Joana Resende

"A liberdade tem custos e exige sacrifícios"

Há alturas em que o Mundo esquece credos, raças, cores ou partidos para se unir em prol de um bem maior. O título deste artigo até pode ser atribuído a Emmanuel Macron, que recentemente deixou alguns avisos aos franceses, mas é transversal ao sentimento que no fundo de todos nós persiste. Das suas preocupações, a guerra na Europa mereceu dele o devido destaque, afirmando que “a nossa liberdade, o regime de liberdade no qual nos habituamos a viver, tem um custo. E que por vezes, quando é preciso defendê-lo, isso pode implicar sacrifícios, travar algumas batalhas até ao fim”.
E é precisamente aqui que também nós portugueses nos encontramos, na partilha com todos os povos europeus, na mitigação dos efeitos adversos da barbárie da guerra que Putin decidiu levar a cabo, quebrando todas as pontes da sã convivência que foram sendo construídas pela Europa nestes últimos 40 anos. Atento a este problema, e ainda numa primeira fase, o governo português liderado pelo Partido Socialista aprovou um conjunto de medidas excepcionais intitulado “Famílias Primeiro”, cujo objectivo é ajudar as famílias a lidar com a inflação e no apoio ao rendimento, no valor global de 2,4 mil milhões de euros. Estes apoios directos às famílias, totalmente inéditos até hoje, irão abranger um universo de cerca de 5,8 milhões de adultos, 2,2 milhões de crianças e jovens até aos 24 anos e 2,7 milhões de pensionistas. Para além dos ‘cheques’ anunciados de apoio às famílias, foram ainda aprovadas medidas compensatórias nas áreas da energia, das rendas, na baixa dos combustíveis e no congelamento dos preços dos passes urbanos nos transportes públicos.
É certo que esta é ainda uma primeira fase, e que outras medidas serão anunciadas pelo governo do Partido Socialista na próxima discussão e aprovação do Orçamento para 2023. Soaria a pretensioso dizer-se que este pacote de medidas vai resolver todos os efeitos adversos desta inflação que nos foi imposta pela guerra na Ucrânia. Mas também é demagógico acreditar que o Governo Português, ou qualquer outro de outro país, teria essa capacidade. O que está a ser proposto são apoios sérios, equitativos e dentro daquilo que é a escala económica e das possibilidades do nosso país.
A partir do apoio, o que nos compete a nós cidadãos é fazer a nossa parte também. É mitigar os efeitos da guerra, fazendo alguns sacrifícios na nossa forma de estar. Mas importa referir que estes custos e sacrifícios são por uma boa causa – defender a Democracia e a Liberdade. Esta é a guerra que travamos aqui; bem mais branda do que a trava a Ucrânia. ■

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