
Como foi o teu percurso profissional até chegares a engenheira mecânica na EDP Renováveis, em Madrid?
A minha primeira experiência profissional foi como estagiária na Nestlé, na Alemanha, durante seis meses. A Nestlé é uma empresa líder mundial na indústria alimentar e essa minha passagem será uma experiência que recordarei para sempre como parte fundamental e integrante do meu percurso profissional e, também, pessoal. O facto de ter sido uma experiência internacional acarreta, por si só, um conjunto de fatores que a enriquecem para além do facto de, à data, ainda como estudante, ter como principal objetivo conhecer o mundo industrial que existe para além da sala de aula e fortalecer a ponte entre a realidade profissional e os conhecimentos que a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto me permitiu adquirir como estudante. Na fase final do meu mestrado surgiu a oportunidade de integrar um programa que me permitia uma rotatividade por diferentes áreas da EDP durante dois anos e, no final, a possibilidade de integrar os quadros da empresa. Durante esses dois anos estive em projetos nas distintas áreas da EDP, entre as quais, na EDP Renováveis, em Madrid, que acabou por ser a área que me acolheu definitivamente.
O que te cativou a trabalhar na área das energias renováveis?
O mestrado integrado em engenharia mecânica consiste numa formação bastante eclética em que uma das áreas abordadas é precisamente a área da energia. As disciplinas de energia sempre me suscitaram especial interesse pela importância que este mercado representa na nossa vida. Recordo uma aula de mecânica de fluídos em que pela primeira vez ouvi uma explicação sobre o funcionamento de uma turbina eólica, nessa altura estava longe de imaginar que iria trabalhar nessa mesma área. À medida que fui conhecendo melhor esta área de negócio e tendo mais consciência da necessidade urgente de criar um futuro mais sustentável, interessei-me mais do que nunca pelo mundo das renováveis e quis ser parte desse desafio.
E qual será o papel das mesmas no futuro?
Ao longo de toda a era moderna da história, os combustíveis fósseis como o carvão, o petróleo e o gás natural tornaram-se os maiores aliados do Homem, contribuindo e impulsionando um acentuado desenvolvimento civilizacional. No entanto, a vulnerabilidade e finitude das fontes de energia não renováveis tornaram-se mais evidentes com a crescente demanda energética como resposta às necessidades do homem. Hoje, a sociedade é mais consciente da necessidade da descarbonização como garantia de um futuro sustentável e a prova disso é o crescente investimento em energias renováveis pelos países mais desenvolvidos que apresentam crescimentos de ano para ano em potência instalada. Os governos dos principais países já reforçaram a importância do investimento em inovação e a prova disso é o maior parque eólico offshore flutuante que o nosso país terá brevemente em produção após o sucesso do projeto piloto, sendo também este um projeto da EDP Renováveis.
Quais as principais diferenças a nível de pessoas, cidades e ritmos de trabalho entre Portugal e Espanha?
Em geral, os espanhóis são pessoas bastante acolhedoras e também muito sociáveis. Madrid é uma cidade com imensa vida, com uma vasta oferta de atividades para todos os gostos e expectativas, culturalmente muito rica e também muito procurada por jovens internacionais que, como eu, escolhem cá viver e trabalhar. Espanha, como país irmão de Portugal, não lhe notará muitas diferenças no que toca ao ritmo de trabalho, que considero semelhantes.
Queres falar-nos dos planos futuros para a tua carreira profissional?
Diria que o meu plano futuro mais imediato é aproveitar a fase da minha vida profissional em que me encontro, aprender ao máximo com todos os estímulos que me chegam diariamente e formar-me como boa profissional de forma a poder aportar cada vez mais valor ao meu mercado de atuação.
Continuas atenta ao que se vai passando no nosso país?
Sim, sempre. Quer seja pela Internet ou pela minha família.
E no nosso concelho em particular?
Também, sendo que visito a minha freguesia (Lomba) sempre que me é possível. Apesar de a minha vida se estar a desenvolver fora por diversas circunstâncias, é a esse pequeno recanto banhado pelo Douro o único lugar ao qual consigo chamar casa.
Quais as medidas que um concelho como Gondomar deverá tomar para fazer parte do futuro das energias renováveis a curto prazo?
Gondomar reúne um conjunto de potencialidades para atrair investimento não só de possíveis ‘players’ eólicos mas também de outras tecnologias. Pela exposição solar que apresenta, pelas áreas montanhosas com bom fluxo de vento e pela sua proximidade ao Porto, que cada vez mais constitui uma porta de entrada no nosso país pelo seu crescente protagonismo. É importante haver um bom aproveitamento estratégico de todas estas potencialidades por parte das entidades responsáveis locais, distritais e nacionais.
Ponderas regressar a Portugal em definitivo?
Entre outros fatores, gosto de avaliar o que faz sentido em cada momento e circunstância do meu percurso. Ter a oportunidade de estar onde quero estar, onde me sinto desafiada pessoal e profissionalmente é algo que valorizo muito nesta fase da minha vida. Sendo que, neste momento, é a trabalhar na EDP Renováveis, em Madrid.