Neste mês de outubro o VivaCidade recebeu uma denúncia sobre o estado de degradação em que se encontra o Bairro Social da Lomba. Erguido há cerca de 20 anos, no tempo do Major Valentim Loureiro, é desde o primeiro inverno que o local tem apresentado problemas. Os habitantes dizem-se estar abandonados e esquecidos por parte da Câmara Municipal de Gondomar. O sentimento é geral, a revolta e preocupação está assente nos que cá vivem.
Maria Dias habita no Bairro Social da Lomba desde o início e em declarações ao VivaCidade revela que: Os problemas surgiram logo no primeiro ano com a presença de humidade. Temos problemas nas fossas que entopem e nós é que somos obrigados a desentupir, porque ligamos aos desentupidores, mas os mesmos dizem que não podem vir sem a ordem da Câmara, ligamos para a Câmara e tanto nos atendem, como não nos atendem e temos de esperar. Na minha casa tive de rebentar com a lavandaria porque a Câmara não mandou ninguém para desentupir as fossas e quando cá mandaram os técnicos já o meu marido tinha tratado do assunto. Aqui, praticamente não temos apoio por parte do Município, eles vêm cá tiram fotografias hoje, tiram fotografias amanhã, vamos resolver, vamos resolver e nunca nada é solucionado. Há quase dois anos vieram colocar aqueles ferros que tiveram até que ser arrumados pelos moradores porque se fosse necessário entrar uma maca de uma ambulância para dentro da casa da senhora não era possível. Nós aqui neste prédio social estamos esquecidos, não adianta os técnicos virem cá uma vez ou duas por mês tirar fotos e não resolver nada e a renda temos que a pagar, porque se a pagarmos com atraso já nos cobram juros e, isso é inadmissível. Mas o que mais me preocupa neste momento é ver as infiltrações nas casas. Fizeram uma Etar nova e, supostamente teria de vir uma pessoa semanalmente limpar e ainda não apareceu ninguém, nem da Câmara, nem da Junta. Não sei o que se passa, não há manutenção. Caso seja necessário sair do bairro para solucionar o problema eu estou disposta, mas teria de ficar aqui na freguesia, para fora da Lomba eu não vou, e estamos aqui dispostos a dialogar com a Câmara se assim for necessário.
Joaquim Silva habita no bairro social há cerca de 20 anos e revela ao VivaCidade que: Os problemas aqui surgem desde o início, nos primeiros cinco anos até foi 'mais ou menos', mas depois começaram a piorar. Já fizemos reclamações, o prédio era supostamente para ser reparado, mas até hoje nada foi feito. Os problemas mais recorrentes são as infiltrações de água, todos os vizinhos reclamam do mesmo, mas as deficiências não são só estas. Eu sou um doente de risco e estou sujeito a estas condições. Os técnicos vêm cá olham para o prédio e vão-se embora. Ultimamente, nada nos foi comunicado e, agora, com a COVID-19 a situação ainda está pior porque não fazem nada.
É desde dezembro de 1997 que Maria Mendes habita no Bairro Social e, como os seus
vizinhos testemunham “os problemas começaram logo no primeiro inverno com a água a entrar nas habitações, tudo tem infiltrações. Posterior a isto, as estruturas têm vindo a degradar-se acentuadamente, há casas em que chove, não são simplesmente pingos, chove mesmo, há apartamentos em que chove no segundo andar e a água vem para o do meio. Tivemos um caso aqui no terceiro andar em que a senhora tinha de estar com 10 baldes dentro de casa, em cima da cama, em cima da comoda e a mobília que ela lá tinha colocado estava toda estragada e a desfazer-se. A tijoleira está a cair. Não vem realizar a manutenção da Etar. Há pouco tempo caiu uma pedra enorme, temos informações de que um dos lados do prédio não está assente em rocha, mas assente em terra, ou seja, não houve aprofundamento na construção do mesmo, quem nos deu esta informação foram pessoas que aqui trabalharam na altura da construção do prédio. Entretanto, a Câmara diz que vem arranjar, vieram colocar uns ferros, vem hoje, vem amanhã, vem depois e, isto tem se vindo a arrastar há muitos anos, isto está um prédio que não se justifica, que com 20 anos de construção esteja tão degradado como ele se encontra. Já realizamos abaixo-assinados, reclamamos diariamente e quando tentamos ligar para a Câmara para obtermos informações, dificilmente, as chamadas duram 10 minutos e, por vezes nem atendidos somos. Não sentimos o acompanhamento por parte das entidades, nós temos sido abandonados, nós somos os Gondomarenses de terceira classe, nós não pertencemos a Gondomar é só de nome. Eu deixava que me retirassem da casa, se fosse para ficar dentro da freguesia em que vivo, eu não colocarei impedimentos para que isto seja remodelado, mas tenho de ficar na Lomba. E, para mim, este problema já devia ter sido solucionado. Ninguém nos liga, somos tratados como calha”.
Contactado pelo VivaCidade, o Presidente da Junta de Freguesia da Lomba, Rui Vicente
explica que “já é de conhecimento público que o prédio tem sérios defeitos, isto é uma
pequena amostra da herança pesada que os anteriores deixaram e que é preciso resolver”, o autarca explica que a Câmara está por dentro do assunto e que os mesmos já realizaram vários investimentos no local com “a colocação da Etar, que antes não tinha e que rondou um investimento de 200 mil euros” ou com o alcatroamento do parque de estacionamento do local. O mesmo admite que Marco Martins “pretende intervir definitivamente no prédio e resolver todas as suas deficiências”, mas esta intervenção “irá demorar, no entanto os estudos já estão a ser feitos” o autarca refere que o Município está a “monitorizar as instalações com frequência e que os riscos são mínimos uma vez que a situação está a ser acompanhada”. Rui Vicente conclui referindo que: “é uma obra que necessita ser realizada urgentemente e o Presidente sabe disso. Mas temos de ter noção que é um investimento muito elevado”.
O Presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins explica que o Bairro Social tem “graves problemas de construção e já colocamos a obra em concurso”. De momento devido às condições do prédio estão a ser realizados estudos para encontrar “a melhor solução para a reabilitação” do espaço. ▪