
O dia 5 de fevereiro de 2021, é um dia que ficará como sinónimo de esperança para a população do concelho de Gondomar, dado que começaram a ser administradas as primeiras vacinas na população. Após meses de pandemia a vacina trouxe aos gondomarenses a expectativa que tudo irá ficar realmente bem. Hoje, fomos acompanhar de perto todo o processo para perceber como estava organizado o plano de vacinação a decorrer no Multiusos de Gondomar.
A diretora da ACES de Gondomar, Cristina Pascoal, começa por adiantar-nos que para esta primeira fase “nós temos elegíveis, cerca de 13 mil pessoas. Portanto, gostaríamos até ao final de março conseguir vacinar essas 13 mil pessoas. Claro que, este agendamento depende das vacinas que forem chegando a nível nacional e que nos serão atribuídas”, a responsável ainda revela que para o Município já foram disponibilizadas cerca de 2 mil doses de vacina.
Nos dois primeiros dias de vacinação foram vacinadas cerca de 96 pessoas com mais de 80 anos ou com mais de 50 anos com patologias associadas. O agendamento da vacinação em Gondomar é da responsabilidade da ACES e está a ser realizada por marcação prévia via telefónica com cada utente. No local observamos um planeamento minucioso, onde a equipa técnica da Câmara Municipal de Gondomar e os profissionais de saúde trabalham em harmonia para proporcionar as melhores condições de segurança e conforto para os pacientes que por lá passam. A responsável da ACES acrescenta ainda que as “marcações foram realizadas de dez em dez minutos e tem corrido muito bem, as pessoas tem chegado a horas e têm cumprido.”
À chegada deparamo-nos com a equipa técnica da autarquia, onde encontramos Paula Fortuna que é quem faz o check-In e controla a temperatura. A colabora começa por explicar que toda a equipa técnica está dividida por funções, “eu estou aqui na entrada a medir a temperatura e a dar baixa do nome das pessoas com a hora marcada. Encaminho os utentes para a receção, para as médicas realizarem o questionário aos utentes e depois os meus outros colegas encaminham o paciente desde a receção até à vacinação. Enquanto outros colegas desinfetam todas as cadeiras e acompanham para a sala de recobro outros utentes”.
Ao chegar à receção deparámo-nos com Raquel Moreira e Catarina Sousa, médicas com responsabilidade de realizar o registo dos utentes e o controlo do estado de saúde dos mesmos, dado que é necessário saber se o paciente está completamente apto para tomar a vacina.
Após o primeiro controlo, um funcionário da autarquia acompanha o utente até à boxe onde se irá proceder o ato de vacinação. No local, encontram-se oito boxes, onde nestes dois primeiros dias de teste, apenas uma está a funcionar. Ao chegar ao local da vacinação, encontra-se a enfermeira chefe Maribel Santos, que nos explica todo o processo de vacinação. “Toda esta equipa está alocada para a vacinação, está preparada para administrar a vacina e sabe fazer os registos. Estamos todos habilitados para fazer este tipo de procedimento. Como é óbvio isto é um processo dinâmico que vamos ajustando. Neste momento, estamos como experiência piloto, ontem e hoje, só tivemos 48 utentes a serem vacinados, o objetivo será chegarmos até aos 250 por dia”. Maribel continua a explicar que “quando chegarmos aos 250 por dia, vamos ter que ajustar aqui alguns pormenores, em termos das boxes que estão programadas”.
Passando para a parte prática da vacinação, Maribel explica-nos o processo de preparação da vacina que após serem descongeladas “têm 120 horas para serem administradas, ou seja, aproximadamente cinco dias. As vacinas chegam a nós e estão refrigeradas dos 2 aos 8 graus e têm de ser mantidas assim. Ao longo destes cinco dias, programamos a vacinação. Durante o tempo que estão connosco, tem que estar a essas temperaturas, mas após fazermos a seringação, temos duas horas para as administrar, depois delas estarem preparadas, não se pode transportar, por isso temos que administra-las no local onde as preparamos”.
A responsável revela ainda que as doses encontram-se armazenadas no Centro de Saúde e que todos os dias de manhã são transportadas para o Multiusos, porque o pavilhão não possui gerador e não dá a garantia que a luz não vá abaixo “portanto ficam no Centro de Saúde armazenadas. Assim, cada frasco tem seis doses e hoje, transportamos oito frascos para os 48 utentes que iremos vacinar ao longo da manhã”. Segundo a responsável até ao momento o processo tem corrido bem e sem incidentes.
Maribel explica-nos ainda que é no momento do registo que o enfermeiro responsável está encarregue de marcar “o lote e o local onde foi administrado a primeira dose, se teve ou não reação aparente nos primeiros 30 minutos e fica em aberto o agendamento a partir do dia 27, porque a segunda dose tem que ser administrada 21 dias depois, posteriormente a partir do vigésimo primeiro dia, nós temos até ao quadragésimo oitavo para marcar a segunda dose, que vai depender da quantidade de vacinas disponibilizadas”. Após a vacinação ser realizada é fornecido ao paciente um cartão pessoal onde consta a identificação da dose e a data próxima vacinação.
Na perspetiva da enfermeira Aldina Alves, “os dois primeiros dias têm corrido bem. As pessoas têm-se mostrado muito compreensivas, muito contentes e outras com medo”, para a enfermeira o seu papel passa também por “desmistificar e de explicar que tem de manter todos os cuidados de higiene que tiveram até hoje, porque apesar da primeira vacina já ter sido administrada, os cuidados não podem ser descurados”.
De seguida ao sair das boxes, o paciente é encaminhado por um colaborador da equipa técnica para a sala de recobro. Os utentes permanecem nesta sala por 30 minutos, após tomada a vacina. No local encontram-se profissionais de saúde que estão encarregues de observar se algum paciente demonstra efeitos secundários. O local está devidamente equipado com todos os utensílios de emergência necessários, caso aconteça alguma situação inesperada.
Para a diretora do ACES de Gondomar, estes dois dias têm corrido conforme planeado e todo este mérito deve-se ao trabalho que tem vindo a ser preparado ao longo das últimas semanas, “um trabalho verdadeiramente de equipa, entre a Câmara Municipal e a ACES de Gondomar”. A responsável explica que a “Câmara forneceu tudo o que é estruturas físicas, porque não tínhamos capacidade suficiente de conseguir nas instalações do ACES , receber tanta gente ao mesmo tempo. Assim, temos os espaços físicos da Câmara e a autarquia disponibilizou ainda toda a parte informática para que nós conseguíssemos aceder aos nossos registos online em tempo real. Os Assistentes Operacionais da Câmara têm sido incansáveis no que diz respeito à orientação dos utentes. Do nosso lado do ACES de Gondomar, temos as equipas de médicos e enfermeiros que vão sendo alocados em número, de acordo com os utentes que temos programados para esse dia”.
A diretora sublinha ainda que os profissionais de saúde estão preparados para fazer turnos de “manhã e de tarde, ao sábado e ao domingo, temos equipas já pensadas para todos os cenários possíveis”, no entanto explica que o número de operacionais será conforme o número de vacinas disponibilizadas para o concelho, dado que as mesmas tem sido entregues “faseadamente. Portanto, se vier vacinas em número, podemos alargar as equipas para estes dias todos, se vierem em menos quantidade, nós vamos ajustando o número de profissionais, mediante o número de doses e o número de pessoas.”
Cristina Pascoal constata ainda que: “ontem foi para nós profissionais e para a autarquia, nomeadamente para o Presidente da Câmara, um dia muito especial porque sentiu-se mesmo este ambiente de esperança e de alívio, foi um dia muito bom, porque sentimos que esta vacinação é algo que temos de palpável para podermos dar resposta e combater esta pandemia. Porque, de facto os últimos meses foram muito difíceis para todos os profissionais envolvidos, porque além de sermos profissionais, somos pessoas e tivemos também alguns colegas infetados e isso deu muita luta e teve de ser um ajuste diário. Por isso, é que nós estamos completamente disponíveis para alargar estas equipas, venham as vacinas e nós alocamos recursos para que com esta nós consigamos ter algo para realmente, proteger as pessoas.”