários das escolas e, este ano, vamos abrir essas formações aos funcionários da Câmara e das empresas interessadas.
Como vai funcionar essa parceria? A Câmara vai divulgar essas formações em áreas técnicas e transversais. As formações vão decorrer nos espaços das empresas em horário laboral ou pós-laboral, conforme a decisão da empresa. As formações serão gratuitas.
“Se chegarmos aos 12 mil desempregados no final do ano, seria muito positivo”
Que projetos têm preparados para o futuro? Em 2015, queremos trabalhar os desempregados de longa duração, continuar com as formações profissionais, alargar essas formações às empresas, apostar no JOBTOWN, em parceria com a União das Freguesias de Gondomar (S. Cosme), Valbom e Jovim. No caso das formações profissionais temos parcerias com as Juntas de Freguesia. Veja-se o caso de Melres, onde se realizou o projeto piloto e que teve muito sucesso.
Vê o Parque Tecnológico da Ourivesaria como uma futura incubadora de empresas? Sim, é esse o objetivo. Além disso, queremos fazer lá formação específica no setor da ourivesaria, em parceria com o CINDOR.
Está satisfeita com os funcionários e com as instalações que dispõe? As instalações são muito boas e a nossa equipa técnica é excelente. Temos um espírito de equipa muito grande e trabalhamos sempre em função daquilo que é necessário. Todos têm consciência do seu papel aqui dentro. No entanto, nas alturas críticas nota-se que faltam recursos humanos.
Para 2016, qual é o principal objetivo do Centro de Emprego de Gondomar? Queremos continuar a trabalhar com proximidade com as empresas. Vamos trabalhar os desempregados para as necessidades das empresas e vamos continuar a convocar os desempregados, em colaboração com os GIP’s (Gabinetes de Inserção Profissional) das Juntas de Freguesia. Se chegarmos aos 12 mil desempregados no final do ano, seria muito positivo.
| Nº Desempregados | |
| Rio Tinto | 4 020 |
| S. Cosme, Valbom e Jovim | 3 995 |
| Fãnzeres e S. Pedro Cova | 3 834 |
| Baguim do Monte | 1 112 |
| Foz do Sousa e Covelo | 514 |
| Melres e Medas | 446 |
| Lomba | 166 |
| TOTAL | 14 087 |
