Concelho de Gondomar Cultura

Coro gondomarense é o único em Portugal a atuar para o Papa Francisco

Maestrina Beatriz Correia, de 28 anos, é a maestrina do único coro português a cantar para o Papa Francisco. Estivemos à conversa para conhecer o seu percurso e o do coro.

Antes de falarmos do coro propriamente dito, conte-nos um pouco sobre o seu percurso na música, para criar este coro.

Comecei os meus estudos musicais aos 5 anos, na Pausa Escola de Música, em Gondomar, com a professora Maria Manuel Monteiro que era a minha professora de piano e de coro, nos Pequenos Cantores de Gondomar.

Os Pequenos Cantores de Gondomar foram muito marcantes na minha infância e, quando o projeto terminou em 2003, fiquei sempre com o bichinho da música coral infantil e disse que quando crescesse queria ter um coro. A minha formação passou pela música. Fiz o Curso Profissional de Música na Academia de Música de Costa Cabral, sou licenciada em Formação Musical e Direção Coral pela Universidade de Aveiro e mestre em Ensino de Música pela Escola Superior de Música e das Artes do Espetáculo do Porto e pela Escola Superior de Educação. 
Foi durante a minha formação que propus à professora Maria Manuel Monteiro voltar a criar um coro aqui na escola, à semelhança do que ela tinha feito e, foi assim, que em 2016 nasceu o Crescendi, Coro da Pausa.

Que procedimentos é que teve de seguir para o coro chegar até ao papa Francisco?

A ligação a Itália vem da professora Maria Manuel Monteiro, que durante a infância acompanhava todos os anos na televisão o famoso concurso de canções infantis Zecchino d’Oro. O interesse pelo repertório proveniente do concurso bem como pela dinâmica do Piccolo Coro dell’Antoniano, protagonista do programa, levou-a até Itália. Ao chegar ao Antoniano de Bolonha teve oportunidade de conhecer pessoalmente a fundadora do Piccolo Coro e maestrina Mariele Ventre. Esta figura incontornável do Zecchino d’Oro disponibilizou à professora Mané as primeiras bases musicais que trouxe para Portugal e a partir das quais fez as primeiras versões portuguesas das canções. Estas canções marcaram o repertório dos Pequenos Cantores de Gondomar e sempre me fascinaram desde pequena. E foi por isso que ao criar o Crescendi procurei dar continuidade a este repertório, traduzindo novas músicas. Ao pesquisar novos temas e ao procurar saber mais sobre a história do concurso descobri que existe em Itália um grupo de coros chamado “Galassia dell’Antoniano” que é composto por grupos que trabalham segundo os valores e repertório do Piccolo Coro dell’Antoniano, como nós. Assim, procurei saber o que poderíamos fazer para integrar esta “família” de coros e entrei em contacto com o presidente da Galáxia, Francesco Armellin, que me disse que nunca tinham pensado na hipótese de incluir um coro estrangeiro no projeto, mas que lhe parecia uma oportunidade única e que poderíamos fazer com que isso resultasse. E foi assim que em 2019 que passamos a integrar oficialmente a “Galassia dell’Antoniano”, o projeto de onde surgiram os convites para cantar para o Santo Padre em 2022 numa audiência privada, e agora em 2024, nas primeiras Jornadas Mundiais da Crianças no Estádio Olímpico de Roma. 
Há alguma remuneração associada a essas atuações?

Não há qualquer remuneração. Para angariar os fundos necessários realizamos concertos, tivemos apoios da Câmara Municipal de Gondomar e da União de Freguesias de S.Cosme (Gondomar), Valbom e Jovim e de algumas empresas do município e o contributo das famílias. A viagem custou cerca de 20.000€ e estivemos lá quatro dias. 

Como foi cantar para a Sua Santidade?
A nossa primeira experiência em 2022 foi mais intimista, uma vez que se tratou de uma audiência privada na Sala Nervi do Vaticano e ainda com regras apertadas devido à pandemia de Covid-19. No entanto este ano pudemos fazer parte deste enorme evento, as Jornadas Mundiais da Criança, que juntaram 60 mil crianças no Estádio Olímpico de Roma. 
Nós fizemos parte do coro de 1000 vozes infantis dos coros da “Galassia dell’Antoniano”. Foi uma experiência inesquecível.

Em Gondomar costumam atuar?

Já atuamos em Gondomar em vários locais. Costumamos cantar no Auditório Municipal no Natal e no fim do ano letivo. Temos também uma parceria com a Cucoo Kids, que é uma editora de livros infantis, que grava livros musicais, para a primeira infância. Este ano já gravamos o quarto livro com músicas tradicionais portuguesas para bebés. O objetivo é sempre que os nossos pequenos cantores tenham o máximo de experiências diferentes e que levem as melhores memórias para o futuro.

Como é que as crianças podem entrar no coro?

Para entrar no coro, fazemos audições em setembro e em janeiro, mediante as vagas que temos. Como critério temos o facto de terem ou não irmãos no coro ou se andam na nossa escola de música (não é fator eliminatório, mas têm prioridade). Também é realizada uma primeira audição, fazem um ensaio, vejo a postura deles, e depois ouço-os a cantar um bocadinho, não têm de ter uma voz incrível, como costumo dizer isto não é o “The Voice”, até porque para cantar em coro além de saber cantar têm de saber ouvir.  

Levaram todas as crianças a Itália?
Não. Dos nossos 60 pequenos cantores, apenas levamos 31. Um evento destas dimensões é bastante exigente e cansativo, por isso demos prioridade aos mais velhos, pensando que os mais novos têm outras oportunidades. Também tivemos em atenção há quanto tempo estão no coro por exemplo, mas acima de tudo só pode viajar quem tem autorização dos pais, uma vez que viajamos apenas alunos e professores.

Tem algum custo para os pais a participação no coro?

É gratuito, pedimos apenas a que algum familiar faça parte da associação e pague um valor de 10€ por ano.

A quem gostaria de agradecer?

Agradecer à professora Maria Manuel Monteiro, por me ter incentivado neste meu percurso, à equipa que nos apoia sempre e a todos os pais, que além de trazerem as crianças aos ensaios e ouvirem as canções centenas de vezes, foram incansáveis durante todo o processo de angariação de fundos e tornaram possível realizar este sonho.

 

 

 

Como foi cantar para Sua Santidade?

Benedita Almeida, 11 anos  

Sinto-me muito feliz em integrar este coro. Sinto que estou a realizar um sonho, porque desde pequena que quero ser cantora e integrar um coro. Quando cantei para o papa foi incrível, fiquei mesmo feliz.   Os meus pais ficaram muito felizes e fizeram tudo para nós conseguirmos ir. Os meus amigos dizem que sou sortuda. 

Guilherme Costa, 9 anos 

Foi uma sensação de espanto, senti várias emoções, foi incrível. Os meus amigos só me dizem que somos sortudos. 

 

 

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