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Vacinação traz “tranquilidade” no regresso às aulas

Com o pós pandemia, o método de ensino, a sustentabilidade, o estilo de vida saudável e os problemas psicológicos desencadeados pelo Covid-19, foram alguns dos temas abordados nas entrevistas de regresso às aulas tidas com o novo diretor da Escola Secundária de Rio Tinto, Nuno Santos e com a diretora da Escola Secundária de Gondomar, Lília Silva.

Lília Silva- Diretora da Escola Secundária de Gondomar

Lília Silva

Estamos ainda a viver num período em que não estamos completamente a salvo desta pandemia, pergunto-lhe como é que foi este regresso às aulas?

Nós aproveitamos a experiência que já tínhamos adquirido nestes dois anos anteriores e mantivemos muitas das regras da DGS, embora com algumas adaptações. Uma das coisas que nós fizemos, com o regresso à “normalidade” foi voltar a ter os horários todos de manhã. Assim, no nosso agrupamento, tudo voltou a ser como era antes da pandemia. Mas mantivemos o desfasamento dos horários. Assim, os alunos não entram todos ao mesmo tempo, nem saem todos à mesma hora e nem os intervalos são realizados ao mesmo tempo. Temos um bloco de alunos que entra às 8h, que são os dos 11º anos e os dos 12º anos e depois, o 3º ciclo e o 10º ano, entram todos às 8h 20min. Nesse sentido, temos sempre um desfasamento de 20 minutos que permite que eles não se cruzem. Até ao momento não tem havido problema nenhum nem com as entradas, nem com as saídas, porque a comunidade escolar -alunos, pais e professores- sabem os horários. Em simultâneo, uma das regras que mantivemos desde os tempos da pandemia foram os lanches dentro da sala de aula e continuamos a privilegiar muito, mas muito, não só por causa da pandemia, mas nós privilegiamos o lanche trazido de casa. Trazendo de casa acaba por ser mais ecológico, ajuda a ter hábitos mais saudáveis, a poupar dinheiro e os pais sabem e responsabilizam-se, pela comida que eles trazem. Porque só o facto do pai ou da mãe estarem a ajudar a preparar o lanche, ao mesmo tempo, estão a ver a mochila. Faz parte. É mais uma estratégia com o intuito de envolver às famílias. Neste momento, praticamente todos os meninos já estão habituados a esta regra. Para além disso, mantivemos o uso obrigatório da máscara dentro e fora da sala de aula...

E quem quiser ir ao bar? Tem essa possibilidade?

Quem quiser ir ao bar, vai ter apenas disponível produtos pré embalados, por exemplo o pão, vem embalado do padeiro, as bolachas estão em pacotes, os croissants, já não se vendem, só vendemos leite branco, sumos, não há.

Nota algum relaxamento por parte dos alunos e do corpo docente? Ou sente que eles ainda estão muito reféns do que foi este período negro da nossa história?

Momentos antes desta nossa entrevista estava a falar com a psicóloga da escola, que me estava a contar que nunca atendeu tantos miúdos como agora. Segundo a Psicóloga, tem havido uma procura imensa dos serviços de psicologia, inclusivamente ela até referiu que estava preocupada, porque há muitos alunos com muitos medos, com muitas preocupações, com muitas angústias, há muitos que se sentem demasiado sozinhos. Por isso, não, eu não sinto que há esse relaxamento.

No entanto, quanto às medidas, eles estão perfeitamente adaptados. Por exemplo, o lanchar na sala de aula, cada um fica no seu sitio e até ao momento, não tem causado nenhum problema. No intervalo, eles ainda usam máscaras, mas na rua, ele já devem andar, eventualmente sem máscara. O estar juntos uns dos outros isso sim, isso vê-se nos intervalos. Quanto aos professores eles todos seguem à risca a regra do uso da máscara dentro da escola.

O corpo docente e os alunos estão todos vacinados?

Sim, os nossos alunos do secundário estão todos vacinados. E é importante referir que nós fizemos testes a todos, e cerca dos 1200 alunos do ensino secundário, tivemos zero casos positivos. Do corpo docente e não docente, fizemos à volta de 300 testes e o resultado foi o mesmo, zero casos positivos. O que nos deu alguma segurança para o ar- ranque do ano letivo. O agrupamento sente que estamos a chegar a um espaço seguro.

Em suma, podemos dizer que foi um regresso às aulas tranquilo?

Sim. Aqui no nosso agrupamento, por enquanto, não tivemos nenhum problema, tudo tem corrido de forma tranquila e segura. Agora, considero que, independentemente dos resultados dos testes, as pessoas ainda não estão completamente à vontade. Há repercussões. Por exemplo, a sala dos professores ainda continua quase vazia, quando antigamente, nos intervalos grandes a sala estava cheia. Isto é mau para uma escola, porque ainda vai ser necessário dar a volta a esta situação. Ainda hoje, encontrei uma série de pessoas que eram professores e que ainda não os conhecia e para mim, é muito mau, porque sempre conheci o meu corpo docente. Este agrupamento tem 230\240 professores. Antes da pandemia conhecia todos, inclusivamente o grupo de recrutamento, isto porque nos intervalos ia à sala dos professores e eles estavam sempre lá. Mas sim, ainda há algum medo.

Diria então que este afastamento que o Covid causou entre as pessoas é o que mais a preocupa neste momento, apesar do regresso ter sido mais tranquilo?

Sim. Nota-se o afastamento entre as pessoas, nota-se o medo, que não deixa de ser legítimo, mas que acaba por haver mais isolamento, sobretudo nos alunos. Temos que ter a noção de uma coisa, os meninos que estão aqui com 12 ou 13 anos que estão no sétimo ano de escolaridade, foram meninos que passaram o 2º ciclo, ou seja, dois anos, sempre em casa. Sozinhos. As atividades que temos vindo a desenvolver como a atividade Lunar é uma forma de combater esta solidão. Por exemplo, a constituição dos grupos foi realizada de forma aleatória. Os meninos chegavam, faziam o check-in e nesse momento era entregue uma ficha aleatória e de acordo a cor da ficha, era constituído o grupo. Isto fez com que as equipas fossem constituídas por pessoas que eles não conhecem. Isto é fundamental para eles socializarem. Como é obvio este tipo de atividades eram impossíveis de serem realizadas em tempos de pandemia. Na minha opinião, considero que pouco a pouco, de forma lenta, as coisas vão recompor-se.

Nuno Santos- Diretor da Escola Secundária de Rio Tinto

Nuno Santos

Há sensivelmente três meses, assumiu a direção desta escola, assim pergunto-lhe como é que foi esta passagem de testemunho? Era aquilo que estava a imaginar ou alguma coisa o surpreendeu?

Não, é o que estava a imaginar, mas a dificuldade tem sido lidar com aspetos novos, particulares do agrupamento. Muitas situações que não foram passadas em termos de serviço, das quais nós vamos recebendo informação todos os dias. Além da gestão de preparação, de programação, de orientação, há sempre muitas situações que nos são alheias enquanto docentes e dos quais nós temos que tomar uma decisão todos os dias, enquanto diretores ou elementos da direção. Mas tenho lidado bem e considero que as pessoas têm sentido que há uma maior oscultação, há um acompanhamento mais próximo, há uma participação de todos e também tenho sentido essa reciprocidade por parte dos alunos.

Está a ser um inicio de ano tranquilo?

Sim. O trabalho que há é sobre os elementos da direção, mas sei que, por indicação de professores e não professores, o ambiente está calmo. O ano começou calmamente, de forma bem orientada e o apoio que tenho sentido dos coordenadores e dos sub coordenadores, também tem garantido essa paz, essa calma, dentro do ambiente escolar.

A equipa que escolheu para o apoiar nos próximos quatro anos?

 

Sim. Foram elementos escolhidos por mim, porque sempre os vi e considerei-os capazes de concretizar o meu projeto para o agrupamento. São elementos que me vão ajudar, contribuindo logicamente com as suas opiniões. Mas essencialmente são elementos que me vão ajudar a construir o meu projeto no agrupamento.

Em suma, o diretor e a sua equipa acreditam que os próximos quatro anos vão ser anos relativamente tranquilos?

Vão ser tranquilos, com uma mudança gradual. Vamos tentar que um dos objetivos seja a simplificação dos processos, a minimização do papel, não quer dizer que não haja registo, mas pretendemos minimizar o papel, pretendemos evitar a dispersão de informação ou a concentração de informação, e sobretudo pretendemos trabalhar o apoio ao docente.

Qual foi a primeira medida que tomou no primeiro dia que chegou à escola, enquanto diretor?

Arrumar o gabinete da direção (risos). A minha tomada de posse foi em isolamento e dez dias depois de ter iniciado o serviço regressei à escola e por isso, a escola já estava a trabalhar, assim como os meus colegas. Mas presencialmente, foi comunicar como gostaria que funcionasse fisicamente o espaço da direção. Logicamente os assuntos pendentes foram resolvidos nos dias em casa. No entanto, o ato que considerei mais importante foi a assinatura do contrato inter-administrativo com o Município, porque foi uma decisão adiada pela diretora anterior, Luísa Pereira, durante um ano e tal.

Porque é que foi adiado?

Porque sentiu que haveria muitos constrangimentos com a passagem do orçamento e da verbas de receita própria pelo Município. Portanto, é uma questão legal, imposta por um despacho normativo e não havia nada a fazer. Nós éramos a única escola do concelho de Gondomar que não tinha o contrato assinado. Isto tem reflexos no orçamento. Nós vivíamos com um orçamento de duodécimos. Do orçamento de estado, a verba passou a ser transferida para o Município e por sua vez, o Município é que transfere para as escolas, sem a assinatura feita, a escola não recebia essa verba do Ministério.

Como é que está a ser até ao momento esta retoma, ainda em tempos de pandemia? Considera que foi um início de aulas tranquilo para a comunidade escolar?

Foi uma abertura a medo, depois de um período de férias longo. Foi sempre feita a indicação de que vamos manter as medidas que já existiam no ano passado. Nós sabíamos pela Comunicação Social -porque isso é mais facilmente vinculado pela Comunicação Social do que pelas Escolas ou pelo próprio Ministério- que o recinto escolar é imenso e eles fora do recinto poderiam andar sem máscara desde que mantivessem a distância. Muitas vezes, eles não conseguem manter esse distanciamento e andam sem máscara. A maior parte dos alunos do ensino secundário já estão vacinados, por isso também há uma propensão menor à propagação de casos, mas dentro das salas de aulas, também por inerência a um aumento de matriculas que tivemos este ano -tivemos um aumento de alunos na sala de aula- nós apelamos sempre aos professores e aos alunos, a manterem as regras de uso de máscara, a desinfeção do local e a não partilha de material. Estas questões foram sempre abordadas e vão sendo mantidas, mesmo para uma questão futura, não digo a máscara, mas sim a não partilha do material, porque a facilidade que tínhamos na partilha de material uns com os outros, acho que vai acabar...

Sente que depois de um ano muito complexo, os alunos já vai relaxando um pouco?

 

Não. Nós testamos os alunos do Secundário e dos 1050 alunos testados, tivemos um caso positivo, o que é muito bom. Quanto ao caso positivo, agimos de imediato, conforme as indicação da DGS, assim realizamos o isolamento dos alunos que tinham tido contacto de risco e comunicamos as famílias. Como não somos nós que decidimos qual o procedimento, contactamos o delegado de saúde e foi ele quem proferiu a decisão. Depois, houve uma contra análise, esse caso manteve-se positivo e os restantes colegas que foram analisados deram negativo voltaram à escola. Estas situações são tratadas diretamente pela Delegação de Saúde e nós apenas temos que reportar na plataforma, o que é bom. Sentimos que há algum receio, mas também uma inconsequência nos atos dos alunos. Eles praticam muitos atos que não percebem a consequência que os mesmos podem causar, e depois isso pode desencadear outras situações. Neste caso positivo o que aconteceu foi que os alunos foram lanchar todos juntos, sem máscara e um deles estava positivo e logicamente os outros poderiam ter sido todos infetados, mas por acaso não foram.

Vai ser um diretor com a porta do gabinete aberta?

Porta do gabinete aberta, com auscultação permanente. Lógico que não vai estar sempre aberta, porque as pessoas também precisam de compreender que nós temos serviços internos da direção que temos que realizar. Começando o ano com alguma normalidade e alguma regularidade, mais para à frente às pessoas não vão ter tanta necessidade de apoio. Por isso, nós vamos fazer o nosso trabalho interno durante a hora de almoço, ou seja, entre às 11h e às 15h. Assim, o gabinete da direção estará fechado para que nós consigamos produzir o trabalho interno. Portanto, isto é necessário para que a direção possa realizar o seu trabalho em prol do Agrupamento.

Só para terminarmos, solicito uma mensagem ou apelo que queira deixar à sua comunidade escolar, neste inicio de ano letivo?

Quero desejar a todos um bom ano e dizer que, há algumas mudanças que vão sendo implementadas e consolidadas e que acredito que vão ser bem recebidas pela comunidade (alunos e professores), mas temos a intenção de fazer mais. Distinguir mais o Agrupamento nº3 de Rio Tinto, na sua especificidade, na sua vanguarda, na sua diferenciação e também sobretudo, na felicidade que os alunos terão em apreender de forma diferente. É um investimento grande e as prioridades estabelecidas por mim passam por consolidar a implementação do nosso plano de inovação, corrigir algumas práticas que estavam a ser menos bem implementas. Temos que voltar a falar de assuntos como a poluição aos alunos do secundário, porque é um conteúdo que abordamos apenas aos meninos da pré-escolar e do primeiro ciclo e hoje, nós assistimos que os jovens têm pouca consciência do problema ambiental que é o lixo. Nos escolas, estamos limitados em termos de consumo de produtos de bar. Estamos à procura de oferta mais diversificada, sobretudo da fruta e uma questão que me preocupa muito são as embalagens, o plástico. Todo o nosso pão é embalado não em plástico, mas em papel, e a fruta, nesta fase experimental, vamos optar por vender fruta tratada, fruta cortada, ou seja, salada de fruta, previamente pronta, que virá nesta fase inicial em embalagem de plástico, porque é uma fase experimental. Numa fase seguinte, se for para implementar, ou seja, se estiver a surtir sucesso, vamos implementar em embalagem de papel.

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