Foi apresentado, no passado dia 27 de abril, em Assembleia Municipal, aquele que é, provavelmente, um dos documentos mais importantes a nível de gestão (e, por inerência, política) autárquica: o Relatório de Gestão e Prestação de Contas do ano transacto.
Trata-se de um documento extenso, de cariz essencialmente técnico e contabilístico, mas com bastante informação valiosa e relevante, especialmente por apresentar uma visão plurianual no que aos principais indicadores diz respeito.
Não sendo possível, neste texto, abordar detalhadamente todos os pontos, o foco irá no sentido daqueles que são, no nosso entender, de especial importância, nomeadamente tendo em conta aquilo que a IL tem vindo a defender.
Comecemos pela receita obtida: o total de impostos diretos cobrados aos munícipes aumentou 19% desde 2019, um aumento brutal para a realidade económica que os gondomarenses enfrentam; não será, portanto, novidade quando afirmamos que é aqui onde o executivo poderia ajudar directamente a vida das famílias e das empresas: baixando impostos. Algo que também nos preocupa é a queda da receita obtida pela Derrama que, não tendo existido uma alteração significativa no cálculo da mesma, esperemos que tal descida seja apenas reflexo dos anos Covid e não de um desacelerar ainda maior daquilo que é o tecido económico do concelho.
Do lado da despesa, há um dado incontornável: efetivou-se um aumento de 25% de despesas com pessoal desde 2019, um aumento relativo completamente desfasado de tudo o resto. Sendo que é precisamente com o pessoal que surge um outro alerta: mais de metade dos funcionários do Município têm acima de 50 anos, ao passo que 80% têm 40 anos ou mais. Temos, portanto, uma bomba-relógio demográfica a acontecer dentro da Câmara Municipal de Gondomar, que não tem conseguido renovar os seus quadros e força de trabalho.
Contudo, e como nem tudo são espinhos, há que salientar aquilo que, para nós, é meritório e digno de elogio: a gestão da dívida do município. O executivo mantém a trajetória de redução da dívida e aumento da solvabilidade e liquidez, garantido, assim, que não hipoteca o futuro da Câmara Municipal e, em última instância, dos gondomarenses. Agora só é preciso alterar as prioridades políticas para que esse futuro seja realmente melhor.