
André Castro Pereira iniciou a sua carreira no Gondomar Sport Clube com nove anos. Atualmente o gondomarense representa o Kasimpasa, da Turquia, mas em entrevista ao Vivacidade, Castro não esquece as origens. Da passagem pelo Olhanense, à Liga Espanhola e à Seleção Nacional, o atleta revela que gostaria de ser treinado por José Mourinho e admite que a Turquia acabou por ser a melhor opção.
Completou três épocas no Gondomar antes de dar o salto para o FCP. O que representa para si o Gondomar Sport Clube? Nunca vou esquecer, é o clube da minha terra. Praticamente foi onde comecei a minha carreira, e onde fiz os meus primeiros amigos no mundo do futebol.
Os atletas que representam hoje o clube poderão olhar para o Castro como um exemplo a seguir? Penso que sim, porque sou um jogador que já representou a seleção e já joguei em grandes clubes sem nunca esquecer as minhas origens. Acho que posso ser um exemplo a seguir para muitos atletas devido á minha atitude e profissionalismo demonstrados em todos os clubes por onde passei.
Chegou ao FCP na época 2000/2001 e representou o clube durante oito anos, antes de ser emprestado pela primeira vez. Como viveu a chegada ao clube do coração? A minha chegada foi vivida com grande felicidade e orgulho por parte da minha família que sempre foi portista. Senti muitas diferenças, é um clube extremamente organizado e desde logo me incutiram o espírito lutador e vencedor.
No primeiro plantel sénior jogou com Vítor Baía, Bruno Alves, Pedro Emanuel, Raúl Meireles e Lucho González. O que representou para si treinar com tantos jogadores que estão na história do clube? Foi uma grande alegria poder treinar e fazer amizade com esses jogadores que via na televisão e de repente se tornaram colegas de equipa.
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Na época 2007/2008, foi emprestado ao Olhanense. Disse várias vezes que compreendia a decisão do FCP e passou a ser treinado por Jorge Costa. Pode dizer-se que se fosse hoje, teria repetido a experiência no Olhanense? Sim, sem dúvida. Não costumo arrepender-me das decisões que tomo na minha carreira. Foi muito importante ser campeão da segunda liga, num clube que já não estava na primeira divisão há muitos anos. E por isso também fiquei na história do Olhanense. Além disso, tive o prazer de conhecer o Jorge Costa, e se já o admirava como jogador, depois de o conhecer como pessoa passei a gostar ainda mais.
Curiosamente o triunfo que permitiu ao Olhanense consagrar a subida de divisão em 2009 foi contra o Gondomar, que acabou por descer de divisão. Foi um momento único para si? Foi um momento único devido ás dificuldades de uma equipa, como o Olhanense. Foi especial por ter sido na minha terra, mas fiquei triste por o Gondomar ter descido de divisão.
Duas épocas depois regressa ao FCP para ser novamente emprestado, desta vez ao Sporting Gijón. No primeiro ano representou o clube em 15 jogos e no segundo ano em 29 jogos, com um total de 14 golos marcados, no conjunto dos dois anos. Que experiências guarda dessa passagem por Espanha? Foi mais uma grande experiência, joguei num dos melhores campeonatos do mundo. Cresci muito como jogador ao defrontar grandes equipas e os melhores jogadores do mundo. Uma das muito boas recordações que guardo é o jogo contra o Real Madrid, no Santiago Bernabéu. Vencemos e quebramos o grande recorde de Mourinho de 9 anos sem perder em casa, nos jogos para o campeonato. Jogo esse que ainda por cima foi no meu dia de aniversário.
Jogou contra Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Qual é para si o melhor? Cristiano Ronaldo por tudo o que tem feito, e pelo exemplo de profissionalismo que ele representa para todos os portugueses.
O título teve um sabor especial? Qual o momento que mais o marcou? Ser campeão é sempre especial. Pessoalmente o momento que mais me marcou foi o jogo contra a Académica onde marquei um golo. Em termos de coletivo, o momento mais marcante foi o penúltimo jogo, contra o Benfica.
Apesar disso, sentiu que a equipa podia ter feito mais na Liga dos Campeões? Penso que merecíamos ter ido mais longe na Liga do Campeões, mas o mau jogo contra o Málaga ditou esse afastamento.
No final da época passada o FCP mudou de treinador e vendeu Moutinho e James Rodriguez. João Moutinho não teve dúvidas em nomeá-lo como o seu principal sucessor na equipa titular. Era essa a sua expectativa? Sim, sempre trabalhei para isso, mas o treinador assim não achou, e por isso decidimos em conjunto que era bom a minha saída.
Seguiu-se o empréstimo ao Kasimpasa, da Turquia, que está neste momento a lutar pelo título com o Fenerbache (onde jogam Bruno Alves e Raúl Meireles). Já conta com 10 jogos na Liga Turca e dois golos marcados. No que depender de si vai dar luta aos seus ex-colegas de equipa (Alves e Meireles)? Vou fazer tudo o que está ao meu alcance para ajudar o Kasimpasa a atingir a melhor classificação possível.
E continua a acompanhar o campeonato português? Sim, sempre que posso vejo os jogos.
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Apesar do primeiro lugar, o FCP tem passado por dificuldades, nomeadamente no empate com o Belenenses e no percurso da Liga dos Campeões. Na sua opinião, quais são as razões que encontra para justificar estes desaires? Acho que o FC Porto está a fazer um bom campeonato e espero que seja campeão.
O Castro é mais uma promessa do futebol português que não consegue afirmar-se no campeonato nacional e por isso vê-se obrigado a procurar outros campeonatos. Sente-se triste por não ter conseguido a titularidade depois de ter passado pela formação do clube? Uma coisa é afirmar-me no plantel do FC Porto, outra é afirmar-me no campeonato nacional. Optei por vir para a Turquia porque achei que era o melhor para mim.
Por quem gostaria de ser treinado? Mourinho, penso que todos os jogadores gostavam de ser treinados por ele.
Acredita que depois de ter representado a seleção nacional nas camadas jovens e nos sub-21 ainda está a tempo de ser um dos eleitos de Paulo Bento para representar Portugal no Mundial 2014, no Brasil? Acredito que sim. Vou continuar a trabalhar e dar o meu melhor e esperar que isso se proporcione, porque o sonho de ir a seleção nacional vou ter sempre.