Destaque Sociedade

CINDOR: 40 ANOS DE FORMAÇÃO ESPECIALIZADA NA OURIVESARIA E JOALHARIA

O CINDOR comemorou 40 anos a 12 de Fevereiro. A celebração oficial será amanhã (28) e contará com a presença do Secretário de Estado de Trabalho. Uma cerimónia que homenageará as personalidades importantes do centro e contará a sua história. Numa altura que se fala da expansão e da criação de novos polos do CINDOR, falamos com Eunice Neves, diretora do centro.

Há 11 anos à frente do CINDOR, que o balanço que faz?

Tem sido sobretudo uma viagem extraordinária. Quando chegamos, digo chegamos porque comigo entrou um novo conselho de administração, ao CINDOR elegemos um mote, para aquela que era a nossa tarefa a curto/médio prazo, que era colocar o CINDOR na moda. Na altura o que achamos era que o CINDOR devia ser enquadrado no novo paradigma da ourivesaria e joalharia, que era o contexto do setor da moda. Por outro lado, a dimensão da abertura do centro à comunidade. Sentimos que tinha sido realizado um trabalho fundamental, com a criação do centro, equipamento, trabalho ao nível da oferta formativa, implementação de novas modalidades de formação, orientação para mais públicos, mas numa altura em que o setor começou a mudar, tínhamos de ser capazes de nos adaptar a um novo contexto, um novo mundo. Acho que hoje o CINDOR é um centro diferente. 

O que quer dizer com diferente?

Conseguimos corresponder a estes desafios multidimensionais. Porque, efetivamente, somos um centro muito mais aberto, mais ágil, mais acessível, e que corresponde, de forma mais imediata, tanto das pessoas, e dos potenciais formandos, como das empresas e instituições e faz um “match” mais direto ao nível da oferta e da procura de mão de obra. Porque é disto que se trata, termos a capacidade de formar as pessoas de acordo com as necessidades do mercado de trabalho. Além da mudança no mundo, também há uma mudança na ourivesaria. Se há 20 anos conhecemos um setor que era praticamente garantido, estanque e sabíamos como era em termos de consumo, no fundo havia um padrão. As peças de ourivesaria eram oferecidas em momentos festivos, nos aniversários, comunhões, casamentos, bodas de ouro, enfim, este contexto alimentava inevitavelmente o setor. Com os novos concorrentes, absolutamente inesperados, desde a tecnologia, experiências, viagens, fizeram com que divergissem as escolhas dos clientes. O mundo vai evoluindo e temos de ser capazes de antecipar necessidades. O desafio é trabalhar para ter um mercado apelativo. É importante inovar na tradição.

O que mais a orgulha nestes 11 anos?

Acho que a nossa capacidade de trabalhar em parceria aos mais diversos níveis. Trabalhamos muito de perto com vários Municípios, desde logo o de Gondomar, que é a capital da ourivesaria, que para nós é um grande orgulho ter cá a nossa sede e desenvolvermos formação para este território. Com este Município temos desenvolvido projetos que alimentam o setor, como a rota da filigrana, com toda a pertinência que o Turismo Industrial tem, o Gondomar Original Jewellery que é uma iniciativa do pelouro do desenvolvimento económico, que posiciona a ourivesaria gondomarense a nível internacional, criando uma marca identificativa. Como outros projetos, que gostamos tanto, como os Percursos D’Ouro que é um projeto junto dos alunos do primeiro ciclo. Em que todos os anos tantas crianças venham conhecer o CINDOR. É uma forma de transmitir conhecimento, de garantir a perpetuação da arte, permitindo que desde cedo tenham contacto com algo tão identitário. A expansão do CINDOR é algo verdadeiramente inegável. 

A Câmara Municipal de Gondomar é um parceiro importante para o desenvolvimento e crescimento do CINDOR?

Sem dúvida nenhuma que o CINDOR sob o ponto de vista da estratégia municipal será um parceiro estratégico. Estamos a falar do único centro de formação profissional criado especificamente para o setor da ourivesaria no país, que se situa em Gondomar. O Município tem dentro de portas uma casa tão preparada para ser o rosto da atividade mais identitária do concelho. O que faz sentido é que exista uma colaboração muito próxima na promoção do setor e da formação especializada em ourivesaria. Acho que devemos aprofundar a interação e a importância desta formação profissional especializada e apostar, designadamente, na sua divulgação.  Temos parceria com outros Municípios como Guimarães, que é hoje um polo de produção de ourivesaria muito relevante. Falamos de empresas com um pendor tecnológico, vocacionado na exportação, com um número de trabalhadores considerável. Tem sobressaído no panorama da ourivesaria, a nível nacional. Já há alguns anos “vem reclamando” (risos) um polo do CINDOR no território, considerando as necessidades prementes de mão de obra. O setor passa uma boa fase sob o ponto de vista de números, resultados, nas exportações e isso reflete-se na necessidade de mão de obra especializada. Em colaboração com a AORP (Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal) e com o Município de Guimarães, instalamos um polo, num espaço cedido pelo Município, no Convento das Domínicas, no centro da cidade. Teremos de restaurar o edifício, por ser datado do século XVII, com o apoio do IEFP e do PRR. 

Estamos a trabalhar com a Póvoa do Lanhoso na criação de um centro de competências de Filigrana, que acolherá um espaço dedicado à formação, com um polo do CINDOR dedicado somente à filigrana. 

O que pode ser melhorado?

Podemos sempre melhorar (risos). Sou a favor de uma melhoria contínua. Podemos trabalhar de forma mais próxima nas campanhas de marketing em torno das formações especializadas de ourivesaria e joalharia. Estamos no território de excelência de ourivesaria e é fundamental que os outros locais saibam que é cá que se faz formação de excelência. 

Qual é o alcance da marca CINDOR?

Claramente a todo o país. É disso prova inequívoca o facto de termos formandos de todo o país, inclusive ilhas. Temos plena consciência que quem pesquisa formação em ourivesaria, imediatamente, aparece logo o CINDOR. 

A primeira reunião do Conselho de Administração do CINDOR foi a 12 de Fevereiro de 1985, quais as necessidades que levaram à criação deste centro?

Na verdade, o CINDOR foi criado a 26 de Dezembro de 1984. Nesse dia foi assinado o protocolo com o IEFP e a Associação de Industriais do Norte da Ourivesaria, a atual Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal. A 12 de Fevereiro foi um marco importante: a realização da primeira reunião do conselho de administração. Depois da formalização da criação do centro, que o posicionou na rede de centros da gestão participada de formação profissional, a ourivesaria inscreveu-se aqui como centro especializado. 

A nossa sessão dos 40 anos vai abrir com as declarações de Elói Viana, um mês antes da assinatura do protocolo, dizendo que “era fundamental num contexto de crescimento da ourivesaria e na necessidade de mão de obra especializada, haver uma escola que fosse capaz de trabalhar esta arte”. Ou seja: uma aposta na dinamização do setor. 

O CINDOR comemora 40 anos de existência. Como serão as celebrações de amanhã (28 de Fevereiro)?

Será uma homenagem ao que foi o caminho do CINDOR nestes 40 anos e aos vários marcos do seu crescimento. No fundo o que queríamos era homenagear os que fizeram e fazem muito por esta casa. Dizer obrigado. Desde logo aos nossos formandos que são o cerne da nossa existência, quem dá o especial sentido a esta atuação, e às empresas que sem as quais não teríamos o nível de atividade que temos e que trabalhamos de uma forma muito direta e, evidentemente, aos trabalhadores e colaboradores ao longo dos anos. 

Quem serão os homenageados? O auditório terá um novo nome. Quer revelar-nos?

Queremos recordar Elói Viana e a importância que teve na criação do Centro. Foi graças a ele que se criou o Centro de Formação Especializado, bateu às diferentes portas para que isso fosse possível. Temos de ter memória, Elói Viana foi absolutamente determinante, portanto importa ao nosso ver, deixar uma marca mais visível, daquele que foi alguém verdadeiramente importante para o “nosso” CINDOR. Pretendemos dar o seu nome ao auditório, que a partir de amanhã (28) passará a chamar-se: Auditório Elói Viana. É uma homenagem a toda a sua dedicação e ao seu desenvolvimento. Foi durante 25 anos presidente do Conselho de Administração, foi alguém que teve uma presença muito grande, não só sob o ponto de vista da criação do centro, mas da sua vivência. 

A presença do Secretário de Estado nesta cerimónia mostra a importância do CINDOR para o país?

Sim, acreditamos que sim. Será uma honra para nós ter cá o Secretário de Estado do Trabalho. Simboliza o reconhecimento da importância da formação setorial e, em particular, do CINDOR, na capacitação dos ativos no setor da Ourivesaria. Será uma oportunidade de, também, poder, mais de perto, conhecer a nossa atividade, trocando impressões com quem se movimenta diariamente no setor. Mas achamos um reconhecimento, claramente, da importância do CINDOR. 

A presença do Presidente da Câmara Municipal de Gondomar mostra, também, o envolvimento do Município e evidência o reconhecimento do nosso centro.

A parceria existente entre a TOUS e o CINDOR mostra a aposta e a necessidade da internacionalização do centro e da ourivesaria?

A TOUS é um exemplo interessantíssimo da forma como o CINDOR pode ir mais além daquela que é a sua atividade diária. Promove a Escola TOUS de Joalharia e Ofícios, que pretende fazer uma aposta na perpetuação do saber em torno da ourivesaria e joalharia e conta com parceiros nos diversos países onde a TOUS está presente. Em Portugal o parceiro eleito foi o CINDOR. Participamos na escola, onde enviamos formandos, que complementam a formação do nosso centro. 

Temos mais exemplos, como o aprofundamento da relação com a Joalharia do Carmo, que é uma iniciativa do Grupo Valor do Tempo e é uma marca que tem promovido ativamente a filigrana no mercado nacional e junto de turistas e estrangeiros. Tem dinamizado o mercado da filigrana a nível nacional. Ainda teremos novidades em breve num novo projeto. A ESAD – Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos – estamos a desenvolver o curso superior técnico de joalharia posicionando o setor ao nível do ensino superior. Tem sido um curso que já vai na 3ª edição e tem sido uma experiência interessante, que seja um processo de capacitação ao nível 5. 

Os formadores são importantes para que os alunos tenham conhecimento atual e moderno nos respetivos cursos. Qual é o método de escolha e seleção?

Os formadores são determinantes no processo de formação. Um bom formador faz toda a diferença. Orgulhamo-nos em promover formações de excelência. Empenhamo-nos muito no recrutamento dos nossos formadores. Passam por um processo de seleção, que passa, obviamente, pela avaliação do seu percurso, currículo, e da valia que nos podem trazer no ponto de vista do conhecimento. É importante perceber que muitos dos nossos formadores são nossos ex-formandos, e é giro perceber a circularidade deste processo. O critério da escolha dos formadores é de excelência, porque a formação tem de ser excelente no geral e no CINDOR em particular. 

No que toca aos alunos, há uma maior procura feminina ou masculina? 

Neste momento, há um grande equilíbrio, com um número ligeiramente superior de mulheres, 53%. Contrariando a procura de anos anteriores no setor da ourivesaria, que tendencialmente se empregavam mais homens. 

Qual a percentagem de empregabilidade?  

Está neste momento nos 90%. Por várias razões, muitos dos atuais empresários, são ex-alunos do CINDOR, são filhos da casa e, portanto, reconhecem a valia das aprendizagens do centro, por um lado. Por outro lado, porque a formação especializada é um salto temporal grande para quem emprega um ativo no setor da ourivesaria. 

Que cursos tem neste momento ativos? Haverá novos cursos? 

Temos design de ourivesaria, vitrinismos em ourivesaria, higiene e segurança do trabalho aplicada ao setor, gestão e comercialização de produtos de ourivesaria, marketing e comunicação digital e, também, fotografia de jóias. 

A formação é financiada?

90% da nossa formação é financiada, mas também fazemos formação não financiada, que não confere apoios sociais aos seus participantes. 

Como vê o estado da ourivesaria?

Vejo com muito otimismo, principalmente com a sua capacidade de adaptação. O setor da ourivesaria está muito regrado, no sentido que é um setor regulado, subordinado ao sistema de contraste, com orientação num regime jurídico apertado, naturalmente. Até pelas características do produto em que trabalha. Há que garantir se as empresas que se movimentam no setor se adequam ao regime jurídico nas ourivesarias e contrastarias. É um setor muito regulado e que depende do preço da matéria-prima. O ouro bateu recordes históricos nos últimos dias. 

Quais são os países para os quais se exporta mais?

Exportamos para a Europa em geral, mas como mais foco em França e nos Estados Unidos. 

Pretende continuar à frente do CINDOR? 

Em termos pessoais este é um desafio que eu adoro. Gosto mesmo muito. É um trabalho absolutamente aliciante. Esta capacidade que juntamente com a minha equipa temos tido de inovar, enfrentar novos desafios e projetos. É algo que continua a ser muito atrativo para mim. 

A quem gostaria de agradecer? 

Aos colegas do centro, as instituições não se fazem sem as pessoas. Podemos ser muito dinâmicos, ter muitas ideias, ser inovadores, mas se não tivermos uma equipa que nos acompanha, seja o nosso suporte e faça acontecer, não conseguiríamos alcançar o que alcançamos. Tenho a sorte de contar com pessoas, que efetivamente, fazem a diferença sob o ponto de vista do que é o resultado prático do trabalho no centro. Tenho consciência que sou muito ambiciosa no que temos e podemos fazer, acabo, muitas vezes, por pedir demais aos colaboradores, no que é a sua entrega e o seu tempo. Mas, no geral, têm conseguido de forma notável. A pandemia foi o maior exemplo disto, porque a ourivesaria é um setor que se trabalha fisicamente, e conseguimos rapidamente reinventar-nos. Ao conselho de administração que é quem permite que aconteça, a disponibilidade é incrível no que concerne a aceitar novos desafios. Têm representado a união perfeita da colaboração institucional. 

 

 

 

O Presidente da Câmara Municipal de Gondomar, Luís Filipe Araújo, quis deixar uma mensagem de felicitação ao CINDOR:
É uma Instituição importante para Gondomar, ensinam uma arte muito nossa, muito ligada às raízes do concelho. É obvio que o CINDOR é muito importante para nós enquanto capital da ourivesaria. Atualmente estamos a concorrer com o mundo inteiro e como é obvio os nossos empresários enfrentam algumas dificuldades. Temos de procurar excelência no nosso concelho, e para isso continuamos a contar com o CINDOR, o único centro certificado para o ensino de ourivesaria no país. Parabéns pelo excelente trabalho ao longo destes 40 anos. 

 

Últimas Notícias

Grande Entrevista com: ANTÓNIO MARINHO E PINTO

22/04/2025

25 DE ABRIL VAI SER COMEMORADO PELO CONCELHO DE GONDOMAR

22/04/2025

EUROBOL DE REGRESSO AO MULTIUSOS DE GONDOMAR

15/04/2025

Torneio de futebol de Páscoa está de regresso ao concelho

15/04/2025

COMO TRAVAR A INFLUÊNCIA QUE AS REDES SOCIAIS TÊM NOS JOVENS

14/04/2025

LUÍS FILIPE ARAÚJO: “ATRAIR INVESTIMENTO E GERAR RIQUEZA VAI SER O CENTRO DAS MINHAS PREOCUPAÇÕES”

14/04/2025

PAIXÃO POR FÓRMULA 1 LEVA ALUNOS A CRIAR EQUIPA DE “F1 IN SCHOOLS”

27/03/2025

REMO: CAMPEÃS NACIONAIS DE FUNDO SÃO DE GONDOMAR

25/03/2025